Por Luis Otávio Peçanha
A pandemia do novo coronavírus, que já perdura por mais de um ano, ganhou mais um episódio nos últimos meses: a variante Delta. Tendo sua origem na Índia, a nova variante tem sido responsável pelo aumento de casos em diversas partes do mundo, e no Brasil não seria diferente.
O Brasil, que já soma quase 600 mil mortos, ainda sofre, e muito, com os efeitos da pandemia e da disseminação do coronavírus dentro do seu território, sendo a causa de quase 700 mortes diárias.
Em Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais, a situação ainda está sob observação, visando, ao mesmo tempo, um retorno gradual das atividades rotineiras da população e também um controle do avanço da nova variante.
O Jornal DaquiBH conversou com o infectologista Dr Estevão Urbano (55), que atua nos hospitais Vila da Serra, Biocor e Madre Teresa, e ele explica que os sintomas da variante delta são muito parecidos com as outras, tendo tosse, dor de garganta, febre, mal estar e até falta de ar como quadros comuns e semelhantes.
“Chama atenção, porém, que esta variante pode causar mais coriza, com quadros muitos parecidos com resfriado, mas, ao mesmo tempo, pode ocasionar menos dores de garganta e perda de paladar e olfato, comparando com outras variantes”, ressalta.
Mesmo que se trate de uma variante diferente, o infectologista reforça que os cuidados básicos como respeitar o distanciamento, evitar aglomerações e o uso de máscaras permanecem necessários em função da forma de transmissão se manter a mesma nas variantes em questão.
“Em relação às duas variantes, alfa e delta, são vírus muito parecidos com pequenas mutações que as diferem. Elas são mais transmissíveis e, possivelmente, mais agressivas que a variante original”, ressalta.
A variante alfa teve seus primeiros registros na Inglaterra. De acordo com o doutor, ainda não existem estudos que sejam capazes de definir qual é a “pior”, mas existe a hipótese que de a delta seja mais transmissível, capaz de causar quadros mais severos e, eventualmente, até escapar da ação das vacinas, porém os estudos ainda estão em andamento.
Estevão reitera a importância de uma possível terceira dose da vacina começando pelos idosos e imunossuprimidos. “É fundamental pois, com o passar do meses, o número de anticorpos começam a cair e, por outro lado, a variante delta pode escapar da ação das vacinas caso os níveis de anticorpos fiquem baixos. Então é necessário fazer a terceira dose, renovar o nível sérico, para que haja uma proteção mais duradoura e sustentável contra o coronavírus”, completa.
Por fim, o médico comentou sobre a importância do cronograma de vacinação da população adulta, que foi divulgado pela PBH. Para ele, a vacinação é a base de tudo, independente da idade, pois ela reduz o contágio e a transmissão viral.
“Muitas pessoas jovens vão para o trabalho, para a escola, podem se contaminar e podem proliferar o vírus, dispersando-o. Quanto mais pessoas vacinadas, menor a chance disso acontecer”, finaliza.
Leandro Curi (39), infectologista residente da região oeste, afirma que, mesmo com parcela da população adulta vacinada, é necessário continuar com os mesmos cuidados. “Independentemente da variante, temos que vacinar todo mundo – não podemos contestar esse tipo de atitude, e continuar a manutenção do distanciamento e do uso das máscaras. Mesmo que a pessoa já esteja vacinada e acredite que está tudo bem, a pandemia ainda está acontecendo, o que vai suspender as medidas de proteção serão os números, e não nossa vontade”, afirma.
Para Leandro, a opção de alguns cidadãos de não se vacinarem é ruim, pois, desde que nascemos somos acostumados com a ideia de nos vacinar. “Evitamos muitas doenças e erradicamos muitas outras graças à vacinação em massa”, completa.
O infectologista ressalta que ainda não há nenhum tipo de remédio completamente eficaz contra a covid-19, além de que foi visível que as medidas de segurança não seriam suficientes para evitar a disseminação do vírus pois a sociedade não aderiu e os casos continuaram a acontecer.
“A importância é que eu não vou me contaminar e não vou transmitir o vírus para entes queridos, colegas de trabalho, pessoas que temos contato. A vacinação tem se mostrado eficaz, tem se mostrado efetiva tanto nas taxas de internação quanto nas taxas de contaminação”, comenta.
Marcos Mesquita (24), morador do bairro Buritis, é estudante de Direito e tem uma rotina de trabalho que o obriga a trabalhar presencialmente de duas a três vezes na semana.
Marcos se vacinou há pouco tempo, sendo incluído no grupo por faixa etária.Depois da primeira dose ficou extremamente feliz em ver o avanço da vacinação para a população de jovens adultos, apesar de sentir que a capital mineira está atrasada no processo. “Antes tarde do que nunca”, afirma.
O jovem diz que mantém cuidados de sempre, como usar máscara e higienizar as mãos com álcool em gel, quando está trabalhando presencialmente, além de evitar aglomerações no caminho. Para ele, as medidas de segurança devem permanecer para frear e auxiliar na luta contra o aumento dos casos da covid com a nova variante delta.
“Creio que a prefeitura age corretamente, uma vez que ainda há limite de horário de bares e restaurantes, bem como limite de pessoas etc”, ressalta.
Normandes Santana de Matos (49) é administrador e estava inserido no grupo de risco da covid-19 devido à diabetes. Vacinado com as duas doses, ele ressalta a importância de manter os hábitos de limpar as mãos com álcool em gel e utilizar máscara quando precisar sair de casa.
O administrador define a situação da capital mineira com a covid como controlada, mesmo que ainda considere necessário haver um maior controle com relação aos bares da cidade, limitando os horários e número de pessoas, além de exigir o uso de máscara.
Normandes ressalta otimismo e alívio com o avanço da vacinação, que agora está destinada ao público até 18 anos.
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