Por Arthur Scafutto
Conhecido como o mês de prevenção ao suicídio, setembro mobiliza pessoas e artistas a falarem sobre o assunto que é visto como tabu na sociedade. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio pode ser evitado em 90% dos casos quando tem o acompanhamento profissional adequado.
No mundo, o suicídio faz uma vítima a cada 40 segundos. Apontado como consequência da depressão, o autocídio é comum entre pessoas de 15 e 29 anos, acabando com mais de 800 mil vidas por ano.
Além dos jovens, a prática suicida também é aparece em grupos propensos à discriminação – gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, negros, obesos, imigrantes e refugiados e, até mesmo, indígenas. Entretanto, ainda é notável a falta de tato que muitos familiares têm para falar do assunto.
O suicídio afeta diretamente a estabilidade mental e emocional dos envolvidos com a vítima, desencadeando, ainda, mais atos autodestrutivos. Com o surgimento da internet e da web, familiares de pessoas com tendências suicidas podem se informar melhor e usar isso ao seu favor.
Embora o ato do suicídio não esteja necessariamente ligado a algum transtorno mental, pode ser desencadeado em momentos de crise, desestabilidade emocional repentina, tragédias familiares, entre outros fatores.
Segundo a docente do curso de psicologia do Unibh, Fernanda Maria Franco, o suicídio pode ser evitado pelo fato de 90% dos casos estarem ligados a algum transtorno mental.
“Por outro lado, não são todas as pessoas que apresentam um transtorno mental que acabam por tentar suicídio. Assim, precisamos acabar com o estigma de que toda pessoa deprimida vai se matar. Ou acreditar que só quem está deprimido tenta se matar. Fatores sociais, como desempego, problemas familiares e de relacionamento, preconceito de gênero ou orientação sexual podem impulsionar o ato“, diz a especialista.
“Falar sobre o suicídio é muito importante para preveni-lo. Há um tabu muito grande e uma ideia de que, se ele for discutido, o número de casos aumentará. A verdade é que o número de casos, mesmo com todo esse tabu, nunca diminuiu. Acima de tudo, é necessário que as pessoas tenham uma postura empática umas com as outras. Respeitar os outros, e a dor dos outros, é essencial para prevenir o suicídio, é essencial para a vida.”
Segundo o Ministério da Saúde, a taxa de atentados contra a própria vida aumentou 27,2 % desde 1980 até 2014. Um número que, quando posto em linhas exatas, representa a morte por suicídio de 5,1 a cada 100 mil habitantes brasileiros.
De acordo com pesquisa do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), feita pelo Ministério da Saúde em 2013, Minas Gerais alcança a 15ª colocação no que se diz respeito aos suicídios. Veja o gráfico com os dados de cada região de MG:
Para mais informações sobre a pesquisa, acesse o link: http://www.deepask.com.br/goes?page=Veja-ranking-de-estados-pelo-numero-de-suicidios-no-Brasil
A série original da Netflix, exibida pela primeira vez em 31 de março de 2017, gerou polêmica por abordar o suicídio como tema principal. Baseada no best-seller de Jay Asher, publicado em 2007, a série ganhou adaptação pela produção de Selena Gomes e repercutiu em várias campanhas contra o autocídio.
A história gira em torno do protagonista Clay Jensen (Dylan Minette), um jovem estudante que encontra uma caixa com várias fitas cassetes na porta de sua casa, gravadas por sua amiga que se suicidou, Hannah Baker (Katherine Langford). Hannah conta em cada fita um porquê do que a levou a tirar a própria vida, apontando várias pessoas, às quais, na visão dela, desencadearam a tragédia.
Muitos especialistas disseram que foi irresponsável a produtora mostrar tantas cenas explícitas de opressã e autodestruição da vida, já que a OMS prega que a grande mídia deve evitar expor gatilhos suicidas.
A morte do vocalista da banda Linkin Park, em 20 de julho de 2017, também foi algo que gerou discussão sobre o tema suicídio. Chester sofria de depressão profunda e declarava ter sido abusado sexualmente na infância. Especialistas dizem que Chester demonstrava sua frustração, originada pela doença, em todas as composições que fizeram sucesso nos anos 2000.
Após ser encontrado morto por enforcamento, a banda transformou o site oficial do grupo em uma página em prol da prevenção ao suicídio e da valorização da vida.
Chester Bennington deixou seis filhos, esposa, amigos e uma legião de fãs ao redor do mundo.
Para aqueles que precisam de ajuda especializada, o Centro de Valorização à Vida (CVV) disponibiliza serviços 24h via telefone, por meio do número 141, e online no link: https://www.cvv.org.br/
O Setembro Amarelo é uma iniciativa da Associação Brasileira de Psiquiatria em parceria com a Associação Médica Brasileira, o Conselho Federal de Medicina, a Federação Nacional dos Médicos, a Sociedade Brasileira de Neuropsicologia, a Cruz Vermelha, o Centro de Valorização da Vida, o Exército Brasileiro e o Ministério Público de São Paulo.
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