Por Grazielle Paranhos

O mercado pet é um dos ramos que só cresce ano após ano. Mesmo com a pandemia, a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação, Abinpet, não espera grandes perdas em 2020. O serviço foi considerado essencial pelo governo e as fábricas continuam funcionando. O reflexo foi bom para os estabelecimentos do bairro Buritis, pois os petshops tiveram permissão para manterem os serviços.

POR QUE O MERCADO PET ESTÁ SEMPRE CRESCENDO?

Hoje, os animais de estimação são considerados parte da família. As pessoas estão cada vez mais solitárias nas cidades grandes e os pets estão se tornando muito importantes. Os animais de estimação são considerados fundamentais em tratamentos terapêuticos e em políticas de inclusão social.

“As mudanças no perfil das famílias brasileiras têm grande impacto nessa relação entre humanos e pets. Houve um aumento de casais que optam por não ter filhos, ou somente um filho, e buscam a companhia de um pet. Como membro da família, o bicho vive cada vez mais dentro de casa, especialmente em apartamentos, por conta da verticalização dos centros urbanos. Isso faz com que os donos aumentem os cuidados com a saúde do animal e invistam mais em alimentação, idas ao veterinário e em creches e profissionais do ramo, como dog walkers”, diz a Abinpet.

De acordo com a Abinpet, o Brasil é o terceiro maior país em população total de animais de estimação. São 54,2 milhões de cães, 23,9 milhões de gatos e um total de 139,3 milhões de pets. O mercado pet já representa 0,36% do PIB brasileiro, à frente dos setores de utilidades domésticas e automação industrial.

Em 2018, nosso país assumiu a segunda posição em faturamento mundial com o mercado pet, a China assumiu a primeira. Segundo a associação, em 2014 houve um faturamento de R$ 16,7 bilhões no mercado brasileiro. Em 2015, o setor faturou R$ 18 bilhões. No ano de 2016, R$ 18,9 bilhões. E em 2019, o número foi de 20,3 bilhões.

A Abinpet não espera grandes perdas no faturamento de 2020, por se tratar de um serviço essencial. De acordo com o presidente da Abinpet, José Edson Galvão de França “não há indicativos de fechamentos de fábricas, reduções de jornadas de trabalho ou demissões. E a previsão é de que o faturamento, neste ano, seja parecido com o do ano passado.”

PET SHOPS DO BURITIS CONSEGUEM MANTER O FATURAMENTO NA CRISE

O funcionamento do serviço de pet shop foi liberado pelo Governo de Minas Gerais, por meio da deliberação do Comitê Extraordinário da Covid-19, por ser considerado um serviço essencial. Porém, o movimento nas lojas caiu e, para manter o faturamento, os donos de pet shops precisaram investir no sistema de entrega em domicílio.

Os empresários do bairro Buritis conseguiram manter o faturamento estável durante a crise. Apesar do movimento ter caído nos estabelecimentos, as vendas foram compensadas pelas entregas em domicílio.

Os pet shops intensificaram a operação delivery e participaram mais dos aplicativos de entrega que atendem o mercado pet. No início da quarentena, os empresários notaram um aumento no número de vendas, os clientes estavam fazendo um abastecendo de produtos, mas nos meses seguintes o volume de vendas se estabilizou.

“Por já termos um serviço de entrega há bastante tempo, os clientes tiveram facilidade para aderir ao delivery, […] não houve uma queda de número de vendas […] o delivery aumentou 5x, mas o faturamento global, é de estabilidade. Em março por exemplo foi um mês acima do normal, mas abril foi abaixo, o mesmo cliente que abastece, depois ‘pula’ a próxima compra”, diz Matheus Ferraz, sócio de um pet shop do bairro Buritis.

Leonardo e seu cãozinho Kadu. Foto: arquivo pessoal.

