Por Letícia Sudan
Segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS, uma a cada 160 crianças, em todo o mundo, tem o Transtorno do Espectro Autista. O TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento, a pessoa com essa síndrome é caracterizada por dificuldades na comunicação e interação social, podendo ter sensibilidades sensoriais, interesses restritos e comportamentos repetitivos.
O Transtorno do Espectro Autista afeta mais os meninos do que as meninas e pode ser diagnosticado em três diferentes graus, que geralmente se instalam nos três primeiros anos de vida: Autismo Clássico, Autismo de Alto Desempenho, que também pode ser chamado de Síndrome de Asperger, e Distúrbio Global do Desenvolvimento Sem Outra Especificação (DGD-SOE).
Com o objetivo de difundir informações, reduzir a discriminação e o preconceito na sociedade, a Organização das Nações Unidas – ONU, no fim de 2007, estabeleceu o dia 2 de abril como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Nesse dia, os cartões-postais do mundo inteiro se iluminam de azul com a intenção de atrair o olhar de todos para o TEA.
Esse ano, a Campanha Nacional para o Dia Mundial da Conscientização do Autismo tem como tema único o “Respeito para todo o espectro”. Para celebrar a data, toda a comunidade envolvida na causa usa a hashtag #RESPECTRO nas redes sociais.
Timon Ferreira Pimenta, 23 anos, é amante de filmes de terror e sua maior paixão é se manter informado, lendo notícias. Timon é morador do bairro Buritis e estudante de História no Centro Universitário de Belo Horizonte – UniBH, ele tem TEA e nos deu uma entrevista contando sobre a sua relação com a síndrome neuropsiquiátrica.
Jornal DaquiBH – Como e quando descobriu que tinha Transtorno de Espectro Autista?
Timon Ferreira Pimenta: Eu descobri um pouco mais tarde, pois eu não tinha noção que tinha o autismo. Sempre achei, desde pequeno, que eu parecia que era diferente das outras pessoas. Só depois, aos 18 anos, que eu descobri que era autista.
Minha mãe sabia, mas não quis me contar porque ela viu que eu não estava tão interessado em saber porque eu sou assim. É claro que eu me achava um pouquinho diferente desde criança, mas hoje é normal para mim.
JDBH – O que você faz para ter uma qualidade de vida melhor? Você faz algum acompanhamento médico ou psicológico?
Timon Ferreira Pimenta: Eu sempre busquei distrair a minha mente, vendo filmes, ouvindo músicas e lendo notícias. Uma das minhas paixões é ler notícias e saber do mundo afora.
Eu faço, desde pequeno, acompanhamento médico, tanto que já perdi a conta de quantas terapeutas eu já tive, mas continuo com o mesmo psiquiatra. Eu vou tentando levar uma vida normal e não deixando isso me afetar.
JDBH – O que você gosta de fazer no seu tempo livre? Qual é o filme que você mais gosta? E a música que mais gosta?
Timon Ferreira Pimenta: Eu gosto de ler notícias, sempre foi o meu forte, saber do mundo afora, o que acontece no mundo e ficar bem informado.
Gosto de ver filmes de terror, às vezes vou ao cinema, quando tem algum bom. E gosto muito de músicas clássicas e de Elvis Presley.
JDBH – Para você, quais são as maiores mentiras sobre o autismo?
Timon Ferreira Pimenta: Eu acho que a maior mentira sobre o autismo é que as pessoas acham que os autistas não são capazes de fazer várias coisas, como trabalhar, ir para a escola e aprender.
Acham que os autistas são um fardo, mas isso não é verdade. Eles só são peculiares e têm uma forma diferente de aprender, mas são muito inteligentes.
JDBH – Quais são os maiores desafios para você?
Timon Ferreira Pimenta: Os meu maior desafio é tentar me estruturar e ser uma pessoa normal, e não deixar os outros dizerem que não sou capaz de fazer as coisas. Eu posso ser autista, mas eu sou capaz de fazer as coisas e não queria ser tratado diferente.
JDBH – O Dia Mundial de Conscientização do Autismo é importante para você? Por quê?
Timon Ferreira Pimenta: É importante para mim, porque ele mostra que nem todo autista é um fardo para as pessoas e que eles são totalmente capazes de fazer grandes coisas.
É importante conscientizar todo mundo, pois a maioria deve achar que autismo é um fardo para algumas pessoas e seus familiares, mas não é, pra mim é uma dádiva, hoje eu vejo isso. É uma dádiva que mostra um ser totalmente diferente, que tenta ser normal como todo mundo, mas que pode ser capaz de realizar grandes coisas.
JDBH – Qual recado você gostaria de deixar para os não autistas?
Timon Ferreira Pimenta: Não vejam com outros olhos ou preconceito as pessoas que são autistas, elas são tão normais quanto vocês, podem ter suas peculiares e ter suas diferenças, mas elas são seres humanos também. São pessoas normais, mas com um jeito totalmente diferente de ver o mundo.
Não vejam com preconceito, vejam como uma dádiva, elas podem ser capazes de realizar grandes coisas no mundo.
JDBH – Qual recado você gostaria de deixar para quem tem o TEA?
Timon Ferreira Pimenta: Sejam vocês mesmos. Não mudem o seu jeito de ser só para impressionar outras pessoas ou a se igualar à massa de milhares de pessoas. Vocês são únicos neste mundo.
Só vocês podem entender que, às vezes, vocês podem achar que são anormais, mas vocês não são, só são um pouco diferentes e peculiares, mas podem fazer grandes coisas no mundo. Não mudem só pra tentar ganhar atenção ou amigos para não se sentirem sozinhos, sejam vocês mesmos.
Para esclarecer questões sobre o tratamento, sinais de TEA na infância, mitos sobre a síndrome, leis e direitos do portador do Transtorno do Espectro Autista, o podcast CACAU Explica, produzido pela Comunidade de Aprendizagem em Comunicação e Audiovisual, do Centro Universitário de Belo Horizonte – UniBH, convidou Kelly Robis, psiquiatra, Mônica Rahme, educadora, Frederico Veloso, psicólogo, e Joana Cançado, advogada especialista da área.
Os episódios dessa temporada estão no SoundCloud da Comunidade de Aprendizagem em Comunicação e Audiovisual.
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