Por William Araújo
Hoje (22) é comemorado o Dia Mundial da Água. Apesar de ser um recurso vital, poucas pessoas conhecem os fluxos hidrográficos das regiões onde moram tão bem quanto conhecem o trânsito. Por isso, fazemos a pergunta:
O bairro faz parte de uma sub bacia hidrográfica do Rio Arrudas chamada de Cercadinho. Nesta área, composta pelos bairros Olhos D’água, Belvedere, Palmeiras, Marajó, Havaí, Estoril e Buritis, existem várias nascentes que, pela declividade do terreno, somam águas ao córrego Cercadinho, que dá nome à sub bacia.
A maior parte das fontes da sub bacia do Cercadinho estão presentes nos bairros Olhos D’água e Buritis, onde são abrigadas pelo parque Aggeo Pio Sobrinho (segundo de Belo Horizonte em extensão).
Quando estes fluxos saem do parque, encontram a urbanização acelerada à qual o bairro foi submetido e acabam servindo para o transporte de dejetos. Os veios d’água do braço oeste passam por debaixo da avenida Professor Mário Werneck, seguem pela rua Henrique Badaró Portugal e caem, mais à frente, em uma ocupação urbana desordenada.
Eles seguem a céu aberto, atravessam a avenida Raul Mourão Guimarães, descem pela rua Henrique Badaró e encontram o braço leste da sub bacia próximo à avenida Arcésio Rodrigues com rua Luiz Cosme.
O braço leste da sub bacia começa perto da rodovia BR 040/356, segue paralelamente em direção à avenida Raja Gabáglia, próximo ao trevo, em seguida faz uma curva e desce até a avenida Engenheiro Carlos Goulart (em frente ao Centro de Operações da Prefeitura de Belo Horizonte). O fluxo d’água continua descendo, perpassa a avenida Professor Mário Werneck, escoa ao lado da rua Heitor Menin e encontra novas ocupações urbanas – voltando a ficar a céu aberto.
Ambos braços se unem em um único curso que passa pelos bairros Marajó e Havaí, quebrando barreiras até atravessar a rua Úrsula Paulino e chegar no Rio Arrudas.
A sub bacia do Cercadinho, de acordo com o Projeto Manuelzão, da UFMG, já foi o principal manancial da cidade de Belo Horizonte, possuindo 12,6 Km² de área de drenagem.
Em análises das águas da sub bacia feitas pelo laboratório de Microbiologia Geral do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS), do Centro Universitário de Belo Horizonte – UniBH -, foram detectados elevados índices de contaminação por coliformes termotolerantes. Estas avaliações indicaram que a água presente na bacia é imprópria para o banho e consumo, sendo constantemente agredida pelo lançamento clandestino de resíduos.
Segundo o estudo, que é de 2012, a sub bacia necessita
“de captação e redirecionamento dos efluentes mencionados à rede de esgotos municipal, para tratamento, e o desenvolvimento de políticas públicas e trabalhos de educação ambiental que visem o monitoramento, recuperação e preservação do córrego e de suas margens”, (MERLLO, Juliane; STROPPA, Cibele).
Além desses fatores, o Projeto Manuelzão cita desafios como a revegetação da área de entorno, coibição da especulação imobiliária na região, participação da comunidade na recuperação da sub bacia e extinção do lançamento clandestino de dejetos.
A Copasa é, atualmente, a responsável pela captação do fluxo e sua canalização.
No Programa de Estruturação Viária de Belo Horizonte (VIURBS), de 2008, a rua Henrique Badaró Portugal consta como via a ser sanitizada e completada. O valor da obra foi orçado em R$13.198.466, mas nada foi feito até então.
Na semana passada, a regional Oeste fez uma limpeza no leito do córrego. Em meados de fevereiro houve um deslizamento de terra na região – fato ocorrido por causa do desgaste de uma canalização de esgoto da Copasa. Antes disso, porém, foram poucos os registros sobre atuação de órgãos públicos.
Veja abaixo o vídeo sobre o deslizamento.
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