Por: Carolina Cunha
Abril é um mês importante para convocar a sociedade a pensar e melhorar a atenção aos animais, fruto da existência da campanha “abril Laranja”, com o foco no combate aos maus-tratos. Em uma entrevista ao Jornal DaquiBH, Fernanda Castro, uma das fundadoras e coordenadora do grupo de proteção animal de Belo Horizonte, o Buri Dogs, explica como a mobilização acontece.
A cor laranja, utilizada para simbolizar a luta, visa chamar mais atenção com o propósito de combater a crueldade contra os animais. Fernanda ressalta que a campanha vale para todos os portes de animais, grandes e pequenos, indo de cachorros até animais silvestres.
A campanha é fomentada por cada organização da maneira que é possível, já que não existe regras para ser concretizada. Mas algumas demandas saltam aos olhos, como o incentivo às denúncias contra práticas de maus-tratos e até as atitudes mais simples, como deixar ração e água na porta de casa. A coordenadora do Buridogs ressalta a necessidade de conscientização, e que é importante dialogar sobre a importância de adoção dos animais que estão abandonados na rua.
Cidadãos também precisam agir
Envolto a esse cenário, é importante entender que, caso o cidadão presencie uma situação de maus-tratos, a dica de Fernanda é tentar intervir na intenção de sensibilizar sobre a crueldade que está sendo aplicada ao animal.
Caso não dê certo, existe a possibilidade de registar com uma foto ou com uma filmagem e direcioná-las à delegacia especializada de Investigação de Crimes Contra à Fauna, pertencente ao Departamento Estadual de Investigação de Crimes Contra o Meio Ambiente (DEMA), fazendo um boletim de ocorrência. Em Belo Horizonte, a sede fica localizada na rua Bernardo Guimarães, 1571,2° andar, no bairro Funcionários. O telefone é (31) 3207-2500.
Fernanda Castro também observa questões importantes sobre a legislação, já que, no seu ponto de vista, não precisa.
“Mas não vemos sua aplicabilidade na prática, infelizmente. A morosidade em julgar os casos de maus-tratos sobrecarrega os grupos e organizações de proteção, que precisam acolher os animais até a resolução dos crimes. Enquanto isso, precisam pedir doações e contar com a adesão de quem é sensível à causa animal. Os bichos que chegam maltratados precisam, normalmente, de tratamento veterinário, vacinas, castração, de um local pago para serem abrigados até a adoção. Tudo isso é financiado pelos grupos”, reforça.
Além disso, segundo ela, nem sempre os animais conseguem adoção. “Como temos a Vick, cadelinha abandonada junto do Tuquinho, no Buritis, depois de serem jogados de um carro. Até hoje as responsáveis pelo abandono, flagrado por câmeras de segurança, não foram julgadas. Tuquinho conseguiu adoção, mas a Vick, por ser idosa, ainda está sendo bancada pelo Buri Dogs. Tudo isso desanima os protetores, pois a impunidade pode até aumentar os casos de abandono”, lamenta.
O Buri Dogs não tem sede específica. Fernanda conta o projeto nasceu baseado em um grupo de pessoas que moram no bairro Buritis, em Belo Horizonte, e que tiveram a ideia de realizar algo que fosse concreto contra o abandono de animais no bairro. Ela também destaca que a atuação principal é no objetivo de tirar o cachorro da rua e direcionar para o tratamento veterinário, incluindo vacinas, castração e tentar fazer com que o animal seja adotado.
A sociedade tem um papel fundamental na manutenção do projeto
Desde então, o fluxo de animais é grande, pois muitos deles estão abandonados no Buritis. Com base nisso, a coordenadora ressalta que não tem a estrutura adequada, considerando o fato de não ter canil e uma sede física completa.
“Todo o trabalho que fazemos pelos cuidados dos animais é baseado no apoio da comunidade, especialmente dos lares onde eles ficam até a adoção”, reitera.
O grupo realizou, por exemplo, um projeto de construção de casinha para um cachorro de rua. À princípio, fizeram com caixinha de suco e leite, mas, hoje, são feitas através de madeiras.
Para ajudar ao grupo com as demandas dos animais, é só fazer o PIX por e-mail, oficialburidogs@gmail.com, ou entrar em contato através da Rede Social Instagram @buridogsoficial.
Segundo empresária e moradora do Buritis, Renata Oliveira, de 42 anos, apesar de nunca ter presenciado um caso de violência contra animais, sua atitude, caso visse, seria denunciar. Para ela, é importante campanhas como “Abril Laranja”, pois a violência é um crime previsto em lei.
Renata realça que o cuidado com os seus animais é priorizar uma boa ração e ter a vacinação em dia, prevenindo os riscos de doença.
Diante da legislação vigente, a moradora do bairro faz críticas.“Ainda acho que é uma lei sem muita importância. Deveria ser uma lei que não tivesse escrita somente e sim que as autoridades fizessem valer as punições previstas”, pontua.
Renata Oliveira também chama atenção para importância da adoção.
“Como a população de Animais abandonados é muito grande, se não fosse a adoção e as ONG’s, com certeza veríamos muitos mais animais abandonados do que vemos hoje”, alerta.
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