Em virtude da pandemia do novo coronavírus (COVID-19), muitas atividades estão paralisadas. Uma delas é o trabalho dos catadores de recicláveis, suspenso há dois meses. “Essa medida foi adotada pela Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), que adotou medidas extraordinárias para garantir a proteção da saúde pública e o cuidado com aqueles que precisam trabalhar no recolhimento de resíduos,” diz a assessoria de da SLU.
Com a interrupção, as cooperativas de catadores de materiais recicláveis foram fortemente atingidas. Entre elas está a COOPEMAR, da Região Oeste de Belo Horizonte. Segundo Maria das Graças Silveira de Britto, coordenadora da COOPEMAR Oeste, essa paralisação afeta diretamente na renda das famílias que fazem parte da cooperativa.
“Hoje, temos 43 colaboradores que dependem do trabalho para ajudar suas famílias. Com a medida, os trabalhos estão suspensos por tempo indeterminado. Não tendo outra renda para ajudar nas dívidas, as famílias estão desesperadas, pois muitas delas precisam pagar o aluguel.”
Ciente desse impacto, a assessoria da SLU afirma que “a Prefeitura de Belo Horizonte está distribuindo cestas básicas aos trabalhadores de materiais recicláveis de seis cooperativas ou associações desde do dia 9 de abril”. Além dessa ajuda, “os trabalhadores também estão recebendo cestas básicas da Associação do Bairro Buritis”, completa Maria das Graças Silveira.
As famílias também contam com a ajuda do governo por meio da liberação do auxílio emergencial, com valores que vão de R$600 a R$1.200 por família.
Apesar da contribuição da prefeitura e da comunidade, os catadores ainda travam uma luta pelos seus direitos junto ao Governo Estadual. Os repasses do programa Bolsa Reciclável estão atrasados desde 2017, somando uma dívida de quase R$ 6 bilhões com os catadores de recicláveis.
Antes da paralisação, segundo a assessoria da SLU, a cidade recolhia, mensalmente, 608 toneladas de recicláveis, como papel, metal, plástico e vidro. Dessas 608 toneladas, 138 vinham dos Pontos Verdes e 470 eram provenientes da coleta porta a porta. “O material reciclável é triado na Central de Tratamento de Resíduos Macaúbas, em Sabará, e destinado às cooperativas e associações de catadores, 67 toneladas por mês”, completa a assessoria da SLU.
Com a paralisação dos catadores, “a recomendação, no momento, é que os recicláveis (papel, metal, plástico e vidro) sejam descartados na coleta domiciliar de resíduos comuns, nos dias e horários estabelecidos para o recolhimento em cada região.
Portanto, tudo está sendo encaminhado ao aterro sanitário, não podendo haver o aproveitamento desses materiais na reciclagem até que a pandemia do novo coronavírus esteja controlada. Dessa forma, “não existindo o armazenamento desses resíduos em casa, nem a coleta específica dos recicláveis, não é possível determinar a quantidade desses materiais”, reconhece a Superintendência de Limpeza Urbana.
O recolhimento do material reciclável no Buritis teve início em 2007, com os chamados Pontos Verdes, no intuito de serem ágeis e eficientes. Os Pontos Verdes substituem os antigos pontos da Entrega Voluntária de Recicláveis (LEVEs).
“Antes da pandemia, os recicláveis eram encaminhados a sete galpões das seis associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis, integrantes do Fórum Municipal Lixo e Cidadania de Belo Horizonte”, conta a assessoria da SLU.
Além dos catadores vinculados a associações e cooperativas, a cidade de Belo Horizonte testemunha o trabalho dos catadores informais, também afetados pela pandemia do novo coronavírus.
Com a redução da circulação das pessoas e o fechamento do comércio, a quantidade de lixo reciclável, passível de ser reutilizado pelos trabalhadores informais, também diminuiu. A aposentada Maria da Conceição, de 59 anos, trabalha com garrafas pets, usadas na fabricação de puffs.
“Antes da pandemia eu chegava a recolher até 200 garrafas em uma semana, recolhendo do lixo da pizzaria em que trabalho com faxina. Como eles estão fechados, não consigo pegar nem 50 garrafas por semana”, lamenta Maria da Conceição.
De acordo com a assessoria da SLU, há uma preocupação especial com os catadores informais, pois, ao não estabelecer vínculos com a parceria entre PBH, cooperativas e associações credenciadas, “muitos deles não têm conhecimento dos cuidados que devem ter para recolher os materiais, com risco de contaminação maior”.
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