Foto: Fernanda Freitas
Por Beatriz Fernandes
Na quarta-feira (18 de Março), o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), suspendeu alvarás de funcionamento de vários estabelecimentos e eventos culturais da capital mineira. Como resultado, o isolamento social (que ficou popularmente conhecido como quarentena), que até o momento não havia sido adotado em grande escala, se tornou a principal medida de proteção contra a pandemia do novo coronavírus. Dessa maneira, trabalhadores e estudantes em todo o país têm se ajustado à nova rotina de home office, abrangendo as áreas de atuações mais diversas.
Larissa Bragança, 26, proprietária de um estúdio de um estúdio de pilates no bairro, relatou que sua preocupação maior é para o mês de Abril, e como irá pagar os funcionários referente ao tempo de atividades paralisadas em Março. Como saída, explicou que tem oferecido atendimento online com agendamento particular, que começará a valer neste mês. Entretanto, alguns de seus clientes não quiseram aderir ao método.
Fabrício Rodrigues, 31, também contou à redação que tem tido dificuldade em manter seu empreendimento, que relata ter sofrido queda de 80% no lucro. Dono de duas unidades de lava-jato, precisou demitir 6 dos seus 10 funcionários, e adotar a medida de agendamento de horário exclusivo, por meio das redes sociais.
“Vão passando os dias, e você vai tirando do fluxo de caixa. Chega um momento que não tem como sustentar. Meu desejo é voltar a contratar em um futuro breve. Mas, esse cenário precisa melhorar muito ainda”, explicou Fabrício.
Valéria Silveira, 48, psicóloga e também moradora do bairro Buritis, nos contou que foi necessário migrar todo o seu atendimento, que antes era feito, em parte, presencialmente, para o universo online. Explicou que, antes mesmo do período de isolamento social, já estava acostumada a prestar esse tipo de serviço, e que a adaptação dos seus clientes presenciais para o ambiente virtual tem sido positiva.
Tanto Valéria, quanto a representante farmacêutica Ana Laura Norte, 39 anos, contam que tem sido desafiador conciliar as múltiplas tarefas, como o trabalho home office, as demandas domésticas e os filhos. Por isso, ressaltam a necessidade de passar por esse momento com tranquilidade e sem muitas cobranças.
Como dica às mães, Valéria revela que estabeleceu uma rotina chamada “Escola em Casa”, em que ela simula os horários de estudo, recreio e brincadeiras da escola. Isso porque, explica, “as crianças precisam de uma rotina pelo menos minimamente estabelecida”.
Já Ana Laura estimula os pais a passarem por esse período sem cobranças excessivas, entendendo que é um momento atípico para todos:
“Eu acho que os pais estão ficando muito preocupados com o que vai ser desse ano, com quantos anos seus filhos irão se formar, sem parar pra pensar que estamos passando por uma pandemia mundial. É um momento de introspecção, de aproveitar mais as nossas crianças, de conversar, brincar.”
Todos os entrevistados relataram não estarem tendo dificuldades em encontrar estabelecimentos como supermercados e farmácias abertos no bairro Buritis. Entretanto, Larissa e Valéria contaram que tiveram dificuldades em comprar álcool em gel, principalmente nos primeiros dias de isolamento. Além disso, Fabrício reclamou do aumento dos preços no setor alimentício, principalmente pequenos estabelecimentos como sacolão, com verduras, legumes e frutas.
Braulio Lara, presidente da Associação do Bairro Buritis, explicou que, de um modo geral, “as empresas estão cumprindo a quarentena, mantendo portas fechadas. No entanto, diversos continuam operando em caráter precário, com uma ou duas pessoas trabalhando internamente.”
A princípio, o período de isolamento duraria 15 dias e serviria de análise da sua eficácia no controle da pandemia. A medida isenta apenas estabelecimentos considerados imprescindíveis à saúde como, os setores farmacêutico e alimentício, segundo decreto da Prefeitura de Belo Horizonte – ancorada nas orientações da Organização Mundial da Saúde.
Entretanto, o momento é de incertezas, o que faz com que não seja possível afirmar uma data para o retorno das atividades. Segundo os últimos dados de todas as secretarias estaduais de saúde, atualmente (sexta-feira, 3) somam-se 8.195 contaminados e 335 mortes no Brasil, vítimas do novo coronavírus. Dentre esses casos, 397 são em Minas Gerais, com 6 mortes. Em Belo Horizonte, são 236 casos confirmados, sendo 3 mortes.
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