Por Beatriz Fernandes e Thayane Domingos
Uma paciente de Viçosa deu entrada no hospital São João Batista na quinta-feira (9), com sintomas similares aos outros pacientes. Sobre o caso, a Prefeitura de Viçosa esclareceu, por meio de nota, que
“após receber, na tarde dessa sexta-feira (10), da direção do Hospital Municipal São João Batista, registro de internação de paciente com quadro clínico de doença renal e que a mesma afirma ter consumido cerveja Belorizontina (Backer), imediatamente encaminhou cópia do prontuário e exames para a Regional de Saúde.”
O nome e idade da paciente ainda não foram divulgados.
Em São Lourenço, o dentista Ney Eduardo Vieira Martins, que esteve em Belo Horizonte em novembro, deu entrada no hospital na terça-feira (7) com sintomas primeiramente classificados como virose gastrointestinal. Após repercussão dos casos, sua esposa fez associação dos sintomas de Ney Eduardo com dos outros pacientes internados, já que também consumiram a cerveja enquanto estavam na capital. Ela acionou a Vigilância Sanitária, a Superintendência Regional de Saúde de Varginha e a Prefeitura de São Lourenço. No sábado (11), Ney Eduardo viajou para Belo Horizonte, onde se consultará com um nefrologista.
Com esses dois novos casos, sobe o número internados, somando hoje (segunda, 13) 10 pacientes, todos com ligações ao consumo da cerveja Belorizontina. A substância dietilenoglicol foi encontrada em exames de sangue de três dos pacientes internados. Com isso, a SES-MG informou que o protocolo de tratamento dos internados mudou. Agora, eles têm recebido medicamentos específicos para neutralizar os efeitos da substância.
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais declarou, em nota técnica destinada a médicos e hospitais, que ampliará a investigação para casos desenvolvidos desde novembro como forma de precaução. Até agora, a Fundação Ezequiel Dias (Funed), que tem pesquisado sobre os casos, descartou as seguintes doenças: arboviroses, febres hemorrágicas (febre amarela, hantavirose, leptospirose, riquequétsioses), infecções bacterianas e fúngicas sistêmicas, doenças neuroinvasivas, sarampo, hepatites virais, doença de Chagas, HIV, tuberculose, meningites e encefalites.
A cervejaria foi interditada na sexta-feira (10) pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e teve 16 mil litros da cerveja apreendidos. A Backer divulgou um comunicado no sábado, esclarecendo que a interdição da fábrica, no bairro Olhos d’Água, foi uma medida meramente preventiva. Entretanto, o bar e restaurante da cervejaria permanece aberto.
O delegado da Polícia Civil de Minas Gerais, Flávio Grossi, declarou hoje (13) que mais um lote está contaminado com as substâncias dietilenoglicol e monoetilenoglicol, ambas usadas no processo de conservação de cervejarias. A cervejaria Backer havia declarado não fazer uso da primeira substância, mas que usava a segunda, que é menos tóxica. O novo lote é o L2 1354, e o delegado explica que esse não estava concentrado apenas no bairro Buritis. Isso porque esse lote não é exclusivo apenas à fabricação da Belorizontina, mas também da cerveja Capixaba, que tem a mesma composição, mas é comercializada no Espírito Santo.
A Polícia Civil também investiga uma possível sabotagem no processo de fabricação da cerveja. Isso porque, no dia 19 de dezembro, um supervisor da cervejaria registrou boletim de ocorrência por ameaça de morte, por parte de um funcionário demitido. Ele declara no boletim que o ex-funcionário teria ficado muito agressivo após a demissão. Ainda não se tem informações mais detalhadas sobre o caso.
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