Por Giullia Gurgel
A cultura da dieta para emagrecer nos assombra há décadas. Desde os anos 2000, a massificação do conteúdo sobre dieta, o culto a celebridades e seus corpos e a naturalização de comportamentos gordofóbicos fez com que o assunto dieta e emagrecimento se tornasse parte do cotidiano.
Atualmente, há diversas fórmulas caseiras que prometem o emagrecimento, como chás, cápsulas, receitas e medicamentos. A questão é: qual o problema dessas fórmulas para a saúde? Há resultados de sucesso comprovados?
Gustavo Feil, médico especialista em nutrologia, garante que não.
“Não há resultados de sucesso comprovado com receitas caseiras para emagrecer. Essas fórmulas e receitas caseiras podem ser muito prejudiciais à saúde do indivíduo, uma vez que estas substâncias podem conter medicações que não são seguras para a saúde do indivíduo, além de ter quantidades desmedidas de substâncias que podem trazer mais malefícios do que benefícios a quem faz o uso indiscriminado”, explica o nutrologista.
Em fevereiro deste ano, uma mulher morreu após ter sido diagnosticada com hepatite fulminante. A doença se desenvolveu devido ao consumo de cápsulas de um chá “emagrecedor” de 50 ervas. O composto, vendido como natural e inofensivo, continha em sua composição ervas como chá verde, carqueja e mata verde, substâncias hepatotóxicas que podem causar danos ao fígado.
A nutricionista Caroline Lameirinhas explica que, apesar de serem naturais, fórmulas caseiras podem causar efeitos secundários e possuem algumas contraindicações.
“Existem vários fitoterápicos interessantes para perda de peso, mas não é porque é uma planta que é 100% saudável. Cada fitoterapia tem uma ação no organismo e o nutricionista, pós-graduado em fitoterapia, antes de indicar, tem que conhecer muito bem a saúde do paciente. Por exemplo: existem plantas que aumentam a pressão arterial. Então, se um paciente já cuida para controlar a pressão e toma uma fitoterapia que aumenta a pressão, a resposta não será positiva”, esclarece.
Quando o assunto é saúde, a busca pelo corpo perfeito parece encontrar alternativas que se apresentam como praticamente milagrosas nas dietas e fórmulas caseiras. Além das informações duvidosas sobre emagrecimento, as “fake news” podem ter consequências mais graves.
Sem a informação correta, as pessoas podem acreditar na notícia e prejudicar sua saúde ao fazer dietas ou exercícios errados. Sendo assim, o autoconsumo de compostos para emagrecer sem prescrição de um profissional licenciado para isso, oferece graves riscos para a saúde do indivíduo.
“Infelizmente, a mídia faz a propaganda de corpos maravilhosos e que iludem a população, dizendo que tiveram aquele resultado por aquele produto. E não… não tiveram. Com certeza famosos fazem o tratamento recomendado: reeducação alimentar e atividade física“, afirma Caroline Lameirinhas.
Segundo a nutricionista, 80% do resultado da perda de peso saudável, ou seja, a perda de peso em gordura e não em músculo, é feita através de uma boa alimentação, e 20% de atividade física. A suplementação funciona para completar alguma deficiência ou necessidade de colocar o organismo no eixo.
Como a medicina tem lidado com essas tais fórmulas caseiras para emagrecer?
De acordo com o Gustavo Feil, esse é um tema que deve ser visto e discutido de forma séria e constante, devido às consequências severas e irreversíveis em alguns casos, podendo levar consumidores desavisados ao óbito.
“Porém não há uma discussão robusta entre a classe sobre o assunto, pois é unanimidade que o uso de medicações exacerbadas e sem a orientação médica é um grande erro e até um crime, que deve ser combatido com uma exímia fiscalização pelos conselhos e órgãos de controle. Então subentende-se que não se deve fazer uso indiscriminado de qualquer tipo de medicação, principalmente sem um acompanhamento médico adequado, mas sabemos que grande parte da população ainda não entende isso com clareza”, confirma.
Wagner dos Reis, nutricionista e professor do curso de nutrição da Faculdade Pitágoras, observa que as pessoas, atualmente, são muito imediatistas.
“Elas querem o resultado para ontem, ou seja, resultados imediatos. São anos para ganhar o peso em que se encontram e querem eliminar esse excesso da noite para o dia”, aponta.
Portanto, segundo ele, o melhor caminho para o emagrecimento saudável é a mudança do estilo de vida, dos hábitos comportamentais, sejam eles relacionados à atividade física ou à alimentação. Ter uma alimentação saudável e adequada contendo vegetais, frutas, menos açúcar, menos gordura saturada, alimentos ricos em fibra e benéficos para a saúde, associada à prática de atividade física – orientada por um profissional da área.
O descanso físico e mental também é importante, já que o processo de emagrecimento saudável comprovado ocorre a longo prazo.
Outro ponto importante é a melhora na fiscalização de medicamentos não prescritos e a maior conscientização, grandes passos para a solução do problema em questão.
A conscientização da população é a chave para evitar consequências graves oriundas da utilização de medicamentos por conta própria e sem a prescrição e a orientação de um profissional médico.
“As pessoas têm que parar de acreditar em “milagres” emagrecedores e entender que cada ser humano tem suas particularidades e, portanto, diferentes causas que contribuem para o aumento ou perda de peso. Mas uma boa fiscalização na venda de medicamentos ajuda no controle e diminuição da população ao risco”, ressalta o nutrologista Gustavo Feil.
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