Por Beatriz Fernandes e Thayane Domingos
Nesta segunda-feira (6), começaram a ser divulgados nas redes sociais, rumores sobre suposta contaminação na região do bairro Buritis. O primeiro paciente foi internado no dia 19 de dezembro e a investigação começou no dia 30 de dezembro, depois que o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS Minas) foi notificado. A primeira e única morte foi confirmada na terça-feira (7). Paschoal Dermatini Filho, 55 anos, passou o natal no bairro e estava internado em Juiz de Fora.
Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, declarou na quarta-feira (8) que a contaminação pode ter tido origem no envenenamento por metais pesados.
Ainda na quarta-feira (8), dois novos casos foram notificados, totalizando 7 pacientes internados, que permanecem até hoje (sexta-feira,10). Curiosamente, todos são homens na faixa etária de 23 a 76 anos, e 6 deles moram ou estiveram na região do Buritis nas últimas três semanas.
Os primeiros sintomas apresentados são dores abdominais, gerando náuseas e vômito, seguidos de perda parcial da visão (amaurose) ou até mesmo paralisia facial, evoluindo para insuficiência renal.
A razão ainda é incerta, por isso o Ministério da Saúde declarou, em nota, estar em “investigação epidemiológica, tais como a confirmação diagnóstica, a busca e descrição dos casos, o levantamento e a análise de hipóteses sobre o modo de adoecimento para o desencadeamento de ações de prevenção e controle da doença”. Além disso, instrui que pessoas que apresentem os sintomas procurem o centro de saúde mais próximo em até 24 horas. A Funed (Fundação Ezequiel Dias) formou uma equipe técnica de 6 pessoas para a realização de exames laboratoriais sobre o caso.
Duas amostras da cerveja Belorizontina foram recolhidas nas casas dos pacientes para análise. O resultado foi divulgado na coletiva de imprensa, realizado na noite de ontem, quinta-feira (9), e apontaram a presença do composto orgânico dietilenoglicol, que pode desencadear sintomas parecidos aos dos pacientes. Amostras recolhidas pela Polícia Civil ontem na cervejaria Backer, no bairro Olhos D’Água, foram também enviadas para análise. Além disso, recolheram mais cervejas de outras quatro pessoas das sete infectadas e encaminharam à Vigilância Sanitária de Belo Horizonte.
A substância foi encontrada nos Lotes L1 1348 e L2 1348 da bebida. A Polícia Civil instrui que não sejam ingeridos os produtos fabricados nesses lotes e que os consumidores entrem em contato pelo número (31) 99536-4042, que a própria Backer disponibilizou exclusivamente para o agendamento de horário para recolhimento domiciliar.
A orientação da AMIS (Associação Mineira de Supermercados) é retirar de circulação apenas as garrafas dos lotes da cerveja em que foram encontradas a substância. Contudo, a maior parte dos supermercados de Belo Horizonte e região está fazendo a retirada total da cerveja Belorizontina, independente do lote, até que as investigações sejam concluídas. No Espírito Santo, em um supermercado da rede Carone, foram recolhidos todos os produtos, mesmo não fazendo parte dos lotes que foram apresentados pela Polícia Civil.
O composto encontrado é também conhecido com éter de glicol. Ele é usado, geralmente, no processo de refrigeração de cervejarias industriais e, em caso de ingestão, provoca sintomas similares aos observados nos pacientes, podendo até mesmo levar a óbito quando ingerido diretamente e em grandes quantidades. A substância é líquida, de cor clara, podendo ser misturada facilmente à água e solventes como o álcool. Anteriormente, houveram casos de ingestão do produto químico na Nigéria e Bangladesh. As vítimas apresentaram sintomas de náuseas e vômito, causando mortes.
Em esclarecimento, a Backer disse que, “após entrevista coletiva nesta tarde (9), a Polícia Civil divulgou laudo informando que a substância dietilenoglicol foi identificada em duas amostras recolhidas da cerveja Belorizontina na casa de clientes, que vieram a desenvolver os sintomas. Vale ressaltar que essa substância não faz parte do processo de produção da cerveja Belorizontina, fabricada pela Cervejaria Backer.
Por precaução, os lotes em questão – L1 1348 e L2 1348 – citados pela Polícia Civil, e recolhidos na residência dos consumidores citados, serão retirados imediatamente de circulação, caso ainda haja algum remanescente no mercado. A Cervejaria Backer continua à disposição das autoridades para contribuir com a investigação e tem total interesse que as causas sejam apuradas, até a conclusão dos laudos e investigação.”
A Polícia Civil e órgãos competentes continuam as investigações do caso.
Postos para entrega voluntária da Belorizontina, disponibilizados pela Prefeitura de Belo Horizonte, a partir 13/01, das 08h às 17h:
Barreiro: Avenida Olinto Meireles, 327 – Barreiro
Centro-Sul: Avenida Augusto de Lima, 30, 14ª andar – Centro
Leste: Rua Salinas, 1.447 – Santa Tereza
Nordeste: Rua Queluzita, 45 – Bairro São Paulo
Noroeste: Rua Peçanha, 144, 5º andar – Carlos Prates
Norte: Rua Pastor Murilo Cassete, 85 – São Bernardo
Oeste: Avenida Silva Lobo, 1.280, 5º andar – Nova Granada
Pampulha: Avenida Antônio Carlos, 7.596 – São Luiz
Venda Nova: Avenida Vilarinho, 1.300, 2º Piso – Parque São Pedro
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