EMPRESÁRIOS DA ÁREA DE FESTAS BUSCAM ALTERNATIVAS SEGURAS PARA O PÚBLICO

Por Thayane Domingos

E, de repente, tudo mudou. Cancelamentos e adiamentos de festas e eventos foram inevitáveis diante das medidas de prevenção para conter aglomeração de pessoas e evitar que o novo coronavírus circule com mais facilidade. O setor de eventos foi um dos mais afetados. Com isso, os profissionais tiveram que se reinventar para continuar levando aos consumidores a alegria de festejar com segurança.

Muitos empresários estão tentando negociar com seus clientes e credores para amenizar os efeitos da crise. Em pesquisa realizada pelo SEBRAE, 34% devolveram o dinheiro de serviços contratados e 35% deles contam que conseguiram negociar com os clientes para usarem os créditos futuramente.

Outros estão se reinventado para continuar os trabalhos. Como é o caso da empresária Juliana Silvino, de 39 anos, que chegava a realizar uma média de 150 festas por ano com o seu buffet. Neste ano, Juliana chegou a realizar alguns eventos. “Agenda completa em fevereiro e março. Realizei eventos até o dia 14 de março”, conta a empresária. Com o adiamento e cancelamentos de festas, Juliana teve que adiar 15 eventos que realizaria nos meses seguintes.

DRIBLAR A CRISE USANDO A CRIATIVIDADE

Foi quando percebeu que deveria usar a sua criatividade para driblar a crise. “Criei o “Brincando em Casa”, uma seleção de jogos infantis para as crianças ocuparem o tempo em casa. No decorrer das vendas, fui inventando outras opções de jogos e kits conforme a demanda”, completou Juliana Silvino.

Foto: aquivo pessoal de Juliana Silvino. Um dos seu kits do “Brincando em Casa”.

Com essa ideia, ela teve um aumento de clientes e chegou a vender 50 kits por semana. Mas, apenas isso não ajudou e, infelizmente, teve que demitir seus funcionários, principalmente por ter que adiar festas em locais fechados. Está apenas com uma funcionária, que está afastada pelo INSS.

Com a pandemia, as pessoas começaram a fazer as comemorações em casa e para poucos convidados. Os buffets e confeitarias também tiveram que se adaptar a esse “novo normal” e, para não perder clientes, a empresa Delícias da Ana teve que partir para as vendas online.

“Antes da pandemia, fazíamos entre 20 e 25 eventos por mês, entre eles casamentos, aniversários, batizados e corporativos. Nos primeiros 15 dias de quarentena, nossas vendas chegaram a zero. Aí começamos com o delivery de copos para sobremesa e assim conseguimos recuperar um pouco”, conta Fernanda de Carvalho, que trabalha na empresa.

Outras alternativas também foram encontradas. “Criamos, na Páscoa, kits de presentes diferenciados, e conseguimos aumentar as vendas. No Dia das Mães, lançamos uma caixinha linda para presentear, e nos destacamos”, completa Fernanda. Com essa ideia, tiveram que aumentar o quadro de funcionários para o apoio interno, que a ajudam em todos processos necessários para o funcionamento da empresa.

Além dos kits, a Delícias da Ana criou a “festa na caixa” para atender os aniversariantes que, neste momento, não podem se reunir com os amigos para comemorar uma data tão importante.

“Pensando em como atender a necessidade de comemorar os momentos especiais, criamos a “festa na caixa” personalizada, e não esperávamos tanto sucesso. Temos dois kits, um que tem o bolo e doces, e outro que inclui também salgados, assim a festinha já chega pronta para a comemoração. Os clientes compram para presentear ou até mesmo para seu consumo próprio”, conta Fernanda sobre a novidade que vem atraindo muitos clientes.

Foto: arquivo da Delícia da Ana. Kit feito para “Festa na Caixa”, um dos mais pedidos pelos clientes.

