Por Amanda Ferreira
Hoje, dia 22 de março, comemora-se o Dia Mundial da Água. Tal celebração destaca a importância desse recurso natural para a vida no planeta. A água, além de compor boa parte do nosso organismo e do mundo, possui também inúmeras utilidades e está presente em quase todas as atividades humanas que permitem o desenvolvimento da sociedade.
Diante da sua relevância para a nossa existência e da necessidade urgente de manter esse recurso disponível, surgiu o Dia Mundial da Água, data criada em 1992, pela Organização das Nações Unidas (ONU), para ampliar a discussão sobre o tema.
Já sabemos de todos os benefícios que esse recurso pode trazer, mas a água também pode se tornar uma vilã se não for tratada da forma correta.
Em Belo Horizonte, motivos para ocorrerem enchentes e inundações não faltam, mas o principal se deve ao fato de que o município esconde, embaixo das camadas de concreto e asfalto, grandes rios que foram canalizados ou aterrados: as chamadas ‘’avenidas sanitárias’’.
De acordo com um levantamento realizado pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), 25% dos cursos d’água de Belo Horizonte estão cobertos por concreto. Trata-se de, aproximadamente, 165 km de água de um total de 654 km de rios que cruzavam a capital mineira.
A canalização dos rios começou a partir da especulação de construtoras para o desenvolvimento de novas pistas e imóveis. O objetivo era resolver os problemas de inundações e de saneamento, mas a ação apenas “cobriu a sujeira”. Atualmente, restam apenas 96 km de rios em leitos naturais em Belo Horizonte, a maioria tomada por lixo e esgoto.
De acordo com a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA), Belo Horizonte é abastecida pelo Sistema Integrado de Abastecimento de Água Metropolitano, composto por fontes de produção localizadas nas bacias hidrográficas do Rio das Velhas e do Rio Paraopeba, formados pelas represas do Rio Manso, Serra Azul e Vargem das Flores.
A integração destas fontes de produção se dá a partir de determinados reservatórios de distribuição, sub adutoras e redes alimentadoras entre sistemas de mesma bacia ou de bacias diferentes.
O macrossistema de distribuição conta com 60 grandes reservatórios que abastecem, exclusivamente ou parcialmente, o município de Belo Horizonte, que conta também com aproximadamente 7 mil quilômetros de redes de distribuição.
As fortes chuvas na capital mineira já se desdobraram em cenários alarmantes devido às inundações e enchentes, principalmente na Avenida Tereza Cristina. Nos últimos anos, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) executou algumas intervenções para mitigar as enchentes na região, como a implementação de duas bacias no córrego Túnel/Camarões, na região do Barreiro, e as bacias de detenção da primeira etapa do Córrego Olaria/Jatobá, que ainda não obtiveram resultados diante do cenário atual.
Além das intervenções executadas pela PBH, foi criado um Comitê Especial com o objetivo de controlar as enchentes que atingem a avenida Teresa Cristina. O grupo é composto por membros das prefeituras de Belo Horizonte e Contagem e Governo do Estado. As prefeituras serão as responsáveis por operacionalizar as intervenções necessárias em seus respectivos municípios, enquanto o governo mineiro construirá as unidades habitacionais para realocar famílias que precisarem ser removidas das áreas onde serão construídas as bacias de detenção.
Desde o início das obras de recuperação da cidade, por decorrência das fortes chuvas que acometeram a capital no início de 2020, são realizadas obras de contenção nas encostas do córrego Cercadinho, na Região Oeste de Belo Horizonte, com objetivo de oferecer estabilidade ao local.
Já foram concluídas as obras no trecho próximo à esquina da rua das Orquídeas com a rua Espatódia, no bairro Betânia, em uma contenção em gabião que custou aproximadamente R$ 569 mil.
A contenção e estabilização das margens do córrego na avenida Arcésio Rodrigues, bairro Havaí, teve sua primeira etapa concluída e, atualmente, obras de complementação estão em andamento. Além disso, também foi feita, pela Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel), uma obra de contenção na rua Zilhah Rodrigues.
A Prefeitura informou que o processo licitatório para contenção de encosta no córrego Cercadinho, próximo à rua Quaresmeira, no bairro Marajó, já está homologado e aguardando a emissão da primeira ordem de serviço.
Para evidenciar o que foi apagado da paisagem e da memória de BH, a artista visual, Isabela Prado, desenvolveu o projeto Entre Rios e Ruas. O trabalho é executado em diversas plataformas artísticas e vem sendo idealizado desde 2006. A ideia é estabelecer um diálogo com a cidade por meio do afeto e da memória da paisagem urbana.
‘’O projeto tem como proposta trazer a luz reflexões sobre o meio ambiente, o papel do indivíduo, dos espaços públicos e suas relações com a água’’, explica Isabela.
No início de 2020, com autorização da Subsecretaria de Planejamento Urbano, a artista instalou mais de duzentas placas para sinalizar os córregos canalizados, mapeando vários pontos de interseção entre rios e ruas na região central do município. O projeto “Sobre o Rio”, nº 0118/2017, foi aprovado no Edital 2017, oriundo da Política de Fomento à Cultura Municipal (Lei nº 11.010/2016) e conta com o patrocínio do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e do UniBH.
”A instalação das placas ocorreu em duas etapas. A primeira em fevereiro/março, logo antes da quarentena, e a segunda em novembro, quando a prefeitura permitiu a retomada de algumas atividades na cidade”, conta a artista.
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