por Mylene Alves
No Brasil, o verão é a estação que marca o início do ano, trazendo calor e maior umidade. O clima, no entanto, também favorece o aumento da proliferação dos animais peçonhentos e dos insetos. Os riscos desse fenômeno são perceptíveis. Em meses com tempo mais chuvoso, os animais podem procurar abrigo nas residências mais próximas.
Em um país tropical como o Brasil, a atenção tem que ser redobrada quanto ao aumento no número de tais animais. Números do Escritório da Qualidade do Hospital Universitário Clemente Faria (HUCF), que fica em Montes Claros, apontam que os acidentes mais comuns são picadas de escorpião. O HUCF contabilizou 2.689 casos em 2020, pouco menos que no ano anterior, 2019, em que 2.770 vítimas foram registradas.
CONTRIBUIÇÕES NATURAIS
O assessor técnico e médico veterinário do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Minas Gerais (CRMV-MG), Marcelo Paiva, explica as influências decorrentes da mudança climática.
“Entre as causas, podemos citar a maior atividade deles durante períodos mais quentes, o período reprodutivo de algumas espécies e também as chuvas, alagamentos e queimadas, que podem provocar desalojamento desses animais e a entrada deles em residências na procura de novo alojamento”.
Os animais que mais aparecem em ambientes urbanos, segundo Marcelo, são baratas, ratos e, entre os peçonhentos, o escorpião. Segundo Marcelo, eles se adaptam à convivência com o ser humano e, para evitar as consequências negativas disso, é recomendado que as famílias se conscientizem para não oferecer aos animais os “quatro A’s”, que significam “Abrigo, Acesso, Alimento e Água”, que são grandes atrativos.
Melissa Rios, moradora do bairro Estrela Dalva, Região Oeste de BH, relata ter notado aumento no aparecimento de baratas e aranhas, mesmo em lugares que não seriam propícios para isso. Quando questionada sobre contatos em caso de risco, Melissa disse imaginar que ligar para a zoonoses ajudaria, mas acha que a população não está suficientemente informada sobre o assunto.
ONDE PROCURAR AJUDA
Em caso de acidentes com animais peçonhentos e insetos que ofereçam grandes riscos, a recomendação é procurar ajuda profissional. Marcelo Paiva, do CRMV-MG, alerta para isso.
“Em caso de acidentes com animais peçonhentos, a recomendação é a busca por atendimento médico o mais rápido possível e nunca adotar ações como fazer torniquetes, tentar sugar o veneno, cortar ou perfurar o local da ferida”.
O assessor técnico e médico veterinário lembra que, caso algum morador encontre um animal peçonhento, mesmo que não ocorram acidentes, é importante buscar os serviços públicos que possam recolher o animal e vistoriar o ambiente.
Em Belo Horizonte, o serviço de Controle e Prevenção de Acidentes por Animais Peçonhentos pode ser solicitado, por telefone, pelo 156, ou pela internet.
COMO EVITAR ACIDENTES?
Para evitar acidentes, é importante que animais peçonhentos não se sintam bem-vindos ao local. Por isso, fique atento(a) a alguns procedimentos imprescindíveis para impedir a proliferação:
- Impedir o acúmulo de folhas secas, lixo, madeiras e materiais de construção;
- Vedar as soleiras das portas;
- Instalar telas ou tampas de proteção nos ralos, pias ou tanques;
- Manter o lixo em recipientes fechados;
- Usar luvas resistentes e calçados quando for manusear materiais acumulados por longo período, entulho e em atividades de jardinagem;
- Examinar calçados, roupas e toalhas antes de usar;
- Telar janelas;
- Rebocar vãos e frestas em paredes;
- Não deixar restos de alimentos na casa e manter recipientes de alimentos bem fechados;
- Evitar deixar entulhos, vãos em paredes ocas, ou qualquer material que possa servir de abrigo para a colmeia;
- E não manter recipientes com água acessível, lembrando de vedar as caixas d’água.
Preservar o meio ambiente para que os animais estejam devidamente abrigados e alimentados e, assim, não migrem para as residências é também uma tarefa valiosa. Carla Magna, agente socioambiental e moradora da Bacia do Cercadinho, também na Região Oeste de BH, reforça a importância dessa ação.
“Nós temos matas e montanhas que agora estão sendo muito ocupadas. Há um desequilíbrio acontecendo no local. Você vê construções cada vez mais tomando conta dos espaços. Existem os predadores da natureza: os sapos comem muitos insetos, os gambás comem escorpião, mas estão matando esses animais”, lamenta.
“Na nossa região, que inclui o Córrego Ponte Queimada, não temos históricos de insetos ou escorpiões. Isso se dá por existir um distanciamento da mata e pelo cuidado com os lixos. Muitos pássaros grandes vivem no local, como jacus e garças, e eles são predadores naturais”, conta Carla.
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