Foto: Dariusz Sankowski/Reprodução Pixabay

Por Alexandre Santos e Thayane Domingos

O Clube do Livro, biblioteca comunitária do bairro Buritis, na região Oeste de Belo Horizonte, foi inaugurado em 2018. Administrada pelo grupo Meu Bairro Buritis e Região, a biblioteca é uma iniciativa livre, em que todos podem participar, pegando ou doando livros para o acervo. A biblioteca, feita com doações da população, que apoia o projeto, está localizada na cafeteria Sterna Café, na rua Desembargador Edésio Fernandes, número 144. 

O propósito do clube, que não possui fins lucrativos, é incentivar o hábito da leitura. Cada visitante tem o direito de ler o livro no local, ou levar o exemplar para casa, contanto que deixe outro livro no lugar, para agregar no acervo da biblioteca.

O administrador do projeto, Leonardo Régis Orrico, conta que a ideia de promover uma campanha de doações de livros usados surgiu quando uma moradora do bairro, participante do grupo Meu Bairro Buritis, o ligou oferecendo o controle de um pequeno grupo de literatura na internet.

“Assim, resolvemos promover uma campanha de doações de livros usados. Em algumas semanas, recebi várias centenas de exemplares, que a princípio ficaram na minha casa”, explica.

Leonardo conta que, no princípio, o projeto recebeu doação de muitos livros, todavia, como o espaço era limitado e muitos exemplares eram repetidos ou estavam em mau estado de conservação, alguns foram doados para a “Casa do Saber”, [UdW1] biblioteca comunitária dirigida por moradores de rua, na Avenida Barão Homem de Melo, também na região Oeste de BH. 

O administrador do projeto ainda explica que, como o clube é livre, não existe nenhum tipo de registro de quem doa ou de quem usufrui do material disponível. “Infelizmente, não guardamos os nomes de quem doou. Muitos até nem ficamos sabendo quem era. Mas aproveito a oportunidade para agradecer a todos”, finaliza Leonardo.

Iniciativas como essa são importantes para a construção de uma sociedade. A leitura, além de ajudar na criatividade, aprimora a escrita, o desenvolvimento de um pensamento mais crítico e analítico.. Para o professor universitário, Maurício Guilherme, as bibliotecas comunitárias também “são espaços de encontro, espaços de experiências, espaços de convívio intelectual e humano, são espaços de debates, espaços de trocas não só de livros, mas de experiências humanas”.

“Estimular a leitura é, hoje, a possibilidade de você também articular ou investir em uma série de outros dispositivos, não necessariamente analógicos como o livro, para estimular a lógica da leitura. Isso requer vontade política e investimento em iniciativas”, finaliza o professor. 

Imagem da biblioteca comunitária do bairro Buritis – Foto: Facebook do Clube do Livro

CONSUMO DE LIVROS CRESCE NA PANDEMIA

A pandemia, decorrente do novo coronavírus, impactou significativamente o cotidiano de muita gente. A população se viu obrigada a reestruturar suas rotinas para a realidade do isolamento social, adquirindo novos hábitos, como o da leitura.. 

Segundo dados do décimo Painel de Varejo de Livros, divulgados em outubro de 2020, às livrarias brasileiras faturaram cerca de R$ 125 milhões, o que representa um aumento de 4,73% na venda de livros e 7,31% em faturamento, comparado ao mesmo período de 2019. 

O crescimento dos livros digitais, os e-books, talvez justifique o notório aumento no número de venda de livros durante o período pandêmico. De acordo com dados levantados pelo Instituto de Pesquisa Nielsen, em parceria com o Sindicato Nacional de Editores de Livros (SNEL), o mercado digital aumentou 115% seu faturamento, e o consumo de plataformas com esse tipo de conteúdo apresentou um aumento de 37% no último ano.  

Todavia, independente de qual seja o meio de consumo, pelo livro tradicional ou por alguma plataforma online, a leitura é e sempre será uma das melhores formas de disseminar e agregar cultura e conhecimento.