Por Giullia Gurgel
Após liminar da justiça, a pedido do Ministério Público, crianças de 5 a 11 anos voltam às escolas nesta terça-feira, em Belo Horizonte.
De acordo com o Decreto Nº 17.856, de 27 de Janeiro de 2022, a suspensão da realização de aulas e demais atividades presenciais destinadas a crianças da faixa etária de 5 a 11 anos, em instituições de ensino públicas e privadas, seria até 13 de fevereiro de 2022.
Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) afirmou que caberá a cada rede ou sistema de ensino as ações necessárias para o cumprimento da regra.
Para o infectologista José Geraldo, as decisões da prefeitura cabem à situação atual, de grande demanda da saúde pública.
“A questão é que, com o período de vacinação, estamos evitando grande frequência nos postos de saúde porque eles estão cheios de pessoas com sintomas respiratórios. Com isso, as escolas, umas três por região, estão prestando esse serviço de vacinar nessa faixa de cinco a onze anos. Então as decisões são muito mais difíceis do que as pessoas avaliam, olhando só um aspecto, né?”, indaga.
Desde o dia 17 de fevereiro, a PBH determinou que a vacinação das crianças de 5 a 11 anos será realizada apenas em escolas municipais, para evitar o contato direto com os infectados pela covid-19 nos postos de saúde.
Em entrevista coletiva no dia 26 de janeiro, Kalil afirmou que o adiamento da volta às aulas era necessário para que as famílias tivessem tempo de imunizar as crianças.
Resposta da população
Após o anúncio da PBH, pais foram às ruas para protestar contra o adiamento da volta às aulas. O decreto do prefeito Alexandre Kalil gerou grande indignação dos responsáveis pelas crianças de 5 a 11 anos. A manifestação, intitulada “Escolas abertas já!”, ocorreu duas vezes, sendo a última no sábado (5/2).
Para Samira Abdala, mãe do Luis de 10 anos, as crianças devem retornar às escolas o quanto antes.
“A escola é essencial. Enquanto os adultos circulam livremente, as crianças ficam em casa.” Já está mais do que provado que as escolas são seguras. Além do mais, as crianças são as únicas que respeitam o uso das máscaras”, observa.
Segundo o infectologista e pediatra, José Geraldo, a questão não é tão simples, pois há fatores que, de fato, contribuem para o adiamento do retorno presencial.
“Eu sou muito favorável a escolas abertas. Agora eu acho que as pessoas fazem uma simplificação, como se iniciar a escola fosse apenas um ambiente intraescolar. Tem a questão do transporte, que movimenta muita gente, os funcionários das escolas, as cantineiras, os serventes que vêm em ônibus lotados. E essas crianças retornam para suas casas, onde às vezes tem pessoas com vulnerabilidades”, afirma.
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