Por Iris Aguiar
As manchetes recentes sobre as mudanças climáticas, queimadas e o tempo quente estão cada vez mais comuns. Tais mudanças, no entanto, não aconteceram por acaso e Belo Horizonte não está fora desse cenário.
O mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão de maior autoridade do mundo em ciência do clima, conclui que o aumento da temperatura mundial tende a aumentar ainda mais nos próximos anos, podendo chegar a um aumento de 1,5º nos próximos anos.
O Relatório Especial sobre o Aquecimento Global de 1,5°C explica que um aquecimento maior do que a média global já foi experimentado em muitas regiões e estações do ano, com maior aquecimento médio sobre a terra do que sobre o oceano. A maioria das regiões terrestres está experimentando um aquecimento maior do que a média global, enquanto a maioria das regiões oceânicas estão aquecendo a uma taxa mais lenta.
A capital Mineira têm vivido um mês extremamente quente, com temperaturas chegando a 35ºC e clima extremamente seco. A região Oeste de Belo Horizonte sentiu essa mudança climática, e com ela, além do calor, vieram também as queimadas.
Clima seco e altas temperaturas
Belo Horizonte tem vivido uma forte sensação de desconforto com o clima abafado, quente e seco que permeia a região. Especialistas alertam que as temperaturas podem chegar aos 38ºC até outubro.
Segundo o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, a temperatura para as próximas semanas permanece alta e a umidade do ar não tende a aumentar, o que caracteriza mais semanas de um clima quente e seco.
O meteorologista Lizandro Gemiacki, coordenador do Instituto Nacional de Meteorologia em BH (Inmet-BH), explica que a onda de calor é típica desta época do ano, quando estamos no fim do inverno e início da primavera.
“Nessa época do ano a gente fica sobre a atuação de uma massa de ar continental seca e estável, que intensifica o efeito de calor e a baixa umidade. Ela impede a chegada dos sistemas frontais que vem do Sul do Brasil. Geralmente as massas de ar vão se trocando ao longo do ano e essa massa fica estacionária sobre essa região central do país. E como o sol nessa época do ano já vai aquecendo mais, tem a possibilidade de aquecer mais a primavera durante o dia e essa massa vai se intensificando e provocando essa condição de muito calor e baixa umidade”, ressalta .
O meteorologista também observa que o calor deve continuar no mês de outubro e as temperaturas têm a possibilidade de atingir os 38ºC caso a massa de ar continental ainda impeça a chegada dos sistemas frontais.
A Defesa Civil de Belo Horizonte tem emitido alertas em relação à baixa umidade relativa do ar e deixa algumas recomendações:
Com o aumento do calor na capital, moradores tendem a buscar maneiras para se refrescar, como o uso de piscinas, cachoeiras e rios, o que aumenta também o risco de afogamentos. O corpo de bombeiros também dá algumas dicas para evitar afogamentos.
Queimadas
O clima seco e as chuvas escassas deixam a vegetação suscetível às queimadas. As queimadas são, juntamente dos desmatamentos, os nossos principais problemas ambientais.
Neste mês de setembro, em Minas Gerais, os bombeiros atenderam em torno de 3500 chamados de queimadas. Apenas em Belo Horizonte, até 16 de setembro, foram mais de 680 chamados. Acredita-se que o número de queimadas atingirá o recorde histórico máximo dos últimos 5 anos.
Na região Oeste da capital, na madrugada do dia 12 para o dia 13 deste mês, os bombeiros foram acionados para uma ocorrência de incêndio no Bairro Calafate. O incêndio estava próximo a residências e à linha férrea do metrô.
De acordo com os bombeiros, houve aproximadamente 5 mil metros quadrados de área queimada. O corpo de Bombeiros de Minas Gerais repassa algumas dicas importantes para realizar a prevenção:
- Ao trafegar pelas estradas e rodovias, não lance pontas de cigarro pela janela do veículo, pois com a baixa umidade desse período, a vegetação seca se incendeia com muita facilidade.
- Ao realizar acampamentos, seja bastante cuidadoso na hora de acender fogueiras, velas e lampiões.
- Não jogue lixo por aí. As latas de metal, os cacos e garrafas de vidro podem se aquecer ao sol e acabar dando origem às queimadas.
O aumento da temperatura, as queimadas e a poluição tornam comum que nesta época do ano tenha alguns dias com névoa seca. Como foi o caso do dia 8 de setembro, no início do mês.
O meteorologista Lizandro Gemiacki explica que existe um sistema de alta pressão que faz intensificar a massa de ar quente e seco que atua sobre essa região do país. Essa massa tem característica de inibir dispersão dos poluentes na baixa atmosfera. Ela atua como uma tampa, não deixando os poluentes irem embora.
E as chuvas?
A previsão para o início do período de chuva é no mês de outubro, entretanto, esta semana conta com a probabilidade de chuva, apesar de ser em quantidades menores.
A assessoria da Defesa Civil de Belo Horizonte explicou que a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) é reconhecida a nível nacional por várias boas práticas, que são referendadas por outras Defesas civis nacionais, que seguem estas ações em outras regiões do Brasil.
Uma das ações é o fechamento de vias em caso de alagamento. A Defesa Civil faz monitoramento a partir dos riscos. Neste monitoramento, se aferida a possibilidade de alagamento, é emitido um alerta e promove-se o fechamento das vias.
A PBH , por meio da Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil, realizou, no dia 4 de setembro, o 6º treinamento preventivo na avenida Tereza Cristina, na região Oeste de Belo Horizonte. A ação teve o objetivo de preparar equipes da PBH e voluntários para situações que envolvem risco de inundação durante o período chuvoso que se inicia em outubro.
Um dos exercícios simulados foi o fechamento da via com a colocação de barreiras para evitar o tráfego de veículos. Além disso, foram ensaiadas as ações de emissão de comunicados e alertas, monitoramento visual, ocupação dos pontos de bloqueio, desbloqueio e desmobilização de equipes em um ambiente controlado.
A Defesa Civil informa que o próximo simulado ocorrerá em Venda Nova.
Além da Teresa Cristina, os moradores da região oeste devem ficar atentos a outros pontos de alagamento da região, de acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte, como o Cercadinho, a avenida Governador Benedito Valadares, a rua Ituiutaba, a avenida Francisco Sá com rua Erê, a rua Coruripe, Córrego Ponte Queimada ea avenida Silva Lobo com avenida Barão Homem de Melo.
A Secretária de Estado de Mobilidade e Infraestrutura (SEINFRA) informou, por nota, que o Governo de Minas Gerais assinou, em maio deste ano, acordo de Cooperação Técnica com as prefeituras de Contagem e Belo Horizonte para execução das obras de contenção de cheias nos córregos Ferrugem e Riacho das Pedras, que são afluentes do Ribeirão Arrudas.
Serão destinados R$ 298 milhões provenientes do Termo de Reparação assinado com a Vale. No momento, as prefeituras de Belo Horizonte e Contagem estão finalizando a orçamentação para contratação das obras de três bacias de contenção de cheias do Ferrugem.
O Governo de Minas, por meio do Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG), publicou edital de licitação para conclusão de duas bacias no Córrego Riacho das Pedras.
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