“Nesse período, estou optando pelo serviço de delivery, o serviço é rápido e seguro, não tenho do que reclamar. Os produtos que tenho costume de comprar para o Kadu não faltaram nos pet shops, estou conseguindo comprar tudo normalmente.[…] Toda minha família mora em Lavras, vim pra BH para estudar e por isso adotei o Kadu, não gosto de ficar muito sozinho, ele se tornou a minha companhia por aqui”, conta Leonardo Moreira, estudante morador do Buritis e tutor do cachorro chamado Kadu.

SERVIÇO ESSENCIAL

Os pet shops foram considerados serviços essenciais pelas autoridades e devem ser mantidos desde que as medidas de proteção sejam severamente seguidas. Os estabelecimentos adotaram medidas de proteção como higienização a cada atendimento, evitar contato com dinheiro e aglomerações.

“Estamos adotando medidas severas de prevenção, tanto internamente como no que diz respeito ao atendimento ao público. Máscaras obrigatórias, álcool em gel à disposição, desinfecção do ambiente com frequência muito maior, maquinas de cartão com proteção e desinfetadas a cada uso e, claro, um distanciamento seguro na hora do atendimento”, conta Daniel, dono de um pet shop do Buritis.

Além desses cuidados, é importante que os donos distraiam seus animaizinhos de estimação, com brincadeiras para passar o tempo e aliviar a tensão.

“Em tempos de pandemia, não podemos esquecer de redobrarmos os cuidados com nossos pets que, apesar de não contraírem a Covid-19, sofrem igualmente com o isolamento. É importante que o tutor com prática de passear com seu animal desenvolva atividades internas com os mesmos para amenizar o stress causado por ficar dentro de casa. Arranhadores e mordedores são uma ótima escolha. Quanto a alimentação, devemos lembrar de não oferecer aos animais alimentos de consumo humano, alguns são tóxicos e podem levar à morte. A ração deve ser mantida em quantidades adequadas para evitar o aumento de peso, já que a atividade física está suspensa. […] o amor e carinho são indispensáveis”, explica Bianca Ferreira, veterinária.

PING PONG

André Spera, assessor de imprensa da Abinpet, respondeu às perguntas sobre o mercado pet em nome da diretoria da associação.

O que se esperava pra 2020 antes da pandemia?

Esperava-se repetir os resultados de 2019, com o acréscimo de 4 a 6%, 2019 fechou com R$ 20,3 bilhões de faturamento, sendo que pet food representa por volta de R$ 16 bilhões, 73% do faturamento na área da indústria.

Quais foram os resultados no início da pandemia, nos primeiros meses do ano?

Em janeiro, acreditamos que os consumidores estavam estocando, por haver uma procura maior, mas já estabilizou. Assim que tivemos certeza da abertura dos canais, o consumidor parou de estocar. Nesses três primeiros meses, a principal preocupação do consumidor era de abastecer com os produtos que ele já vinha consumindo. Os produtos standard foram os mais procurados por questão de dúvida financeira, sabemos que houve um aumento no desemprego. A parte de higiene, banho e tosa, diminuiu bastante.

Qual é o foco no momento?

O foco agora é abastecer o mercado, os 141 milhões de pets, manter a indústria aberta a todo vapor, sem comprometer a saúde dos nossos colaboradores. Todas as medidas de proteção estão sendo seguidas.

Qual a previsão para o período pós-pandemia?

Se nós continuarmos na linha que estamos, provavelmente seremos um dos segmentos pouco arranhados, ou seja, afetado mas não liquidado. Se igualarem esse ano aos resultados de 2019, provavelmente seguiremos fortes em 2021. De 2020 a 2022, o crescimento deve ser retomado, principalmente a parte de produtos veterinários e pet food. Normalmente, esses dois segmentos puxam o resto, são segmentos que têm bastante tecnologia, criação de produtos novos e investem bastante em divulgação.

Por que se espera um crescimento futuramente?

O Brasil vem crescendo na quantidade de animais nas famílias, pelo conceito de que o animal de estimação passou a ser essencial para nós, humanos. Mesmo na crise, tiveram pessoas comprando ou adotando animais pela necessidade de ter um ser vivo por perto. E, dentro desse conceito, se cresce o número de animais, cresce a necessidade de produtos.