Por Alexandre Santos
Você já imaginou como ficaria a cidade sem o serviço prestado pelos trabalhadores de limpeza urbana? O trabalho da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) de Belo Horizonte vai muito além de deixar a cidade mais bonita, mas está diretamente ligado à saúde pública e à preservação ambiental do município. Dentre as atividades executadas pelo órgão, criado em 1973, destaca-se a coleta domiciliar e o aterramento dos resíduos, varrição, capina, coleta seletiva e reciclagem.
O material reciclável coletado é destinado para cooperativas, que também têm a missão de coletar e filtrar essas substâncias no município. A Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis (COOPEMAR), que atualmente conta com 37 colaboradores, é o órgão responsável por fornecer esse serviço em toda a Região Oeste de Belo Horizonte.
Seis meses após o retorno da cooperativa, que inicialmente teve sua atividade interrompida em decorrência da Covid-19, a coordenadora da COOPEMAR, Maria das Graças, relata que a rotina de trabalho segue dentro da normalidade, mas seguindo alguns protocolos de segurança. “O protocolo exige que o colaborador use máscara, lave as mãos com água e sabão e faça uso constante de álcool em gel, além de aguardar pelo menos sete dias para trabalhar com o material. Este protocolo de segurança é exigido por contrato”, elucida.
Maria explica que, devido à pandemia, os processos de trabalho na COOPEMAR mudaram e estão mais rígidos. Além de todos os trabalhadores terem feito um curso preparatório antes de retornar, agora, quando um material é coletado, os colaboradores jogam um produto chamado hipoclorito de sódio, que serve para desinfecção de superfícies. Só depois disso o material recolhido é transportado para o galpão onde o produto é novamente jogado sobre os objetos que ficam protegidos por lona durante sete dias. Os coletores só trabalham efetivamente com o material após esse período.
Sobre a greve iniciada pelos coletores de lixo, para ter preferência na fila de vacinação contra o coronavírus, a coordenadora relata que ainda não obtiveram nenhuma resposta da Prefeitura de Belo Horizonte. “A gente espera que a Prefeitura de Belo Horizonte possa vacinar todos os catadores e os agentes sanitários que mexem com a coleta seletiva”, pondera.
Maria ressalta que, apesar de nenhum colaborador da COOPEMAR ter testado positivo para o vírus, a vacinação é fundamental, uma vez que lidam com substâncias descartadas e o risco de uma possível contaminação é iminente.
“A cooperativa nunca teve ninguém que contraiu covid pelo material reciclável, mas a gente fica aguardando, porque mexemos com um material que uma hora ou outra pode vir a nos contaminar”, encerra.
NA LINHA DE FRENTE
O papel dos trabalhadores de limpeza é fundamental no combate ao coronavírus, até porque são eles os responsáveis, não só por coletar o lixo domiciliar, mas também de hospitais, clínicas e postos de saúde. Segundo um estudo publicado em maio pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (ABES), o número de trabalhadores de limpeza urbana contaminados pela Covid-19 é cinco vezes maior que o restante da população.
O número de trabalhadores da limpeza de hospitais públicos também é preocupante. Segundo dados divulgados na última sexta-feira pelo Boletim Epidemiológico e Assistencial de Belo Horizonte, 43 funcionários testaram positivo para Covid-19, quatro trabalhadores da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), sete da Rede Complementar, dois da Unidade de Apoio Terapêutico e três trabalhadores da Unidade de Gestão, totalizando 61 infectados na capital mineira.
Uma pesquisa divulgada pelo Painel Nacional de Amostragem de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que os empregados domésticos, faxineiros e demais profissionais de limpeza domiciliar representam 9% dos contaminados pelo coronavírus, ficando abaixo somente dos profissionais de saúde.
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