Sedentarismo pós-pandemia: quais as consequências e como reverter?

Por Manuela Lins

O período de pandemia trouxe muitas mudanças e adaptações no dia a dia de todos ao redor do mundo. Com o isolamento social, pessoas deixaram de viver o seu cotidiano para se protegerem do vírus que vinha se espalhando de maneira rápida e perigosa.  Uma das principais consequências de tudo isso foi o sedentarismo. 

Foto: Freepik

Segundo o Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia (Covitel) em parceria com a Universidade Federal de Pelotas, mesmo com o fim do lockdown, o nível de inatividade física aumentou 40,6%. O estudo também mostra que, antes da pandemia, 38,6% dos brasileiros diziam praticar mais de 150 minutos de atividade física por semana e, ainda no primeiro trimestre de 2022, esse número caiu para 30,3%.

Mesmo antes da pandemia, no ano de 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já situava o Brasil como o primeiro país mais sedentário da América Latina e o quinto no cenário mundial, com 46% da população sedentária. Com o aumento do número de indivíduos inativos fisicamente, vêm o agravamento e até mesmo o surgimento de inúmeras doenças em todas as faixas etárias. 

De acordo com Vanessa Sardinha dos Santos, professora de biologia, o sedentarismo é considerado fator de risco para problemas como diabetes tipo II, hipertensão, osteoporose e até mesmo alguns tipos de câncer, como o câncer de cólon e o câncer de mama. Além disso, a inatividade física também está diretamente relacionada à obesidade, depressão, transtornos de ansiedade e até mesmo com a qualidade do sono.

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Rafael Maia, morador da região oeste de Belo Horizonte, relata como a pandemia interferiu em sua rotina de exercícios. “Eu mantinha uma rotina de exercícios físicos, ia para a academia todos os dias”. 

Segundo o jovem de 19 anos, o principal motivo de sua inatividade física durante a pandemia foi realmente o isolamento social. Ele também diz que ainda não conseguiu retornar à sua rotina de antes pela perda de costume. “O sedentarismo tirou um hábito bom que eu tinha, me sinto muito melhor praticando exercícios, principalmente em relação à minha saúde mental”, reforçou o estudante . 

A prática regular de exercícios físicos, além de trazer inúmeros benefícios para a saúde do corpo, impacta diretamente na manutenção da saúde mental e na melhora da capacidade cognitiva. De acordo com o Instituto de Psiquiatria do Paraná (IPPr):

“Uma revisão bibliográfica feita na Medical University of South Carolina no ano de 2011, mostra que há uma grande quantidade de estudos que conectam a atividade física à melhora de sintomas depressivos e ansiosos. Além disso, os exercícios também estão ligados a uma melhora na saúde física, sensação de satisfação, funcionamento cognitivo e bem estar psicológico”.

Maria Cecília Mourão, graduada e, atualmente, mestranda em educação física, acredita que as principais causas do excesso de sedentarismo durante a pandemia foram o excesso de trabalho em frente às telas de computadores e a falta de rotina. 

Para ela, a faixa etária mais atingida pelo sedentarismo foi a terceira idade, em virtude da falta de hábito de uso das redes sociais. “As redes foram um instrumento de fomento e de acesso às aulas online e às lives que promoviam momentos de práticas de exercícios físicos”, reitera.

Mesmo com o crescimento da taxa de sedentarismo, a profissional de educação física destaca o aumento da adesão de pessoas para os exercícios físicos, devido à grande oferta nas redes sociais. Para o retorno à prática de atividades físicas, Maria Cecília sugere: “primeiro de tudo, procurar algo que te agrade e ir voltando para a rotina de treino de forma gradativa, sempre com a orientação de um profissional de educação física”.

Foto: Freepik

Jornal Daqui BH

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