Por Paola Siman

Em 1986, Maria Aparecida dos Santos se mudava para o Betânia. Ela conta que tudo era muito diferente do que é hoje. Quando se mudou, na década de 80, o que queria era criar os dois filhos em um lugar tranquilo. “Sempre gostei muito daqui. Criei meus filhos nessa mesma casa que moro e eles podiam brincar na rua, andar de bicicleta, jogar bola com tranquilidade. Não tinha esse movimento, não tinha perigo”, lembra.

O aumento do movimento do bairro se deu por causa da melhoria da infraestrutura na região. Para ela, só houve benefício e, agora, é possível encontrar tudo que precisa no bairro: supermercados, agências bancárias, farmácias, lojas de roupas e calçados, padarias e vários outros tipos de comércio.

As lembranças mais marcantes de Maria sobre o bairro são do córrego que passava perto da sua casa e da plantação de repolho que ficava onde hoje é a Praça da Amizade, conhecido ponto do bairro onde muitos vão para fazer exercícios e levar as crianças para brincar.

Avenida Úrsula Paulino. Foto: Paola Siman.

SOBRE O BAIRRO

 O bairro Betânia faz parte da região Oeste de Belo Horizonte. Com fácil acesso à várias regiões da cidade, como o Centro, região Centro-Sul, Barreiro e a cidade de Contagem, o bairro se valorizou atraindo estabelecimentos de grande porte.

De acordo com a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), o Betânia é um importante centro comercial da capital mineira e o setor de comércio tem grande importância para a região, já que abastece os bairros vizinhos, como Palmeiras, Vista Alegre, Milionários e Marajó.

Existem várias vias de acesso para a região: o Anel Rodoviário, a avenida Tereza Cristina, a Via do Minério, a avenida Dom João VI e a avenida Úrsula Paulino, principal via que corta todo o bairro.

A AVENIDA ÚRSULA PAULINO

Com mais de 2 quilômetros de extensão, a avenida Úrsula Paulino atravessa todo o bairro Betânia. Foi em volta dela que o comércio do bairro se desenvolveu e, em toda sua extensão, é possível ver as inúmeras lojas que fazem parte do dia a dia dos moradores.

A moradora do bairro Wanderlice Furtado, se mudou do Nova Suíssa para o Betânia há 48 anos, no início da década de 70. Em uma conversa com a equipe do Jornal DaquiBH, ela conta que foi a primeira moradora da sua rua, perpendicular à grande avenida, e lembrou como era o lugar na época da sua mudança.

“O chão era todo de pedra, a água só vinha de três em três dias e não tinha esgoto. Só depois de uns anos que a Copasa chegou aqui. Eu lembro também que as casas da rua eram todas iguais, com os muros baixinhos, e a chave de uma porta abria a de todas as outras casas. Mas era um bairro muito familiar, não acontecia nada”, comenta.

Segundo Wanderlice, alguns comerciantes chegaram no bairro na mesma época que ela, e se instalaram na avenida Úrsula Paulino. “Alguns estão aqui até hoje. Tem a Casa Helô, que é a loja de armarinho, a Padaria Diplomata, a Drogaria Edem, o Bar do Yé-Yé, onde comprávamos leite. Além de outras que não existem mais, como o Armazém do Picolé, que tinha de tudo. Todas são lojas tradicionais daqui do bairro, da minha época”, completa.

Infográfico: Paola Siman.

TODO BAIRRO TEM UMA IGREJA PRA CHAMAR DE SUA

 Assim como os outros estabelecimentos, a Paróquia São Sebastião faz parte da história do Betânia.  Segundo relatos dos moradores, João Alves do Vale doou o terreno para a Igreja, onde foi construída uma capelinha que recebeu o nome de São Sebastião. Ali, eram realizadas as missas para os moradores dos sítios da região e eram celebradas as festas de São Sebastião e Santo Antônio.

Com o crescimento da comunidade, o Padre Paulo Lopes de Faria, com a ajuda de moradores, construiu a igreja, em 1962. O Padre Paulo também foi o responsável por oficializar o bairro na prefeitura, em 1964, mudando seu nome de Várzea do Felicíssimo para Betânia.

A igreja sobrevivia com a ajuda de voluntários e, durante muito tempo, não teve vida religiosa organizada. Só em 1973, a capela foi decretada Paróquia de São Sebastião da Vila Betânia e a comunidade se uniu para construir a casa paroquial e grande parte do centro social que existe hoje.

Em dezembro de 1985, a Comunidade Missionária de Villaregia (CMV), obra da Igreja Católica fundada na Itália, chegou ao bairro e implantou um novo plano paroquial para atingir mais a comunidade.  Desde então, a CMV é responsável pelo Centro de Acolhida do Betânia e suas atividades sociais.

FAMÍLIA ALVES DO VALE

As terras da região foram doadas ao Conde Felicíssimo Alves do Vale, que dava nome ao local, antes chamado de Várzea do Felicíssimo. Sua família habitava os sítios da região e foram importantes para a construção do bairro Betânia.

Seus descendentes dão nome, tanto a ruas, quanto a escolas do bairro, como a Escola Estadual Emília Cerdeira. Alguns logradouros com nomes de seus familiares são a Rua Emília Alves do Vale e a Rua Augusto José dos Santos, onde fica o Parque Jacques Custeau.

Rua Emília Alves do Vale. Foto: Paola Siman.

FOTOS HISTÓRICAS DO BAIRRO BETÂNIA