Por Ana Maria Rocha
No dia 9 de março deste ano, a capital mineira passou a contar com mais um serviço de saúde pública: o Hospital Público Veterinário de Belo Horizonte. A proposta é atender cães e gatos de famílias que moram na cidade e não têm condições de pagar por um tratamento veterinário. O hospital está localizado no bairro Carlos Prates, região Noroeste do município.
O projeto do hospital foi feito pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) e da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (Anclipeva) – Seção São Paulo, Organização da Sociedade Civil (OSC).
A gestão do hospital também conta com o apoio da Anclivepa-SP, que atua desde 2012 no serviço veterinário e tem parceria com 10 hospitais públicos veterinários no país.
O cenário para animais abandonados em Belo Horizonte
Segundo a PBH, o aumento no abandono de animais e maus tratos pode ter relação com a pandemia de Covid-19. O Centro de Controle de Zoonoses da capital fez uma comparação entre janeiro de 2020 e janeiro de 2021, e o resultado aponta que o número de animais recolhidos subiu cerca de 53,1%.
Segundo Leonardo Maciel, gerente de Defesa dos Animais da Secretaria Municipal do Meio Ambiente da PBH, o objetivo do hospital é atuar no apoio ao controle de zoonoses, reduzindo a transmissão de doenças e evitando o abandono de animais. Assim, a ideia é também melhorar o trânsito, com a consequentemente redução de acidentes por atropelamento nas vias públicas.
Maciel afirma que, com o funcionamento do hospital, famílias que não tem condições de pagar tratamentos veterinários vão ter acesso à atendimentos de urgência, exames de imagem e laboratoriais, cirurgias e internação.
“Com a abertura do hospital, é possível que o número de animais abandonados diminua a médio e a longo prazo, porque se trata de atendimento básico a animais de pessoas de baixa renda”, ressalta o gerente.
Eliana Malta é diretora da Rock Bicho, organização não governamental, sem fins lucrativos, que tem o objetivo de promover a guarda responsável e a defesa dos direitos dos animais em Belo Horizonte. Segundo ela, a luta por um hospital é parte de uma defesa por políticas públicas, que acompanham cobranças pela execução da Lei 21970/16, que trata do controle populacional, guarda responsável e inclui a proibição ou regulamentação de canis de venda de filhotes.
Apesar da inauguração do Hospital Veterinário, a diretora da Rock Bicho aponta que o número de vagas para atendimento é insuficiente para a demanda de animais. Mas, ela acredita que, com o passar do tempo, tendo uma administração que tenha regras claras e bem informadas, o número de atendimentos terá um ajuste e, com isso, mais animais serão atendidos.
Ellen Almeida, integrante da ONG Opa Bicho, que também atua no resgate de animais, enfatiza que a maior preocupação são as fêmeas, porque, segundo ela, procriam de maneira desordenada. Para Ellen, o hospital público é de suma importância para a população que não tem condições de pagar um tratamento veterinário e também para os animais em situação de abandono.
Ellen comenta, no entanto, que a situação de abandono não vai diminuir por agora devido ao processo de castração dos animais de rua.
O hospital atenderá animais abandonados com a companhia de um tutor, mas, devido à pandemia, atualmente, está restrito aos casos de urgência e emergência a um limite de 30 animais por dia.
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