SAÚDE ALÉM DOS ALIMENTOS

Por Maria Clara Diniz

O número de casos do novo coronavírus em Belo Horizonte ultrapassou 5 mil no dia 28 de junho. Segundo o boletim epidemiológico publicado pela Prefeitura de Belo Horizonte, na quarta-feira, dia 17 de junho, a Região Oeste lidera com 37 bairros com moradores infectados. Reforçar as medidas de segurança é mais que necessário neste momento, e um dos tópicos importantes está nos processos de higienização dos alimentos.

Até chegar na casa do consumidor, os alimentos passam por uma longa viagem. A transportadora Smart Logística, sediada em Contagem, abastece os supermercados Verde Mar, EPA e Super Nosso do bairro Buritis. O coordenador de transporte, Ariston Soares, nos contou um pouco sobre os processos adotados pela empresa. “Aqui, todos os funcionários que podem trabalhar de home office, estão trabalhando. Infelizmente, parte do nosso time ainda precisa vir para a empresa. Como trabalhamos com mantimentos, precisamos continuar o abastecimento, em um ritmo até maior que o normal”, conta.

Caminhão abastecido com alimentos para distribuição em supermercados. Foto: Maria Clara Diniz.

“Os funcionários que se enquadram em grupos de risco foram afastados. Todo o restante da nossa equipe recebeu um kit com álcool em gel, máscaras de proteção e flanelas para a higienização dos equipamentos”, ressalta. “Já em respeito a cobrança da empresa perante aos processos de higienização dos caminhoneiros, que possuem um contato com a carga, nós realizamos a higienização dos caminhões toda noite, já na doca, antes do carregamento”, finaliza.

Ariston ainda nos conta que os caminhoneiros que utilizam as frotas da própria Smart divide o caminhão apenas com mais uma pessoa, sendo o ajudante necessário. “Além disso, nossos clientes também estão mobilizados no combate da Covid-19. Enviamos cerca de 400 frascos de álcool em gel para distribuição aos nossos colaboradores”, diz.

Por ser um trabalho considerado essencial, os caminhoneiros não podem parar. Responsável por fazer o abastecimento de diversos supermercados da Região Metropolitana de Belo Horizonte, incluindo grande parte das redes localizadas no bairro Buritis, o caminhoneiro Roney Vitória afirma que os processos de higienização são feitos diariamente no caminhão.

“Limpo a todo o momento os volantes e a parte interna da cabine com álcool em gel, e sempre higienizando também as mãos. Sempre que possível, também lavo o caminhão por fora e também dentro do baú. Faço meu melhor para evitar a propagação do vírus”, conta.

Segundo Roney, durante a entrega da carga nos supermercados, as medidas tomadas são as mesmas indicadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). “Todos estão trabalhando de máscara, adotando o distanciamento necessário, com álcool em gel em mãos e sem parar o serviço”. Ainda segundo o caminhoneiro, o maior desafio está sendo o número reduzido dos funcionários dos supermercados, que estão funcionando com escala reduzida e com algumas pessoas afastadas. “Apesar da dificuldade, está indo devagar, graças a Deus. Vamos torcer para passar isso logo”, ressaltou.

A HIGIENE DOS ALIMENTOS

Depois de chegar ao supermercado, os alimentos passam por mais uma última viagem… até as nossas casas. E é muito importante que, assim que chegarem, sejam higienizados de maneira correta, independente de todos os procedimentos adotados anteriormente.

Para a nutricionista Emanuelle Zibral, membro do Conselho Regional de Nutricionistas da 9ª Região de Minas Gerais, os cuidados com os alimentos sempre foram extremamente importantes, mesmo antes da pandemia.

“Como há evidências da sobrevivência do novo coronavírus nas superfícies como papelão e plástico, por 24 e 72 horas, respectivamente, é importante realizar a correta higienização, passando álcool 70% nas embalagens antes que guardá-las. Também pode ser feita, quando possível, a lavagem das embalagens com água e sabão. Quanto aos vegetais (frutas e hortaliças), é importante realizar a lavagem dos alimentos e deixá-los em imersão em uma solução de água com água sanitária por cerca de 15 a 30 minutos. É fundamental a leitura do rótulo da embalagem da água sanitária: lá estará descrito se aquele produto pode ser utilizado para higienização de alimentos, a diluição correta (normalmente 1 colher de sopa – 10 mL para 1 litro de água sanitária) e o tempo correto de imersão”, alertou.

