por William Araújo
Obras inacabadas permeiam os bairros Buritis e Estoril. Investidores e proprietários aplicam alto na construção de condomínios e, com a oscilação do mercado, acabam abandonando o investimento ou vendendo a empreitada. Os novos compradores dos prédios passam longa data resolvendo problemas burocráticos enquanto as obras ficam carentes de atenção, servindo como criadouros de larvas do mosquito Aedes Aegypti e abrigo para moradores de ruas.
Prédios na av. Prof. Mário Werneck, esquina com rua Maria Heilbuth Surette e esquina com rua Engenheiro Aluísio Rocha, por exemplo, estão com a estrutura exposta e por vezes abrigam, nas calçadas, lixo acumulado. Moradores e comerciantes próximos relatam que algumas dessas obras estão abandonadas há mais de 15 anos.
A prefeitura recebe diferentes reclamações sobre esses canteiros e procura agir além da demanda da população. Quando questionada sobre estratégias e posturas adotadas acerca desses prédios, a PBH, através da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), indicou que disponibiliza um agente em campo para cada 750 edificações – número superior ao determinado pelo Ministério da Saúde.
Contudo, somente este ano, já foram confirmados 9.728 casos de dengue em toda Belo Horizonte. Mais da metade dos registrados até outubro do ano passado.
Com a crescente infestação do mosquito Aedes Aegypti na cidade, a PBH optou por promover mutirões – forças tarefas de limpeza urbana -, buscando a prevenção e orientação da população.
Para munir órgãos públicos de parâmetros de medição, o Ministério da Saúde sugere que o índice seguro da infestação larvária, por quantidade de residências vistoriadas numa regional, não pode ultrapassar 1%.
O Levantamento do Índice Rápido do Aedes Aegypti (LIRAa), para a capital, publicou, em outubro de 2015, uma tabela em que a região oeste apresentava 0,3% de infestação. A segunda menor taxa de Belo Horizonte, ficando atrás apenas da região centro sul, que demonstrou 0,2%.
Para auxiliar na precisão desses valores, a prefeitura instala, desde 2001, armadilhas chamadas de ovitrampas – recipientes com cor e cheiro atrativos para a fêmea do mosquito – que são colocadas para detectar qual região necessita de maior atenção no combate ao mosquito.
Apesar da regional oeste ter apresentado um dos menores índices de infestação larvária, foi a terceira em positividade de ovos depositados na ovitrampa, de acordo com cálculos do LIRAa para outubro de 2015. Apartamentos e residências não apresentaram muitos focos e criadouros do inseto, mas as ruas e obras abandonadas fizeram da região um dos setores que mais precisam de cuidados em Belo Horizonte.
Segundo nota da prefeitura, ocorreram até agora 71 mutirões de limpeza e recolhimento de materiais que serviriam como possíveis criadouros para a larva do mosquito na cidade. Com essas operações, foram apreendidas 2954 toneladas de lixo.
Os mutirões realizados na regional oeste são elucidados pela seguinte nota da prefeitura:
“A regional oeste teve oito mutirões, dos quais, o último ocorreu no dia 10 de março, quando 3211 imóveis foram vistoriados, em 44 quarteirões, recolhendo 34 toneladas de materiais. O mutirão do dia 10 aconteceu na área de abrangência dos Centros de Saúde Havaí e Palmeiras – que atendem aos bairros Buritis e Estoril.”
Ainda assim, foram registrados, desde o início do ano, na região oeste, 1095 casos de Dengue. Para conter esse número, a prefeitura planeja, no dia 18 de março, a entrada forçada no prédio abandonado que está localizado na av. Prof. Mário Werneck esquina com rua Maria Heilbuth Surette e na obra pausada da rua Ernani Agrícola, n.º 169.
Já no dia primeiro de abril, será a vez do prédio abandonado situado na av. Mário Werneck, esquina com a rua Engenheiro Aluísio Rocha, ter sua entrada forçada para limpeza.
Moradores que identificarem possíveis criadouros do mosquito e materiais que serviriam como foco do vetor, poderão procurar as gerências regionais de Zoonoses através do telefone 156 e requerer a vistoria desses locais.
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