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Facebook e Whatsapp são ferramentas para síndicos?

Condomínios adotam as redes sociais como alternativa, mas esses aplicativos podem acabar atrapalhando a gestão, de acordo com empresas especializadas

Por William Araújo

As redes sociais, cada dia mais significantes nas interações humanas, não estão restritas apenas ao contato pessoal, mas também ao profissional. Empresas, indústrias, instituições e outros, têm absorvido a instantaneidade e fazem desse atributo mais uma ferramenta de suporte ao gerenciamento.

A qualidade administrativa, dada pelos síndicos às redes sociais, é um exemplo do uso dessa ferramenta no âmbito profissional. Prédios inteiros são geridos, de forma amadora, sem a necessidade do constante contato face a face entre síndico e morador.

Alguns cursos para formação de Síndicos Profissionais, levados pela crescente adesão de seus clientes às redes, acrescentam em seu escopo tópicos sobre os problemas no uso dessa interatividade na administração de prédios. Explicam que a ferramenta é útil como qualquer outra, quando usada com sabedoria.

A empresa Síndico Net, responsável pelo portal www.sindiconet.com.br de cursos para profissionalização de síndicos, argumenta em circulares do site que o uso de redes sociais em demasia pode ser prejudicial.

Muitos grupos de Whatsapp podem, ao invés de organizar, trazer falhas de comunicação, atendimento e resolução de problemas. A Sindico Net e o Blog Condomínio aconselham o uso de um site de gestão próprio para não priorizar a administração pelas redes sociais.

Redes Sociais, problema ou solução?

O Facebook e WhatsApp, redes sociais mais comuns entre os administradores de prédios e condomínios, oferecem aos síndicos a oportunidade de criar grupos com os moradores e receber imediatamente as demandas do lugar, porém também podem se tornar vilãs.

Existem programas específicos de gestão para condomínios e empresas, como cita o site www.blogcondomínio.com.br, mas não suprem a praticidade de comunicação como o Whatsapp e Facebook o fazem.

Talvez, por isso, alguns síndicos de primeira viagem acabam por aderir totalmente a essas redes e posteriormente se encontram em apuros para administrá-las.

Ao questionar o empreendedor e criador do site www.blogcondominio.com.br, formado como Síndico Profissional, Lucas Schirm Caixeta, sobre  prós e contras do uso das redes sociais, foram elencadas algumas características que facilitarão o entendimento do assunto.

10 benefícios em usar as redes sociais para administrar um condomínio:

  1. O síndico poderá avisar ao condômino onde ele estiver
  2. O quadro de avisos do prédio se torna virtual, atingindo mais moradores
  3. A comunicação entre síndico e condôminos é mais barata (não excetua a necessidade do síndico imprimir avisos para os murais, mas diminuirá a impressão de cópias)
  4. O síndico consegue saber mais rapidamente sobre problemas estruturais
  5. O feedback dos condôminos é mais rápido
  6. Votações são mais ágeis e ficam registradas com mais facilidade (enquetes poderão ser criadas)
  7. O agendamento de reuniões é facilitado(o síndico poderá usar o Doodle, aplicativo para agendamento de reuniões)
  8. O agendamento do uso de equipamentos dos prédios é mais rápido (planilhas virtuais poderão ser compartilhadas entre os moradores)
  9. A segurança do condomínio passa a contar com uma rede de vigilantes (todos moradores passam a contribuir com informações sobre suspeitos)
  10. Possibilidade de haver troca de experiências entre vários síndicos de vários prédios que estão na mesma rua

10 problemas encontrados pelo síndico que usa redes sociais para administrar o condomínio:

  1. Você, síndico, ficará acessível a todo momento. Isso banalizará suas decisões.
  2. Você, síndico, acostumará seus condôminos a terem respostas imediatas, mas nem sempre as terá
  3. Os problemas do condomínio disputarão atenção com seus problemas pessoais
  4. O fluxo de informação requererá leitura continua para que não fique desatualizado
  5. A proximidade das redes sociais irá induzir alguns moradores a pedirem privilégios
  6. Moradores poderão, eventualmente, bater boca publicamente nas redes sociais
  7. Boatos serão pulverizados mais facilmente
  8. Não existirá uma base de dados que permita saber se os problemas são renitentes
  9. Nem todas as ações podem ser tomadas pelas redes sociais, como o envio de boletos por exemplo
  10. Falta da formalidade legal. As redes sociais, em maioria, não permitem ser auditadas (analisadas) para gerar documentações amparadas por lei

Em entrevista, Leonardo A. Souza, subsíndico em um prédio do bairro Buritis (região mais verticalizada de Belo Horizonte), responde a questões sobre o assunto:

– As redes sociais realmente auxiliam os síndicos a gerirem melhor os condomínios?

