Por Amanda Ferreira
Com a chegada do calor e o tempo seco, lá estão eles: os pernilongos, que roubam o sono de muitos. Outras visitas frequentes são os bichinhos de luz, que voam ao redor de lâmpadas, e até mesmo baratas nos quintais.
Durante todo o ano, esses bichos saem em busca de condições favoráveis para a sobrevivência, e é neste período que nossos lares ficam mais vulneráveis à invasão de pragas, que podem causar doenças e ameaças à saúde humana. Mas, quais fatores contribuem para este cenário? Como podemos nos proteger?
Isso acontece por diversos motivos. A necessidade de comer e reproduzir são grandes exemplos disso. Segundo o biólogo e membro titular da Academia Brasileira de Ciências, Geraldo Wilson Afonso Fernandes, é um evento natural moldado por processos de evolução de milhares de anos.
“O aparecimento de insetos e vários outros organismos nesse período do ano é devido a elevação na temperatura que ocasiona em chuvas, o que propicia o crescimento de plantas e vegetações. Com isso, os bichos são atraídos para se alimentar, polinizar as flores e dispersar os frutos. Por milhares de anos eles evoluíram e cresceram em conjunto quando esse recurso estava disponível,” pontua o professor.
Ainda segundo o biólogo, o aumento ou diminuição da população de insetos varia de acordo com a quantidade de alimento quem ela tem, ou da época de acasalamento.
“Por exemplo, o surgimento de “aleluias”, cupins, “alados” ou “tanajuras” coincidem com o início das chuvas, pois o solo está macio e as madeiras húmidas. Outro exemplo seria a atração dos insetos pela luz, devido a semelhança com a luz do luar, utilizada como objeto natural de encontro e acasalamento, que foi substituída pelas luzes de nossas casas e construções”, explica Geraldo.
É comum sentirmos incomodo com o aumento desses bichos. É o que conta Ana Laura Moura, de 21 anos, moradora do bairro Buritis, na zona oeste de Belo Horizonte. “Aqui no Buritis tem muita construção, logo, há mais corte de arvores devido aos lotes vagos. Com isso, percebo o aumento de pernilongos e moscas, e isso afetou na minha concentração na hora dos meus afazeres e as minhas noites de sono”, conta a estudante.
Segundo Geraldo, vale lembrar que grande parte dos surtos de pragas, ou até mesmo o surgimento de algumas doenças, como as respiratórias, está ligado ao fato do ser humano estar desmatando e fazendo queimadas nas florestas. “Eles saem do seu habitat natural e procuram abrigo, indo em direção a casas e construções”, explica o professor.
É necessário nos protegermos, pois algumas espécies podem ser nocivas a população. “Esse risco estaria associado a espécies que seriam nocivas ao ser humano, como por exemplo o mosquito Aedes Aegypti, que transmite a dengue, e besouros venenosos que podem ocasionar acidentes, como queimaduras”, esclarece o biólogo.
Segundo o professor, uma forma de evitar insetos e pragas seria manter menos luzes acesas, utilizar telas de proteção, colocar portas em locais que sejam abertos, como fazendas e sítios, e mantê-las fechadas.
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