Por William Araújo
Giroflex, roupas coladas, capacetes aerodinâmicos e trilha sonora típica de academias; luzinhas piscando, sininhos tilintando. Quem passa pelo Buritis às segundas, por volta da 20h, de carro ou a pé, possivelmente já viu esse cenário. Vinte, trinta a quarenta, todos juntos pedalando.
Há um ano começava essa diversão: reunir um grupo de amigos e pedalar.
Fabrício Brandão, sócio empreendedor do próprio irmão, Fábio André, não tinha muita opção quando escolheu a profissão de pedalar. Disse que, não fosse a afinidade por bicicletas, hoje não vislumbraria tudo que alcançou.
Os dois são proprietários de uma loja especializada em bicicletas, a Bike Thrives, e capitaneiam o grupo de ciclistas, “Segundalada”.
O nome dos ciclistas surgiu através do corretor gráfico do celular. Fabrício teve a ideia de criar um grupo no whatsapp para reunir amigos e pedalar pela regional oeste no início da semana, mas o título seria Segunda da Pedalada – foi quando o equivocado professor agiu.
“Os amigos gostaram do nome, inspirou até as asas da marca”.
Na primeira “Segundalada” haviam apenas quatro pessoas, conta Fabrício. Chegou a pensar que aquilo não vingaria, mas depois de alguns meses, tudo mudou. Hoje a turma conta com mais de cem inscritos.
Segundo Fabrício, “muitas pessoas diziam que não andavam de bicicleta, porque tinham medo de serem assaltadas, mas, depois do grupo, elas pedalar e ainda trazem seus amigos”.
A marca de um ano e o crescente número de inscrições levou os irmãos a darem melhores condições aos ciclistas que participavam das atividades. Assim, “todas as pessoas interessadas devem fazer um cadastro na loja, preenchendo uma ficha para sabermos com quem estamos lidando”, conta Fabrício.
A atividade é considerada Cross Country (trilha), por causa das características de relevo da região. Outro requisito de quem deseja participar é ter uma bicicleta Full Suspension ou a comum com Radial Tyres (pneus grossos com sulcos profundos e radiais).
A bicicleta para trilha é conhecida por ter suspensão para o banco, rodas e guidão, pneus grossos e com cravos. É uma bicicleta robusta e pesada.
Além disso é necessária a utilização de capacete, luvas e roupa apropriada. Todo o material sai em média pelo valor de R$2500,00, para bicicleta, e R$ 500,00 para os trajes.
Fabrício conta que “o investimento vale a pena. Sentir o vento no rosto quando se pedala é bem diferente do que estar em uma motocicleta. Na bicicleta eu posso ir mais devagar, parar e apreciar a vista em qualquer lugar. A bicicleta é sensível ao lugar”.
Pai de dois jovens, Fabrício diz que, para ser saudável aos 37 anos de idade, basta pedalar.
O grupo de ciclistas tem participantes de toda Belo Horizonte, mas a maioria vem dos bairros Buritis, Estoril, Palmares, Betânia e redondezas. Contam com até dez diferentes percursos e sempre procuram novos desafios.
Para fazer a “Segundalada”, Fabrício e Fábio se revezam em tarefas. Em uma semana, Fabrício é responsável por liderar o grupo e manter o ritmo, enquanto Fábio vai no carro batedor junto com o socorrista e o mecânico.
“Tudo é organizado para que ninguém fique para trás ou sinta-se mal. Certa vez uma moça passou mal e tivemos de atende-la. Após 15 minutos, ele estava melhor e quis continuar”, diz Fabrício.
Eles carregam suprimento para hidratação, alimentação, suporte para bicicletas que ficarem impossibilitadas de continuar e uma caixa de som que toca como se estivessem em uma academia. “É uma aula de Spinning na rua”, fala Fabrício.
O “Segundalada” sai toda segunda-feira da loja Bike Thrives (rua Dom João VI, n.º 1521, bairro Palmeiras), às 20h e volta às 22h. Quem quiser participar, basta ir à loja e fazer seu cadastro.
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