Por Alexandre Santos
Passar o cartão no caixa do supermercado tem sido cada vez mais doloroso para o bolso do cidadão, isso porque os valores dos condimentos comercializados estão ficando cada vez mais altos. É o que mostra o estudo divulgado, em janeiro, pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), que indicou variação positiva nos gastos mensais, em comparação à última quadrissemana de dezembro de 2021. É importante lembrar que quando falamos em “variação positiva”, entende-se um aumento na despesa, que dobrou de valor, de um período para outro.
O Índice de Preços do Consumidor Amplo (IPCA) de Belo Horizonte, cujo objetivo é medir a evolução da renda de famílias com até 40 salários mínimos (40.400.00), apresentou uma variação positiva de 0,90% na terceira quadrissemana de janeiro de 2021. Este período engloba a última semana de dezembro de 2020 e as três primeiras do primeiro mês do ano de 2021. A Fundação também publicou o Índice de Preços do Consumidor Restrito (IPCR), referente às famílias com renda de até cinco salários mínimos. Na pesquisa, os dados apresentaram uma variação positiva de 0,54%.
O economista, Rodrigo Fortes, reforça que este não é um bom cenário, sobretudo para as famílias de baixa renda.
“A variação positiva dos gastos das famílias demonstra que os preços dos itens de consumo avaliados pelo IPCA estão se encarecendo, ou seja, sofrendo inflação. Isso representa, para o belo-horizontino, um poder de consumo cada vez menor, principalmente para as famílias com poder de compra restrito, visto que o peso da variação para essas famílias é mais sentido no dia-a-dia”, argumenta.
Segundo dados do estudo divulgado pela Fundação, que conta com o apoio da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), estão entre as maiores contribuições do cidadão belo-horizontino: o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), apresentando 3,17% na variação de preço, a refeição, com 3,60%, a gasolina, com 1,78%, e o cabeleireiro, com variação de 8,38%. Entre as menores contribuições apontadas pela pesquisa, surpreendentemente, estão a tarifa de energia elétrica, com -3,19% na variação do preço, o curso de pós-graduação, com – 7,02%, e o pão francês, com – 3,16%.
José Luciano, morador do bairro Betânia, bairro da Região Oeste de BH, que é dono de uma lanchonete, conta que foi necessária uma readaptação financeira em casa, tendo em vista que, com o fechamento do comércio na capital mineira, a renda da família foi diretamente atingida.
“No início da pandemia, a situação financeira da minha família se manteve estável devido à nossa reserva financeira. No entanto, com o passar do tempo, e com a permanência da grande maioria do comércio fechado, impactando diretamente no negócio da família, passamos a ter um poder aquisitivo menor”, relata.
Já a moradora do bairro Buritis, também na Região Oeste da cidade, Daniela Fernandes, que é perita contábil, conta que durante o período pandêmico, apesar de ter sentido o peso no setor da alimentação, não foi necessária uma readaptação na administração do dinheiro em casa. “Nos primeiros meses da pandemia abrimos mão da diarista por questões de segurança”, ressalta.
Calculado com base em uma coleta de dados acerca dos preços de diversos produtos, o IPCA é um importante indicador da economia, seja à nível nacional ou local. O objetivo do estudo é medir a variação dos valores de produtos e serviços, que podem auxiliar o consumidor final. O IPCR segue a mesma lógica do índice anterior, porém, seu recorte abrange as famílias com renda de um a cinco salários mínimos.
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Não ta facil pra ninguem :/
Triste saber como nosso dinheiro está valendo tão pouco. Ótima matéria!