DIVERSIDADE E RESPEITO: PROJETO MOSAICO

Por Letícia Sudan, 5º período de Jornalismo

O Mosaico é um projeto de extensão do Centro Universitário de Belo Horizonte – UniBH, idealizado no primeiro semestre de 2020, por alunes, professores e Núcleo de Orientação Psicopedagógica e Inclusão – NOPI. Com seu início no segundo semestre de 2020, o objetivo foi intensificar a discussão sobre a diversidade e inclusão dentro do espaço universitário.

Segundo dados do Atlas da Violência 2020, disponibilizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea, o número de denúncias, no Brasil, por lesão corporal contra pessoas LGBTQI+ chegou a 306. Já o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostra crescimento de 7,7% dos registros de agressão a pessoas LGBTQI+. O anuário ainda fala que apenas 11 estados brasileiros contabilizam os casos. Por consequência, esses dados confirmam a necessidade de trazer pautas sobre diversidade para a sociedade. 

O projeto Mosaico trouxe valores importantes para a diversidade e diferenças, que foram discutidos em reuniões e eventos ao longo do semestre. Devido a necessidade do distanciamento social por conta da pandemia da COVID-19, as atividades foram promovidas em ambientes virtuais, trazendo temáticas atuais e em diferentes formatos: roda de conversa sobre voto feminino, com as então candidatas a vereança como Duda Salabert, Sara Azevedo, Tainá Rosa e Lauana Lara.

Aconteceu também uma imersão cultural sobre “Negritude e Sociedade” com Camila Souza e, por fim, uma peça de teatro com  uma discussão sobre Solidão e Solitude, com Luna Vitoriano, Fernanda Xavier e Halysson Félix. Dessa forma, a comunidade participou como ouvinte e porta-voz nessas atividades. De maneira organizada, criaram um Instagram consistente para divulgar os eventos: @projeto_mosaico

ORGULHO DE PARTICIPAR DO MOSAICO

Segundo Isabella D’ávila, do NOPI, é necessário reconhecer que as diferenças são importantes para construirmos espaços democráticos, com múltiplas ideias e em busca por uma sociedade mais inclusiva. “Eu tenho muito orgulho do resultado do projeto, e estou animada para as próximas construções no próximo ano. As construções e os laços, fortalecidos pelo propósito da diversidade, me enchem de muita alegria”, disse Isabella. 

Para Thiago Figueiredo, aluno do 6º período de Relações Internacionais e participante do Mosaico, o projeto vem da importante urgência de promover as diversidades e lutar contra injustiças enfrentadas por grupos sociais marginalizados. “É um espaço no qual alunes podem ter acesso a um acolhimento e valorização de suas identidades plurais. Também é um lugar de aprendizado e reconhecimento, importante para desmistificar e combater preconceitos. O projeto busca ser uma instância de escuta e reivindicação de demandas da população LGBTQI+, da população negra, das mulheres, PCD’s, pessoas gordas e demais grupos sub-representados, dentro e fora do campus. O Mosaico pode agir junto à comunidade para lutar por estes direitos diversos, que são frequentemente violados na sociedade belorizontina e brasileira”, disse ele. 

A professora do UniBH, Flávia Virgínia, disse que sua experiência foi muito assertiva e que aprendeu muito com as abordagens teóricas. “É um projeto de alune para alune e comunidade externa, no sentido que sou mais uma facilitadora, uma pessoa que ajuda a organizar os processos, do que uma pessoa que propõe coisas. As proposições são todas encabeçadas pelos integrantes do Mosaico. Minha experiência tem sido essa, de me desconstruir como professora e facilitadora.” 

“Quando iniciou o semestre, participei junto com alunes da elaboração dos eventos e do contato direto com convidades. Foi uma boa forma de aprender mais sobre a diversidade, entender as demandas da organização de um evento, de estabelecer contatos e exercer o trabalho em equipe. Adoraria participar novamente, ainda mais pelo significado do projeto em termos de possibilidades para um outro ambiente acadêmico e outra realidade social: mais plural, mais justa, mais empática e acolhedora”, finalizou Thiago  sobre sua experiência com o projeto. 

O USO DO PRONOME NEUTRO

Você pode ter achado estranho a forma como algumas palavras foram escritas neste conteúdo. Usei pronomes neutros em homenagem ao projeto. 

Os pronomes neutros estão cada vez mais presentes nos últimos tempos, eles são mais uma maneira de integrar a diversidade na sociedade. Dessa forma, é usado a letra “E”, no final de algumas palavras, ao invés de “A” ou “O”, por exemplo: alune. Esses pronomes buscam mostrar que existem pessoas não-binárias, ou seja, que não se enxergam nem com o gênero masculino e nem feminino. 

Jornal Daqui BH

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