Por Fernanda Cris Gomes, Victor Mendonça e Vitória Ohana
O Buritis é um dos bairros jovens da capital mineira. Ele nasceu de uma fazenda e foi construído por jovens de média idade que queriam constituir família e ter filhos.
Após o estabelecimento do Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), muitos jovens foram atraídos pelo rápido crescimento do lugar e pela oportunidade de morarem tão próximos ao centro de ensino.
Portanto, desde a sua fundação, o Buritis busca se adaptar para receber e atender dois públicos com necessidades tão distintas.
Uma projeção divulgada pela Fundação João Pinheiro, sobre a idade dos moradores de Minas Gerais, por município, mostra que a faixa etária das pessoas que vivem no bairro Buritis tende a ficar cada vez mais alta. Em 2040, a população do bairro deve ser composta principalmente por indivíduos entre 30 e 44 anos e por aqueles que possuem mais de 60 anos, como mostra o gráfico abaixo:
Para Andreia dos Santos, professora do Departamento de Ciências Sociais da PUC Minas, a presença de gerações tão distantes no mesmo bairro acontece em quase todas as regiões universitárias de Belo Horizonte, como as regiões da UFMG e da própria PUC Minas.
Uma das situações envolvendo os moradores mais velhos e jovens do bairro aconteceu em 2017, quando as festas chamadas “calouradas” foram alvo de reclamações constantes na Rua Vitório Magnavacca, acusadas de prejudicarem o trânsito e o sossego dos moradores.
Apesar dos transtornos, alguns moradores, mais velhos ou mais jovens, afirmam que a cidade Buritis ainda é um dos lugares mais completos e com maior qualidade para se morar.
Dione Moreira, funcionária pública aposentada e moradora do bairro há quase 30 anos, afirma não sentir necessidade de sair do Buritis para a maioria das atividades: “Aqui tem de tudo, principalmente onde eu moro, tem muito barzinho. Minhas amizades são todas daqui, então eu nem saio do Buritis para ir para lugar nenhum”, avalia.
Questionada sobre a presença das universidades, Dione afirma não se sentir incomodada pelo constante fluxo de pessoas no local.
Apesar de terem convivido com a presença de centros de ensino há muito tempo, alguns moradores mais antigos consideram que nos últimos anos o fluxo de pessoas na região tem causado transtornos difíceis de serem superados.
Rosana Siconha, umas das primeiras moradoras do Conjunto Estrela Dalva, um dos primeiros loteamentos na região, confessa que o barulho e a quantidade de moradores no bairro despertam nela a vontade de mudar de endereço.
O jovem Thiago Farias, recém-formado no curso de Engenharia Química do Centro Universitário Newton Paiva do Buritis e morador da região, afirma que o seu desejo é adquirir um imóvel no bairro e permanecer por outros anos.
Para ele, o clima agradável do bairro por vezes se assemelha ao de uma cidade do interior.
O mesmo clima de cidade pequena é perceptível para a advogada Fernanda Carvalho, ao afirmar que o mais gosta no bairro é o fato de poder encontrar as mesmas pessoas em diferentes lugares:
“Aqui parece uma cidade do interior. A gente encontra as pessoas em todos os lugares, como supermercado, shopping ou no UniBH. Todo mundo conhecido, como se estivéssemos em uma cidade pequena”, brinca.
A massoterapeuta Regina Célia, se mudou há 2 anos de Curitiba para Belo Horizonte, e afirma que um dos aspectos levados em consideração na escolha do Buritis, foi a sua semelhança com o seu antigo bairro.
Enquanto isso, os comerciantes percebem o contraste dos públicos e se adaptam a essa realidade.
Edsonina Silva, funcionária da loja de decoração Estação Buritis, nota que a diferença das gerações está na preferência dos produtos:
“Os clientes da loja estão na faixa etária de 25 anos. Os que estão decorando no momento possuem entre 25 a 50 anos. Esses são os que vem mais. O que os diferencia um pouquinho é que as pessoas com mais idade gostam mais de flores”, ressalta.
Já Pedro Henrique Pereira, funcionário no depósito Mário Werneck e morador do bairro há mais ou menos 23 anos, confessa não perceber diferença de idade entre os clientes da loja. Mas afirma que antigamente era mais comum ter clientes homens, e que atualmente as mulheres se tornaram maioria.
Ainda segundo a projeção sobre os moradores de Minas Gerais, divulgada pela Fundação João Pinheiro, não há grande diferença entre a quantidade de moradores do sexo feminino e masculino no Buritis.
O trânsito do Buritis é um dos principais problemas relatados pelos moradores. Todos os entrevistados apontaram o fluxo de veículos como um dos fatores que menos gostam no bairro.
Segundo Fernanda Carvalho, é nos horários de entrada e saída das universidades, quando a situação parece piorar.
Em contrapartida, Fernanda avalia que se não fosse pelas universidades, talvez o bairro não recebesse tantos investimentos:
“Atrapalha, mas, ao mesmo tempo, o bairro melhorou muito porque as faculdades vieram para cá, se não, não teria tanto investimento no bairro. Eu moro aqui há muito tempo, antes do UniBH vir para cá. Então, tem ganhos e tem perdas, tem equilíbrio”, afirma.
Andreia dos Santos, professora do Departamento de Ciências Sociais da PUC Minas, afirma que os jovens moradores da região acabam por não criar um vínculo afetivo com o bairro, já que, em sua maioria, estão de passagem. “A experiência inter geracional é sempre importante para os idosos e para os mais jovens em função do processo da vida”, completa.
A projeção divulgada pela Fundação João Pinheiro, mostra também como a população do bairro tende a crescer nós próximos anos.
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