A rede “Meu Bairro Buritis” cresce a cada dia mais e domina a Região Oeste

Pedro Fernandes

Se você é morador da Região Oeste de Belo Horizonte, deve saber muito bem que quando alguém fala de “Meu Bairro Buritis” trata-se de muito mais que um modo afetivo de tratar o bairro. Estamos falando de uma grande rede de plataformas.

O que chama mesmo a atenção é a proporção dessa grande comunidade. A página tem mais de 20 mil curtidas e o grupo está quase chegando aos 70 mil membros! O projeto possui sete anos de existência e foi pioneiro em muitas iniciativas.

O fundador Leonardo Régis nos contou mais sobre essa história: “Não tínhamos ideia do tamanho que iria virar. Não foi criado o grupo a princípio, fizemos o website e uma fanpage. A fanpage foi crescendo bem aos poucos e começamos a receber muitas mensagens das pessoas pedindo indicações, ou falando de animais perdidos, fazendo recomendações, etc.”

Hoje, uma das principais funções do grupo no Facebook é justamente a divulgação de trabalhos e o pedido por recomendação de serviços e produtos na região. Uma ação que foi uma das principais responsáveis pelo crescimento do grupo.

“A gente repassava na página as mensagens que achávamos relevantes. Mas a certa altura percebemos que tinha muita demanda para as pessoas falarem por si mesmas. Foi aí que resolvemos criar o grupo. Não existia nenhum grupo de bairro na época e em pouco tempo ele explodiu”, conta Leonardo.

Uma das histórias curiosas do grupo é a de Junior Almeida. Ele escreveu um texto no grupo contando como o grupo lembrava o relacionamento dos vizinhos  e moradores da rua em que nasceu.

“Era um relacionamento de muita alegria, companheirismo, cumplicidade, bate papo, felicidade e disposição a ajudar ao próximo. Na verdade parecia uma grande família. […] Voltei a encontrar um comportamento de alegria, companheirismo e muito mais no grupo de moradores do bairro Buritis. Fiquei muito feliz em ver as pessoas se disponibilizando a ajudar ao próximo”, relatou em um trecho do post.

Conversamos com Junior e ele nos contou mais sobre sua experiência com o grupo e com o Buritis. Ele foi criado no bairro Marajó, Belo Horizonte, e contou que sempre foi um bairro residencial, sem muito comércio e com um excelente relacionamento entre os moradores, que sempre se ajudavam.

“Atualmente o Marajó foi engolido pelos grandes bairros, algumas ruas não pertencem mais ao bairro e ele diminuiu muito. Além disso muitas casas foram substituídas por prédios, o bairro começou começou a crescer, mas não tem para onde. Com a tecnologia, o trabalho, a correria, a insegurança e a desconfiança das pessoas, hoje não existe mais o relacionamento que existia”, conta Junior.

Junior vive no Marajó há cerca de 30 anos e o contexto há décadas atrás era muito diferente. “Eu me lembro de ir no Buritis para pescar numa cascatinha que tinha ali. Era tudo mato e o bairro virou essa selva de pedras do dia para noite”, relata Junior.

Como nem tudo são flores, o grupo também tem suas dificuldades e desafios. O principal deles é a moderação do conteúdo. Leonardo nos contou que era muito comum os posts de gente com um problema qualquer de atendimento em alguma empresa ou loja que usava o grupo para desabafar. A coisa foi tomando uma proporção tão grande que eles tiveram até mesmo ameaças de processo, que se tornaram algo frequente.

Segundo Leonardo, “mesmo que o post não fosse nosso, o simples fato de termos permitido fazia com que fossemos responsabilizados. Para você ver como não é fácil administrar um grupo grande e com tantas pessoas diferentes.”

Apesar disso, os desafios não pararam o trabalho. Ao contrário, há novos projetos vindos por aí. O grupo “Meu Bairro – BH”, acabou de ser lançado. A ideia é um grupo que consiga abranger todos os bairros da cidade, reunindo o pessoal que acaba não podendo participar do outro.

“Não só podem, como devem ser criados novos canais de bairro como esse do Buritis. Isso é um meio de aproximar as pessoas por meio da tecnologia e sempre ajudando o próximo como era antigamente. Mesmo com tempo corrido e curto, existe a possibilidade de voltarmos a vivermos como nossos pais e avós”, aprova Junior.

Jornal Daqui BH

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