O que tenho percebido em relação a administração do condomínio é que a massificação do uso das redes sociais tem permitido progressivamente a inserção destas na solução dos problemas, principalmente aqueles relacionados ao dia a dia do prédio, e que demandam uma atenção imediata ou uma solução a curto prazo.

Nem sempre os que estão distantes da administração conseguem enxergar os inúmeros problemas comumente deflagrados em um condomínio, o que até então sem a utilização das redes sociais sempre se concentrou apenas nos síndicos, subsíndicos e administradores, pois todas as reclamações, sugestões ou solicitações individuais sempre foram direcionadas apenas para estes.

Com a inclusão das redes sociais e a formação dos grupos como os do WhatsApp, o que ocorre agora é que os problemas são compartilhados no grupo, permitindo que todos sejam informados ao mesmo tempo, sem haver a necessidade de fazê-lo em intermináveis reuniões, ou que o síndico tenha que entrar em contato com cada morador para expor alguma situação.

Pode-se citar como exemplos de problemas comuns que são resolvidos ou que a solução é iniciada com o uso das redes sociais aqueles relacionados a paralisação de elevadores, problemas com os portões de acesso das garagens, relacionados a falta de limpeza, à disposição inadequada de lixo e materiais em locais indevidos, ao excesso de barulho em dias e horários proibidos pelo regimento interno, entre outros. Destaca-se, também, sua utilidade em avisar as pessoas quando da realização de mudanças no prédio, quanto à marcação de reuniões, assembleias e até mesmo para disseminar campanhas de saúde, educação etc, que seja de interesse de todos.

– Quais os pontos fracos que as redes sociais apresentam enquanto usadas por síndicos para gerir condomínios?

O ponto fraco da utilização da rede social está relacionado, na minha opinião, com a dificuldade que, cada vez mais, as pessoas têm em conviver em grupo e resolver problemas que sejam de interesse daquele grupo, que no caso refere-se ao condomínio.

Extrapola-se muitas vezes a questão do condomínio direcionando os problemas para questões de ordem pessoal. Soma-se a isso as implicações relacionadas à dificuldade de comunicação por meio de frases muito curtas, o que por vezes “para alguns” acaba por gerar conflitos por se achar que aquele que encaminhou uma mensagem tenha feito isso de forma grosseira, faltando com a educação ou com segundas intenções.

O síndico hoje além de administrar o prédio tem que ter uma capacidade singular para administrar pessoas, ânimos exaltados, excessos, etc. A paciência hoje é uma virtude cada dia mais escassa e a preocupação com o próximo algo praticamente inexistente. Além disso, e até mesmo no caso de síndicos e subsíndicos sem remuneração ou compensações (o que vale também para os remunerados), as pessoas insistem em achar que essas pessoas são suas funcionárias 24 horas por dia para resolverem todo e qualquer problema.

Ao mesmo tempo cada dia vale mais a expressão – “enquanto a fila para reclamar de tudo só aumenta, a fila para ajudar a resolver os problemas do condomínio, por menor que sejam, só diminui”. Vivemos intensamente o novo paradigma das ciências sociais em que ninguém tem mais tempo para nada. As redes sociais virtuais são reflexo desse tempo.

Leonardo A. Souza

O empreendedor e CEO da startup Treepolar, Lucas Schirm, ressalta que o condomínio é uma empresa e que as ferramentas sociais são inerentes à comunicação e não administração. Afirma que essas redes são apenas um apoio, mas não devem ser tidas como gestoras finais.

https://soundcloud.com/user-683438839/depoimento-lucas-schirm1

Depoimento de Lucas Schirm sobre os prós e contras no uso das redes sociais para administrar condomínios

Comenta que apesar da praticidade, as responsabilidades oriundas do cargo de síndico não permitem que apenas esses aplicativos e redes sejam usados.

Assim como o Blog Condomínio, a empresa Sindico Net indica que estas ferramentas são verdadeiramente úteis, mas somente enquanto permanecem no próprio âmbito: a socialização.

 

William Araújo

Estudante de jornalismo no UniBH e repórter no Jornal Daqui BH - um parceiro hiperlocal do Portal UAI e Jornal Estado de Minas. "Os livros são o templo do jornalista, mas é nas ruas que ele congrega". William Araújo

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