Em palestra sobre os “Desafios e caminhos para o Jornalismo em tempos de incerteza”, o jornalista Benny Cohen falou sobre as estratégias que já mobilizam os grandes jornais
Por Mariane Fernandes e William Araújo
“Em 2019, 80% do tráfego da internet será em vídeo, contra 64% em 2014”, fonte Cisco.
O mundo é convergente e caminha para a quebra de barreiras entre o simples cidadão e a produção jornalística. Esse processo, fortalecido pelas diversas mídias, plataformas móveis, tem causado dúvidas sobre o futuro da profissão.
Nesta esfera, o quarto dia da 1ª Semana do Jornalismo, sediada pelo Centro Universitário de Belo Horizonte – UniBH, no bairro Buritis, trouxe para palestrar sobre o tema o jornalista Benny Cohen, atual Editor de mídias convergentes do Portal Uai.
O jornalista apresentou, nesta quinta-feira (06), informações da última conferência da Associação Mundial de Jornais e Editores de Notícias (Wan-Ifra), ocorrida em Viena, na Áustria.
“O que eu vi lá é que o diagnóstico da crise é o mesmo em todo lugar. Todos estão passando por momentos de incertezas, mas em cada local o enfretamento é de modo diferente”, Benny Cohen.
Benny Cohen responde sobre as incertezas do jornalismo no vídeo abaixo.
Ele percebeu que veículos, detentores de muito público, conseguiam combater a crise investindo grandes quantias em infraestruturas e tecnologias. Alguns preferiram trabalhar, concomitantemente, o jornalismo online e o impresso, outros optaram apenas pelo impresso.
Instituições jornalísticas como a The Expressen migraram totalmente para a plataforma web, estabelecendo uma meta de 100 vídeos diários, além de veicular o fato em até 180 segundos após ter acontecido.
Outros, como a BBC World Service, investiram em até dois vídeos diários, apresentando conteúdos sincronizados em todas as plataformas, apostando na criatividade.
Empresas como a “La Presse”, de origem canadense, aplicaram valor significativo no desenvolvimento do jornalismo em tablets, plataforma popular no país. Além dessa inovação, o modo de fazer notícia também foi alterado: profissionais podem editar simultaneamente a mesma publicação, o que acelera a veiculação do fato.
O “La Presse” optou por imprimir tiragens apenas aos sábados, podendo aprofundar mais os conteúdos.
Benny Cohen fala no vídeo abaixo como o jornalista, atualmente, precisa ser multimidiático.
Benny também falou sobre o atual dilema dos portais de notícias, os quais utilizam o facebook e têm, a cada dia, menos alcance de seus conteúdos. Segundo o palestrante, o algoritmo usado pelo facebook dá preferência a informações editadas dentro da plataforma em detrimento dos links que são publicados por ela.
No Brasil, como Editor de Mídias Convergentes do Portal Uai, Benny disse que o enfrentamento das incertezas/crises precisa ser feito com um passo de cada vez. De acordo com ele, os valores disponíveis para aplicação no Brasil são bem inferiores dos praticados por jornais no exterior.
“Aqui, no Portal Uai, inovamos com reportagens que propiciam o ambiente transmídia e especiais, desenvolvidas pelo jornal Estado de Minas.” Um exemplo de conteúdo especial, que agrega valor, foi “O Martírio de Dandara”, em que uma equipe técnica foi escalada para viajar até Fortaleza para cobrir o caso da travesti assassinada no conjunto Ceará.
Outro exemplo, é a interação promovida com a reportagem especial de 30 anos do metrô de BH, o qual pode ser redesenhado, na publicação, por meio de opiniões dos usuários da linha. Após terem sugerido alterações para um metrô mais adequado, o cartunista Quinho desenhou o projeto.
Benny Cohen explica como o jornalismo cidadão pode ser um recurso na produção de notícias.
Ao final da palestra, Benny respondeu a perguntas sobre o fim do jornalismo impresso.
Segundo o jornalista, a plataforma impressa não terá um fim, mas uma remodelação de conteúdo. Ela precisará caminhar em direção ao aprofundamento de suas matérias, contribuindo para o que é considerado, por ele, o bom jornalismo
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