É de conhecimento geral que praticar esportes é algo que vai muito além do lazer. Diversão, endorfina, alegria e socialização são alguns dos fatores envolvidos, mas que não definem tais atividades. Os benefícios para a saúde são alguns dos principais motivos para incentivar as pessoas a buscarem tais exercícios.
Melhora do humor, aumento da concentração, redução do estresse e maior qualidade no sono são algumas das vantagens mais comuns para pessoas que iniciam a prática de qualquer modalidade esportiva. Tais práticas trabalham diretamente com questões mentais e físicas, desenvolvendo e/ou aprimorando funções motoras, velocidade de raciocínio e de reação, aumento de força e melhora do condicionamento físico, características que são essenciais para uma boa qualidade de vida, principalmente para o público jovem, que está crescendo e se desenvolvendo.
Porém, vivemos em um cenário globalizado e dominado pela tecnologia, em que crianças e adolescentes se sentem cada vez mais atraídas por dispositivos tecnológicos do que por atividades físicas. Um levantamento feito pela OMS em 2019 aponta que 80% dos adolescentes do mundo inteiro não praticam atividades físicas com frequência e na intensidade adequada para sua faixa etária. A OMS considera que, dos 5 aos 17 anos de idade, são necessários, pelo menos, 60 minutos de exercícios diários.
Visão dos profissionais
Profissionais de educação física são grandes aliados para o incentivo de esportes de maneira adequada para as crianças, unindo a didática com a interação para chamar atenção dos jovens para prática.
Gustavo Henrique (24), professor de educação física e instrutor de futevôlei no centro de treinamento G2 Futevôlei, acredita que os esportes são uma ferramenta muito importante no processo de formação de uma criança. “Praticar esportes contribui para melhorar a autoestima, a imagem corporal, as funções cognitivas e de socialização das crianças em geral e em algumas que possam apresentar algum risco de saúde mental ou depressão.”, explica.
Gustavo ressalta que, além da importância para prevenção de doenças crônicas, controle de peso (obesidade infantil), controle de colesterol e condicionamento físico, o esporte tem uma grande carga educativa, em que são ensinados valores éticos e morais, como a socialização, a cooperação, a solidariedade, a disciplina, o espírito de equipe, o respeito pelos adversários e o valor da vitória e da derrota.
“O papel do professor é muito importante neste processo de formação das crianças. Os valores do esporte são os principais pontos a serem trabalhados e devem ser aplicados pelos professores durante as aulas de educação física desde o período escolar”, completa.
Moacir Alves (37), professor de educação física, especialista em treinamento esportivo e mestrando em treinamento funcional, afirma que uma das maiores motivações de sua carreira é a inserção das crianças nos esportes. “Posso afirmar que a melhor forma para criança aprender o esporte é através de mini jogos e brincadeiras, buscando trabalhar junto o desenvolvimento motor e cognitivo”, destaca.
Para Moacir, é necessário que as crianças conheçam o maior número de esportes possível, pois isso auxilia a desenvolver a capacidade coordenativa, o senso coletivo, a habilidade motora e capacidade de interpretação e intervenção. Além disso, ele também cita benefícios básicos da prática rotineira para os jovens, como a melhora coordenativa, evolução física, desenvolvimento psicomotor e melhora de relações interpessoais.
E os benefícios para o corpo?
É importante ressaltar que as práticas esportivas têm um papel primordial para a saúde física das crianças também, auxiliando no processo de desenvolvimento humano, que tem seu aprimoramento motor principalmente durante a infância. João Victor Leite (26), fisioterapeuta, especializado em esporte, cria conteúdos em seu perfil do instagram dando dicas sobre saúde do corpo.
João explica que a saúde, por definição, trata-se do bem estar físico, mental e social de uma pessoa. “Temos o costume de pensar que a prática de esportes quando criança ajudam apenas esse lado social, através da interação com outras crianças, ou então o aprendizado sobre regras, valores gerais”, realça.
A frase “nosso corpo foi feito para o movimento!” é muito usada pelo fisioterapeuta, que reforça a importância de incentivar a prática de esportes para crianças, pois, por meio dela, capacitamos as crianças para serem ativas e, consequentemente, facilitar outros aprendizados.
Ao contar um pouco mais sobre sua profissão e como ela é aplicada na vida de crianças, principalmente com foco na saúde do corpo e incentivo a “movimentação do corpo”, João Victor afirma: “na fisioterapia, costumamos investigar a história da criança para avaliar se existe algum atraso nesse processo de desenvolvimento dela. Assim, conseguimos entender o que pode ser trabalhado para melhorar, principalmente, o movimento. Todas essas intervenções podem ajudar a criança a prevenir desconfortos ou até mesmo lesões em outras etapas da vida”.
Almir Junior (24), morador do Buritis, é atleta amador de futebol e participa de torneios nas categorias Futebol 7 (ou society) e futebol de campo, e vive o esporte intensamente desde o seus 7 anos de idade, quando começou a jogar na equipe de futebol de salão do Colégio ICJ (Instituto Coração de Jesus). Ele conta que a prática teve grande influência em sua saúde mental e física, pois encontrou no futebol uma maneira de manter o corpo saudável enquanto diminuía tensões e estresses causados pela rotina.
“A prática do esporte desde a infância ajuda muito na saúde, melhora da capacidade intelectual, maior comprometimento com o esporte e a coordenação motora”, salienta.
O bairro Buritis se destaca pelo grande incentivo ao esporte, contendo inúmeros centros para práticas de diferentes modalidades, possibilitando um maior alcance às crianças em variadas atividades. Além disso, conta com iniciativas que buscam chamar a atenção de jovens para o esporte, como o projeto “Bom na Bola, Bom na Vida”, fundado em 2009 por Carlos Vasconcelos (60), conhecido como Karlinhos.
O projeto oferece oficinas gratuitas para crianças e jovens de quatro a dezessete anos com enfoque no incentivo ao esporte e, também, no desenvolvimento de bairros e comunidades carentes por onde o “Bom na Bola, Bom na Vida” atua. Para conhecer melhor este e outros projetos promovidos por moradores do bairro Buritis, leia a matéria Moradores do Buritis abrilhantam a comunidade.
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