Por Giullia Gurgel
Após mais de 2 anos, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) multou a cervejaria Backer em R$5 milhões, devido à contaminação que matou dez pessoas e deixou várias outras com sequelas.
Segundo todos os dados apurados ao longo do processo, a punição é consequência de infrações administrativas. A empresa não pode mais recorrer da multa no âmbito administrativo, já que a tentativa foi esgotada em todos os recursos.
O ministério havia autorizado a retomada parcial da produção e comercialização da empresa no último mês.
“As penalidades foram impostas devido ao estabelecimento ter ampliado e remodelado a área de instalação industrial registrada, sem devida comunicação ao Mapa; deixar de atender intimações, dentre elas a de recolhimento dos produtos; alterar a composição de cervejas sem a prévia comunicação; comercializar cerveja sem devido registro do produto e por produzir, engarrafar e comercializar 39 lotes de cerveja com presença de monoetilenoglicol ou dietilenoglicol (substâncias tóxicas)”, afirmou o ministério.
Retomada de produção
A Cervejaria Três Lobos, responsável pela marca Backer, informou, no dia 8 de abril, que obteve autorização para a retomada da produção em seu parque industrial, em Belo Horizonte (MG). A empresa é produtora das cervejas Capitão Senra, Tommy Gun e Medieval.
“O processo de reabertura contou com o acompanhamento das autoridades e órgãos competentes e observou todos os critérios legais e técnicos”, disse, em nota, a cervejaria.
A Backer estava impedida de funcionar desde janeiro de 2020, quando teve as atividades interditadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em decorrência da contaminação da cerveja Belohorizontina. Segundo as análises, foi identificada a presença de dietilenoglicol em diversos lotes de cervejas. Com bens dos sócios-proprietários bloqueados, desde então, a empresa alega que o retorno da produção e das vendas é necessário para suprir seus compromissos financeiros.
Confira na íntegra a nota do Mapa:
“O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) confirma que a Cervejaria Backer foi autorizada, na manhã desta sexta-feira (08), a retomar a produção e comercialização de cerveja na fábrica. Essa liberação foi concedida de forma parcial para duas adegas no parque industrial da empresa.
O Mapa esclarece que a empresa atendeu às exigências feitas para garantir a segurança dos produtos, referentes às condições dos tanques de fermentação e equipamentos que serão utilizados neste retorno. A cervejaria ainda substituiu em seu processo o fluido refrigerante por solução hidroalcoólica – solução que contém água e álcool.
O processo de produção de cerveja no parque fabril vem ocorrendo desde novembro de 2021, após vistoria executada por auditores fiscais federais agropecuários do Mapa. Os produtos produzidos foram informados semanalmente ao Ministério que realizou a coleta de cada lote e dos fluidos refrigerantes. Com a aprovação das análises, fica a Cervejaria Backer autorizada a comercializar seus produtos.
Já em relação ao funcionamento do restaurante, anexo à planta fabril, informamos que este é de competência dos órgãos de vigilância sanitária. A comercialização de bebidas no estabelecimento pode ocorrer se os produtos estiverem devidamente registrados no Mapa, como é o caso da cervejaria Backer.
Em janeiro de 2020, o Mapa interditou a cervejaria e determinou o recolhimento de todos os produtos, após a ocorrência de casos de contaminação. Análises identificaram a presença de contaminante dietilenoglicol em diversos lotes de cervejas da Backer”.
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