Por Maíra Leni e Wallyson Teles
Final de ano está chegando e é hora dos pais começarem a pensar na educação dos filhos em idade escolar.
A cidade de Belo Horizonte possui diversas escolas infantis de excelente qualidade. Atualmente, são 62.987 crianças de até 5 anos matriculadas na rede municipal de ensino, sendo 39.431 na rede própria e 23.556 na rede conveniada. No bairro Buritis, especificamente, só existem instituições particulares.
O número de estudantes matriculados em instituições particulares aumentou de acordo com dados do Censo Escolar da Educação Básica de 2014. A rede privada concentra, atualmente, 18,3% das matrículas, com 9.090.781 de alunos. Ao todo, o Brasil registrou 49,8 milhões de alunos matriculados em instituições de ensino básico e educação infantil.
O Instituto Educacional Ipê Amarelo, localizado na Rua Tereza Mota Valadares, é dirigido pela pedagoga Maria Elizabeth. No espaço costumava funcionar, até 2016, a Escola Modello. Atualmente, a escola atende crianças de 0 a 5 anos de idade, e crianças de 0 a 2 anos no berçário.
Os objetivos da escola são: ampliar gradativamente as possibilidades de comunicação e expressão; desenvolver a habilidade de pronunciar palavras; ensinar a criança a expressar-se com sequência lógica; estabelecer relações interpessoais; desenvolver o vocabulário e o significado das palavras, propiciando o conhecimento do alfabeto e desenvolver o raciocínio lógico-matemático.
Com uma média de uma colaboradora para cada grupo de quatro crianças, a escola é composta por cinco salas amplas e arejadas. Para a diretora, Maria Elizabeth, o trabalho da escola se organiza por meio da pedagogia de projetos, oficinas e brincadeiras.
“Todo esse trabalho se divide em múltiplas linguagens. Para a linguagem oral e escrita, por exemplo, o ideal é realizar rodas de leitura, poesias, identidade, sinalização, troca de livros, tudo para incentivar a leitura,” afirma a diretora.
“Além desses exercícios, o instituto estimula a linguagem audiovisual por meio de filmes e desenhos nas plataformas convencionais. As professoras levam músicas, parlendas e rimas, que estimulam as expressões corporais. (…) É importante salientar que brinquedos, massinhas, giz, tinta, tudo faz parte do ensino nas crianças. Esses materiais, por exemplo, fazem parte da linguagem plástica.”
Segundo Maria Elizabeth, na educação infantil, é necessário incorporar as funções de educar e cuidar. “Não há um conteúdo educativo desvinculado dos gestos de cuidar e que qualquer atividade para a criança e com a criança tem um sentido educativo.”
A família, o convívio da criança em casa é outro fator importante, que pode influenciar, de maneira direta, na educação e na vida escolar. A criança necessita de um aparato familiar firme para que consiga se dedicar às brincadeiras, deveres e exercício de maneira integral.
]Ao ser questionada sobre o que é educar a diretora foi categórica:
“Educar significa propiciar situações de cuidado e aprendizagens que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal.“
A região do Buritis possui duas instituições com ensino bilíngue (português e inglês): Coleguium Internacional e a Escola Americana de Belo Horizonte (EABH). Na EABH, por exemplo, as crianças podem iniciar os estudos a partir dos três anos e seguir até o ensino médio. Após a formação, os estudantes saem com diploma em língua americana e portuguesa.
Na fase inicial, os educadores buscam ensinar o inglês através de músicas, brincadeiras e do abecedário americano. A partir de 5 anos, iniciam o processo de ler e escrever com as duas línguas simultaneamente. Por isso, os alunos têm a aula com professores estrangeiros e brasileiros, que falam inglês fluentemente, podendo, assim, se expressar com eficiência.
Para conseguir realizar esse processo de fala em língua estrangeira fluente, a escola busca introduzir o inglês ainda na infância.
“Todos os dias eles têm aula para aprender a ler e escrever em português. Nas outras matérias, o conteúdo será dado em inglês. A criança tem uma imersão dentro da língua inglesa”, afirma o gerente de marketing, Rodolpho Araújo.
Cientistas britânicos e americanos descobriram que, entre dois e quatro anos de idade, existe uma janela crítica de formação no cérebro – período em que este está aberto a um determinado tipo de experiência – para o aperfeiçoamento da linguagem. Assim, a imersão de crianças em um ambiente bilíngue, antes dos quatro anos de idade, oferece uma melhor chance de elas se tornarem fluentes em ambas às línguas, sugere a pesquisa divulgada em 2013.
Como citado anteriormente, o Buritis não possui UMEIs e escolas públicas. Segundo o presidente da Associação de Moradores do bairro Buritis (ABB) Bráulio Lara, alguns fatores são responsáveis pelo bairro não ter escolas públicas em seus domínios. Um deles seria a forma como o Buritis foi projetado, sem a inclusão de loteamentos exclusivos para estes tipos de obras.
“O bairro inicialmente era para ser residencial, principalmente para ser ocupado por casas. Mas com o passar do tempo, a região acabou se tornando um local com uma quantidade expressiva de prédios”, afirma Bráulio.
Ainda segundo o entrevistado, o poder público acabou deixando o planejamento em segundo plano, em razão das várias construções realizadas.
O presidente informou que, após realizar um levantamento, foi constatada a existência de dois lotes no bairro de domínio público. Um localizado na Rua Geraldo Luz Vasconcelos, no final da avenida Mário Werneck, em direção ao anel rodoviário e outro lote na rua Ístria Ferraz, ao final da avenida Deputado Cristovam Chiaradia. Os dois loteamentos foram citados como possíveis candidatos para a construção das escolas públicas. Um ponto negativo para a escolha dos lotes seria a localização fora do eixo central do bairro, localizado na Avenida Mário Werneck.
No site da Associação existe uma demanda para a elaboração de projetos de construção das escolas no bairro. Segundo o presidente, há uma vontade para a implementação das unidades escolares.
Ainda de acordo com Bráulio, o fato de o Buritis ser considerado de classe média alta, não deveria ser um argumento utilizado para justificar a falta de escolas públicas na região. Para ele, o projeto pode ser concretizado a partir do momento que a população do bairro pressionar o poder público, para que assim sejam realizadas as obras necessárias na construção das escolas públicas.
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