Para Emanuelle, o maior mito criado sobre o novo coronavírus em respeito aos alimentos é que o vírus, de fato, é transmitido por meio dos alimentos. Porém, não existe nenhuma evidência científica que confirme essa transmissão. “Por ser um vírus novo, os estudos ainda estão em desenvolvimento e, por isso, as informações repassadas devem considerar os resultados obtidos em estudos científicos, evitando o acesso a informações indiscriminadas”.

Uma das medidas alternativas adotadas são os consumos via delivery. Apesar de ser considerado mais seguro, devemos também ficar atentos quanto aos cuidados necessários. Questionada sobre quais as medidas específicas a serem consideradas ao pedir um delivery, Emanuelle ressaltou: “nesse caso, os cuidados, além dos citados anteriormente, também devem considerar o uso de máscara pelo consumidor e pelo entregador, a lavagem das mãos após o pagamento, evitar, quando possível, que o entregador entre na casa. Caso for pedir comida pronta para consumo (marmitas, por exemplo), fazer a higienização da embalagem, transferi-la para outro recipiente e comer o mais breve possível”.

Os respaldos também devem ser adotados, com muita atenção, para os serviços de alimentação. “Todos (os serviços de alimentação) devem intensificar as ações de boas práticas de fabricação e manipulação de alimentos e evitar a disseminação do vírus entre os manipuladores de alimentos. Os estabelecimentos devem avaliar a necessidade de implementação de novas rotinas de higienização das matérias-primas recebidas, como lavagem e desinfecção de suas embalagens, acentuar os treinamentos de Boas Práticas de Fabricação com toda a equipe (lavagem frequente das mãos, higienização das superfícies), desenvolver estratégias que minimizem o contato do funcionário com outro funcionário e do funcionário com o cliente (proteção de vidro nos caixas, distanciamento de pelo menos 1 metro entre os funcionários, por exemplo)”.

SISTEMA IMUNOLÓGICO

Outra importante dica compartilhada pela nutricionista são os alimentos que ajudam a fortalecer nosso sistema imunológico. É importante salientar que a manutenção do sistema imunológico de uma pessoa está relacionada, além da alimentação adequada, com a qualidade do sono, a prática de atividades físicas e o estresse reduzido.

“Dessa forma, é importante que as pessoas durmam bem, mantenham níveis de estresse baixos, realizem atividades físicas moderadas ou intensas e tenham uma alimentação equilibrada. Além disso, os alimentos que normalmente auxiliam no fortalecimento do sistema imunológico são: alimentos ricos em vitamina C (goiaba, acerola, limão, laranja, vegetais de folhas verdes escuras); alimentos ricos em ômega 3 (abacate, azeite de oliva extravirgem e peixes, como sardinha); e alimentos antioxidantes (frutas, hortaliças e castanhas). A vitamina D também é uma importante aliada, porém, devemos esclarecer que essa vitamina é encontrada, por exemplo, em leite e ovos, em sua forma inativa. Para ser ativada é necessária a ação de raios ultravioletas, sendo importante a exposição ao sol, diariamente, por aproximadamente, 10 minutos”.

Uma dieta balanceada é fundamental para manter o bom estado de saúde de uma pessoa, bem como fortalecer o sistema imunológico, responsável pelo combate ao vírus. Além de todos esses cuidados, ainda segundo Emanuelle, é importante não fazer o uso indiscriminado de suplementos alimentares, opção adotada por muitos em casos de gripe.

“São necessárias a orientação e recomendação de um profissional nutricionista quanto a real necessidade de fazer uso do suplemento. Vitaminas e minerais em excesso podem ser tóxicos ao organismo, piorando o estado de saúde do indivíduo. O excesso de vitamina C, por exemplo, pode causar, a longo prazo, o desenvolvimento de cálculo renal (pedra nos rins)”, finaliza.

Fonte: Emanuelle Zibral. Elaboração: Maria Clara Diniz.

Jornal Daqui BH

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