O MARKETING FORTALECENDO NAS VENDAS

O marketing também é muito importante e ajuda a movimentar a economia. Hoje, diante das situações que a pandemia está apresentando, todos os profissionais liberais estão avaliando suas formas de venda, se adaptando para o meio digital e criando novos conteúdos e produtos para atrair e fidelizar novos clientes.

O e-commerce cresce a cada dia, o isolamento social trouxe impactos significativos para o varejo, com isso, muitas empresas começaram a vender pela internet. A Compre&Confie, em um comparativo feito no mês de abril deste ano, mostrou que o e-commerce brasileiro faturou R$9,4 bilhões. Comparado ao mesmo período do ano passado, são 81% de crescimento.

Muitas empresas que não faziam esse tipo de trabalho estão tendo a sua primeira experiência, como foi o caso da Delícias da Ana, que teve que aderir ao comércio eletrônico. “A primeira medida foi a inclusão da nossa empresa nos aplicativos de entrega”, fala Fernanda.

A pandemia trouxe um resultado expressivo para quem estava ou para quem ainda não trabalhava dessa forma, como foi o caso da empresária Juliana Silvino, que trabalha com vendas de balões, caixinhas personalizadas.

“Tenho 70% das vendas sendo realizadas por rede social, e demais sendo feitas por clientes já fidelizados”, afirma a empresária. Essas mudanças de vendas por redes sociais estão em um nível ainda maior, estão muito mais explícitas, como afirma a publicitária Marcela Coutinho:

“Antes, quem não queria investir em marca e marketing, ainda conseguia levar de uma certa maneira. Hoje em dia, com a questão da pandemia, ficou muito escancarado que não tem como ficar sem. Você, antes, ia a um restaurante, agora você não pode ir ao restaurante mais, a maneira que esse restaurante tem de chegar até você, ou dele te entregar tudo, depende muito do online, tanto de ter uma rede social bacana, de ter um material visual que seja atraente, até os próprios canais de vendas também. Para você pedir uma pizza, você pede por um aplicativo, a empresa precisa estar, no mínimo no aplicativo,” explica Marcela.

Neste momento, o volume de trabalho na área de publicidade aumentou bastante, como foi o caso da agência da Marcela. “Nós trabalhamos com questão de marca para as empresas, posicionamento, branding. O nosso volume de trabalho aumentou, porque eram muitas empresas que antes ficavam resistentes e não queriam e achavam que não precisavam das redes sociais, pois vendiam assim mesmo, e aí veio a pandemia e elas precisam do nosso trabalho, porque muitas delas não sabem nem por onde começar”, afirma a publicitária.

Esse trabalho com marketing para vendas pelas redes sociais foi muito notado pela Delícias da Ana, que teve um crescimento significativo nas vendas pelas plataformas. “Sem dúvida, pela rede social é onde mais vendo, com a inovação dos kits personalizados, tivemos um crescimento enorme e as vendas aumentaram 85%”, relata a representante da empresa.

MENSAGENS PARA O PÓS COVID-19

Para alegrar o dia das pessoas queridas, a criatividade foi (re)surgindo e, com isso, o quase extinto “carro de mensagens” voltou. “Com certeza é uma ótima opção, visto que não é muito seguro sair. Aliás, a pessoa que desejar presentear uma pessoa especial, pode fazer isso sem sair de casa”, conta Gleidson da Cruz, o locutor do Amor e Paixão.

Foto: Instagram Amor & Paixão.
Uma homenagem para a ex-BBB Gabriela Martins.

A procura por surpreender as pessoas com o “carro de mensagens” cresceu bastante. Para a empresa de Gleidson, houve crescimento de 200% nos pedidos. Hoje, as mensagens não são mais destinadas a apenas aniversários ou namoros.

“Sempre fizemos muitas mensagens de declarações de amor, amizade e reconciliação. Mas agora, além desses temas, temos sido surpreendidos com muitos pedidos de mensagens para pessoas que se recuperaram da Covid-19. Uma mensagem motivacional e de esperança para esses super-heróis que venceram essa doença terrível”, conta Glaidson.

Jornal Daqui BH

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