Por Alexandre Santos
Imagine um mundo em que máscaras e protocolos de segurança sanitária não passam de lembranças. Desde o princípio do período pandêmico, é grande a expectativa pela cobertura vacinal da população, sendo esse um resquício de esperança pelo retorno da “normalidade”.
Um ano após a aplicação da primeira dose contra a Covid-19 (SARS-Cov 2), finalmente a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a aplicação da vacina Comirnaty, produzida pela Pfizer, em crianças de cinco a onze anos. De acordo com o portal da Anvisa, a permissão só foi possível após uma criteriosa análise técnica. De acordo com a instituição, tal avaliação durou cerca de 21 dias.
Sobre a demora para a aprovação do imunizante para o público infantil, Felipe Julião, médico infectologista, que trabalha no Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE) da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), explica que isso se deve ao fato do organismo infantil ainda não estar totalmente preparado para ter contato com antígenos.
“A maioria das vacinas são oriundas de algum tipo de doença atenuada, e com a Covid-19 isso não é diferente. Então há de se ter um certo cuidado nas vacinas para crianças, assim como acontece com pessoas portadoras de doenças crônicas”, elucida.
Questionado se existe uma diferença entre as doses aplicadas no público infantil e das que vêm sendo direcionadas ao público adulto, o infectologista argumenta que toda vacina possui uma posologia adequada e individual.
“Por exemplo, no caso da vacina contra Hepatite B, em crianças a dose é de 0,5ml, em adultos de 1,0ml, em pessoas com comorbidades ou doenças crônicas, 2,0 ml. Em geral, as doses de vacina contra o coronavírus variam em torno de meio a um ml, sendo que a diferença entre doses não está no quantitativo, mas no mecanismo de ação de cada uma delas”, pondera.
Davi Seremramiwe, um indígena de oito anos, da etnia Xavante, foi a primeira criança brasileira a receber uma dose do imunizante. A aplicação aconteceu em São Paulo na última sexta-feira (14), com presença do governador do estado, João Dória. No mesmo evento, outras 14 crianças também foram vacinadas. Em Minas Gerais, Miguel Bittencourt, que é autista, foi quem recebeu a primeira aplicação da Comirnaty da Pfizer.
Em Belo Horizonte, a campanha de vacinação também começou no sábado (15), seguindo a recomendação do governo federal de priorizar crianças indígenas, quilombolas, com comorbidades, síndromes e doenças crônicas. De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), para receber as crianças da cidade foram abertos cerca de 85 centros de saúde.
As crianças que vão receber a primeira dose do imunizante devem estar acompanhadas por um responsável e apresentar: documento de identificação com foto ou certidão de nascimento, CPF, comprovante de residência e cartão de vacina. No caso de crianças com algum tipo de comorbidade será necessária a apresentação de um comprovante, como laudo, prescrição ou relatório médico.
Luciane de Pinho (31), moradora do bairro Jardim América, localizado na Região Oeste da capital mineira, conta que está com uma expectativa muito grande para vacinar seu filho, Pedro, que completou 11 anos recentemente. “Da mesma forma que eu tomei a vacina, também gostaria que as crianças fossem imunizadas, principalmente meu filho, para que ele não pegue essa doença que é devastadora e triste”, opina.
Para auxiliar na diferenciação entre os frascos das doses destinadas ao público infantil das que são direcionadas para maiores de doze anos, a embalagem do frasco é impressa em uma cor diferente. O frasco da vacina para crianças de cinco a onze anos é laranja, enquanto a versão “adulta” é roxa.
As novas datas do cronograma de vacinação infantil contra a Covid-19 ainda não foram divulgadas.
Os postos de vacinação funcionam de segunda à sexta-feira, de 9h às 17h.
A história da vacinação no Brasil começa em 1837, no século 19, quando a coroa decretou a vacinação compulsória de crianças contra a varíola. De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a vacina contra a doença trata-se de um líquido de pústula de vacas doentes.
Mesmo com a obrigatoriedade da aplicação das doses, a ideia de injetar tal líquido no próprio organismo sofreu com a resistência da população que acreditava que o imunizante acarretaria na obtenção de “feições bovinas”. Parece que já ouvimos essa história em algum lugar, não é mesmo?
Vacinas não transformam pessoas em animais, muito menos alteram seu código genético. Vacinas ajudam o sistema de defesa do organismo a combater naturalmente possíveis infecções, uma vez que, em um indivíduo vacinado, o organismo consegue desenvolver uma resposta imunológica contra o “invasor”.
Apesar do caráter obrigatório da vacina contra varíola para crianças desde 1837 e adultos desde 1846, as doses não eram necessariamente aplicadas na população. Isso porque a indústria farmacêutica não conseguia produzir a quantidade necessária de imunizantes para toda a comunidade, alcançando a tão desejada escala comercial apenas em 1884.
Diante do progresso da doença e do crescimento na produção de vacinas, o presidente da república, Francisco de Paula Rodrigues Alves, sancionou a Lei Nº 1.261, de 31 de outubro de 1904. Segundo consta no Portal da Câmara dos Deputados, o decreto exigia a apresentação de um “atestado” para matrícula em escolas, viagens, casamentos e, até mesmo, para conseguir um emprego.
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Demorou, mas chegou! Finalmente as crianças serão vacinadas.