Por Fernanda Freitas
Como consequência da pandemia do novo coronavírus, precisamos nos adaptar à uma nova realidade, ao isolamento social. Isso fez com que algumas atividades se tornassem ainda mais importantes, e o trabalho dos motoboys é uma delas.
As entregas no sistema delivery se tornaram uma alternativa para que grandes e pequenas empresas continuassem funcionando, e também abriram portas para algumas pessoas que perderam seus empregos.
O ramo teve um enorme crescimento desde o início da pandemia. Ezequiel Amiceto, administrador em uma empresa de entregas, revela que viu as atividades crescerem em torno de 15%. Segundo o administrador, isso exigiu um aumento de 10% na equipe de motoboys para fazer uma média de 500 entregas diárias. O crescimento se deve à escritórios – principal nicho de atuação -, que precisaram migrar o trabalho para o home office.
Se tratando especificamente dos trabalhadores dos aplicativos de refeições, houve um boom desde o início da pandemia. Segundo cálculos da Análise Econômica Consultoria, houve crescimento aproximado de 158% de trabalhadores apenas no primeiro semestre de 2020. Foram de 250 mil trabalhadores durante todo o ano de 2016, para 645 mil até junho de 2020.
“Com certeza, o número dobrou ou mais”, afirma Gilson de Sousa Gonçalves sobre o número de entregadores nas ruas. Ele trabalha há 11 anos como motoboy e diz que sempre gostou de trabalhar em locais fixos, mas com a pandemia, as oportunidades de trabalho efetivo caíram e muitos estabelecimentos tiveram que paralisar suas atividades ou fechar as portas.
O grande número de novos adeptos ao trabalho de entregas por aplicativos de delivery fez com que viessem à tona os desafios e dilemas da categoria. Gilson sentiu os efeitos da grande oferta de mão de obra. Atuando em todos os apps de delivery, ele concorda que as condições ficaram mais difíceis.
“Tem muito motoqueiro e os valores caíram muito. E aumentaram a quilometragem – o raio de atendimento -, por valores muito injustos.”
Para mudar o cenário, os entregadores organizaram uma greve, chamada de “breque dos aplicativos”. Nos dias 01 e 25 de julho, entregadores de várias cidades do país paralisaram suas atividades como protesto, reivindicando melhorias como:
– reajuste de preços: os entregadores recebem entre R$4,50 e R$7,50 por entrega, dependendo do app e da distância;
– fim de bloqueios indevidos: os entregadores contestam as políticas para aplicação de punições ;
– amparo em caso de acidentes: os entregadores não têm nenhum auxílio caso sofram acidentes durante o trabalho;
– equipamento de proteção individual (EPI): não há oferta de equipamentos para segurança e higiene.
O movimento foi repercutido por meio da hashtag #BrequedosApps. Como resultado, foi promovido um encontro com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), para os entregadores discutirem suas exigências e Projetos de Lei em tramitação. O PL 1665/2020, que define os direitos dos entregadores durante a pandemia de coronavírus, ainda corre em tramitação.
Com um número maior de motoboys nas ruas, a venda de motos também cresceu. A Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), divulgou que, em agosto, foram emplacadas 95.961 motos, um aumento de 12,7% em relação à julho, quando foram 85.148 motocicletas emplacadas. Se comparados os dados com agosto do ano anterior, o crescimento foi de 8,3%.
A procura por motos pela internet também subiu. A plataforma de comércio eletrônico OLX teve, nas primeiras semanas de junho, crescimento de 13% em relação à março. A busca de mochilas de motoboy teve alta de 43%.
Aconteceram, inclusive, a promoção de ações tendo os motoboys como público-alvo. A Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte promoveu, entre 13 de julho e 15 de setembro, a Campanha Ande Seguro, direcionada a motociclistas e motofretistas, com ações gratuitas. As ações aconteceram em 10 diferentes pontos da capital.
A iniciativa, que tinha como objetivo ofertar informação sobre o coronavírus, possibilitou aos participantes, entre outros serviços, o check-up nas motos, instalação de antenas corta cerol, a entrega de kits de higiene, lanches e sorteios de brindes, além de teste rápido para coronavírus na primeira parada realizada.
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Todo dia, sem exceção, eu vejo vários moto-entregadores avançarem sinal vermelho, dirigirem na contramão, circularem com velocidade acima da permitida, dirigirem em zigue-zague entre outros veículos, etc., mas não vejo fiscalização ou punição para isso... até quando???