Por Carolina Cunha
A população dos Buritis tem questionado a aparente redução do quadro de horários de linhas de ônibus, principalmente do 5201, que oferece a locomoção para diversos estudantes universitários do bairro. Segundo o departamento técnico do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH), no entanto, não houve redução. “O quadro de horários está sendo cumprido. O que não está conseguindo ser feito, hoje, é que a gente tinha quase 3 mil ônibus na cidade e hoje temos 2.400, mais de 400 ônibus tiveram que ser vendidos para tapar buraco das empresas”, afirma o Setra ao Jornal DaquiBH.
“O quadro de horários está sempre sendo realizado, o que tem sido feito ultimamente é adequar alguns horários quando a gente observa alguma demanda crescente em determinado local e enfim, cada ponto, em cada linha específica. No caso da linha 5201, os horários de faculdade da manhã, noite e da tarde, todos tiveram um aumento no horário de viagem. O detalhe é que a demanda hoje está muito alta em relação ao passado”, infere o sindicado.
O valor da passagem, de acordo com o SetraBH, permanece em uma situação de defasagem. Para que isso possa melhorar, o poder público teria que entrar em cena com objetivo de pagar a diferença do valor. Assim, o valor da passagem não sofreria aumento, mas essa diferença teria que ser bancada pelo poder concedente como é feito em outras capitais. “Caso isso aconteça o sistema ganha um equilíbrio”, reforça o sindicato.
O SetraBH realça que o valor da passagem interfere diretamente nas empresas de ônibus. 50% do valor recebido por meio das tarifas faz parte do cálculo de óleo diesel, mão de obra referente aos motoristas e aos funcionários de garagem. Considerando só o custo do óleo, esse valor seria de 22%, mas hoje chega a 32%.
O departamento técnico ressalta: “se pegarmos a conta do que é arrecadado pelo sistema e o que tem que ser gasto pelas empresas, a conta não fecha. Ou seja, o sistema está funcionando em colapso e essa parte de manutenção de insumos de óleo lubrificante, pneu, isso tudo entra dentro da conta de manutenção que também vai para tarifa.”
O fator que impacta na regularidade da linha 5201 é o bairro Buritis não ter faixa exclusiva para ônibus. “Então um problema generalizado aqui em Belo horizonte é não ter a prioridade para os ônibus, algumas regiões na cidade o ônibus anda a 17 por hora e, em outras, anda a 15. O ônibus que anda a 15 não consegue cumprir todos os horários por dia, vai ter problema”, ressalta o Departamento Técnico do SetraBH.
O que precisa ser melhorado no Buritis?
“O que a gente propõe é exatamente isso, não só a faixa exclusiva, mas também que, em alguns horários, especialmente no horário da manhã e no pico da tarde, fosse dada prioridade às vias arteriais, ou seja, à avenida Amazonas, a própria Afonso pena, a Pedro ll, a Antônio Carlos, dentre outras”, observa o sindicato.
“A gente sabe que o atendimento melhora a partir da melhor qualidade da frota, também dos veículos e da questão do equilíbrio financeiro, porque se as empresas não tiverem como dar manutenção adequada, e colocar óleo e combustível diariamente, a gente vai ter problema ao longo de todo o processo”, alerta.
Aline Xavier, estudante do Centro Universitário de Belo Horizonte – UniBH, diz que a diminuição da linha 5201 tem dificultado o acesso ao bairro. Quando consegue pegar o ônibus, lida com a superlotação. “Na maioria das vezes os ônibus não param os pontos em que os passageiros usam a linha”, pontua.
Além disso, a estudante reclama sobre o conforto, pois, em sua visão, as empresas podem melhorar o ar-condicionado, que na maioria das vezes não está funcionando, pois, na maioria das vezes, os ônibus estão cheios.
Para a vida do estudante, o aumento da passagem é um fator que impacta bastante.
“Acho que será um absurdo se realmente ter o aumento, pois os ônibus não possuem uma infraestrutura adequada para transportar os passageiros, estão deixando muito a desejar no serviço, e ainda não existem mais os cobradores, o que sobrecarrega os motoristas”, lamenta Aline.
Para muitos estudantes, o ônibus acaba sendo uma dependência. “É uma sensação de inutilidade, porque infelizmente é o único meio de transporte que mais atende no momento, sentimos uma sensação de abandono por parte dos órgãos públicos e privados”, pondera. “Essa dependência nos deixa ainda mais cansados do que quando saímos de casa.”
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