HOSPITAL VETERINÁRIO DO UNIBH PRESTA SERVIÇO À PCMG EM INVESTIGAÇÃO

Por Beatriz Fernandes 

Na tarde do último sábado (14), mais de 60 cães foram supostamente envenenados em Ribeirão das Neves. A principal hipótese é de envenenamento durante a viagem que fizeram até a unidade do Lar Temporário Entre Latidos e Miados, em Contagem. Isso porque, ao chegarem na cidade metropolitana, foram encontrados restos de salsicha em vômito de um dos cachorros, alimento que não havia sido dado pelo abrigo aos cachorros.  Os cachorros que sobreviveram já apresentavam quadro grave. 

Em redes sociais, a dona do abrigo, Claudia Araujo, pede para que o responsável pelo carreto dos animais entre em contato urgentemente. A redação ainda não conseguiu contato com o lar temporário. Em coletiva de imprensa, a delegada Stefhany Karoline Martins Gonçalves, esclareceu na segunda-feira (16), que a hipótese de intoxicação não pode ser confirmada, e que seguem averiguando se o lar temporário é legalizado. 

A maioria dos cães, 52, já estavam mortos ao chegarem em Contagem. Dentre eles, 47 foram encaminhados no domingo (15), ao Hospital Veterinário do UniBH, que tem convênio com a Polícia Civil para atuação em casos como esse. O deputado Osvaldo Lopes, ativista das causas animais, foi o responsável pelo transporte dos cães para a clínica. Ele era responsável por manter 11 dos cães que foram contaminados. Em nota oficial nas redes sociais, expressou repúdio pelo ocorrido: 

“[…] Eu afirmo, com clareza e segurança, que para além do óbvio repúdio e imensurável dor e pesar, também irei até o fim, com absoluto rigor, nos procedimentos investigatórios que possam levar à eventual punição de quem, imerso a crueldade, conduziu o malfeito em questão. Vamos até o fim para o devido esclarecimento do ocorrido.”

INÍCIO DAS INVESTIGAÇÕES NO UNIBH

Foto de: Beatriz Fernandes

Em conversa com a redação, o médico veterinário e professor do UniBH, responsável pela necropsia, Aldair Pinto, explicou que, para esse caso, foram mobilizados 15 alunos já preparados para necropsias em escala. Sobre o convênio do Hospital Veterinário e a Polícia Civil, Aldair explicou que existe um documento direto firmando a parceria para prestação de serviços que abrangem a instituição de ensino como um todo. 

O processo investigativo de necropsia começou ontem (terça-feira,17) na clínica, sob orientação do professor e supervisão legal da perita criminal da Polícia Civil, Flávia Armani de Vasconcellos. A previsão para término dessa etapa é até a próxima sexta-feira, dia 20. Até o momento (quarta-feira,18), foram realizadas as necropsias de 20 cachorros. 

“A gente presta o serviço que ela [Flávia Armani de Vasconcellos] pede. Nós propomos uma linha de trabalho, que é autorizado ou não pela perita. O UniBH presta serviço à Polícia Civil, mas a responsabilidade do que está acontecendo aqui, é dela. Se não tiver a presença da perícia, não tem valor oficial”, explica Aldair Pinto. 

Após a necropsia, os órgãos coletados serão destinados ao IML (Instituto Médico Legal), onde serão feitos os exames toxicológicos. Nesse processo, o Hospital Veterinário do UniBH não participará mais da investigação. A previsão inicial era de 30 dias para os resultados finais, mas Flávia esclarece que, por conta do momento de quarentena que estamos vivendo (em razão das medidas preventivas contra o COVID-19),pode ser que o desenrolar da investigação sofra atrasos. 

Além disso, 14 cachorros foram encaminhados em estado grave para a Clínica Consulveter, em Contagem. Entretanto, apenas 6 permanecem vivos, em estado gravíssimo. 

TIPOS DE ENVENENAMENTO MAIS COMUNS

O médico veterinário, Aldair Pinto, explica que os tipos de envenenamento mais comuns são os rodenticidas (venenos usados para exterminar ratos e roedores em geral) e o chumbinho, apesar desse último ser proibido no Brasil. 

“Qualquer pessoa que tiver um animal que vier a óbito ou pareça estar intoxicado, sendo que não existem produtos desse tipo em casa, deve imediatamente levar o animal ao médico veterinário e ligar para Polícia Civil para prestação de boletim de ocorrência”. 

Aldair explica, ainda, que quanto mais rápido o animal for levado, melhor para sua saúde e para o conceito pericial, já que o veterinário pode conseguir identificar, durante a perícia, qual o tipo de veneno que pode causar os tipos de distúrbio que o animal está apresentando. As principais reações são: vômito, tremor muscular e viração de olho. 

 

Jornal Daqui BH

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