Por Arthur Lobo
A pandemia da Covid-19, que se alastrou pelo mundo, impacta na rotina do cidadão Belo Horizontino, que mudou drasticamente seus hábitos de higiene pessoal para sobreviver ao tsunami do novo coronavírus. Mas, será que apenas durante uma pandemia isso deve ser feito? É só a Covid-19 que ameaça a saúde humana?
Segundo a Dra. Viviane Alves, microbiologista do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, manter a higiene pessoal é fundamental em qualquer fase da vida para minimizar os riscos de infecções, mas sem exageros, pois nosso corpo precisa de microrganismos do ambiente, então se faz necessário um equilíbrio.
“A falta de higiene contribui para o maior contato com microrganismos patogênicos, aumentando o risco de doenças, e o excesso de higiene nos leva a uma resposta imune ineficaz e nos expõe também às infecções. Muitos dos microrganismos que encontramos no nosso dia a dia não são patogênicos, não causam doenças, e assim vivem como uma comunidade no nosso organismo, e inclusive nos protegem de infecções e ajudam no funcionamento adequado do organismo como um todo”.
O Instituto Valor Pesquisa e Marketing, em parceria com a KriteriON Pesquisas, realizou uma pesquisa, em março de 2020, com 1.721 pessoas da capital de Minas Gerais. Segundo os dados, 85% das pessoas mudaram seus hábitos de higiene. 96,6% dos entrevistados passaram a lavar mais as mãos, 81,4% deixaram de ter contato físico com o próximo, 76% começaram a usar álcool em gel e 60,2% evitou transitar no transporte público e de aplicativos.
COMO MORADORES DA REGIÃO OESTE REAGIRAM?
Baroner Marques, 23 anos, morador do bairro Palmeiras, relata que a pandemia o fez começar a utilizar mais álcool para higienização das mãos e utensílios de casa, além de lavar alimentos e embalagens com mais frequência. “Todos na minha casa estão seguindo à risca, pois temos crianças e idosos aqui, e pela saúde deles estamos muito rigorosos com tudo que está acontecendo”.
Luiz Cavalcanti, 25 anos, também morador do bairro Palmeiras, mudou sua rotina e todos na sua casa também, principalmente porque seus pais são do grupo de risco. “O hábito de lavar as mãos cresceu, além do uso de álcool para limpeza dos ambientes e etc.” Hoje, ele tem como itens essenciais o álcool e a máscara. “Se tornaram produtos de uso constante durante o dia a dia”.
Alaor Duarte, 25 anos, morador do bairro Buritis, tem situação semelhante aos demais, e mantém vários cuidados necessários para evitar a doença.
“Estamos realizando a desinfecção de compras, retirando os sapatos para entrar em casa, além de lavar mais as mãos e utilizando álcool em situações em que é inviável utilizar água e sabão. Entregas que chegam pelo correio são descartadas antes mesmo de entrar em casa, mas passar álcool toda hora é algo muito novo na minha rotina”.
Fernanda Nazareth, 26 anos, moradora do bairro Estrela Dalva, não tinha os cuidados com higiene como hoje. Ela passou a lavar as mãos sempre que chega da rua, limpar com álcool em gel os objetos pessoais, lavar compras e tomar banho ao chegar em casa.
Adriane Nunes, 22 anos, moradora do bairro Salgado Filho, também mudou totalmente as medidas de higiene em casa. Começou tirar a roupa e ir direto para o banho ao chegar da rua, borrifar álcool em sacolas de compras e lavar os alimentos. A medida mais drástica está em não receber visitas devido aos seus familiares serem do grupo de risco. “Antes da pandemia, praticamente não existia esse cuidado todo, única coisa que fazíamos era lavar as mãos”, afirma.
Segundo pesquisa feita em abril de 2020, pelo Instituto Qualibest, em âmbito nacional, 94% da população mudou seus hábitos de higiene. Além do consumo de álcool em gel ter aumentado em 64%, o álcool líquido (53%), água sanitária (51%), desinfetante (47%) e sabonete líquido (42%).
MUDANÇA CULTURAL
As mudanças de rotina na sociedade são claras, basta questionar se esse costume vai se transformar em hábito independente da pandemia do novo coronavírus. A maior parte dos entrevistados afirma que vão continuar com as mesmas práticas.
Luiz Cavalcanti afirma que, querendo ou não, esse momento é um aprendizado, então melhor continuar prevenindo, uma vez que não há previsão para cura ou vacina.
Alaor Duarte também pensa em manter os costumes por motivos de maior segurança para evitar qualquer possibilidade de transmissão de vírus e bactérias. Mas revela que vai abolir o álcool da sua vida. “A maioria desses produtos no mercado não são próprios para a pele e acabam ressecando em excesso, acredito que apenas a água e o sabão sejam o suficientes”.
Já Fernanda Nazareth tem uma visão mais realista e diz que, provavelmente, não vai manter os costumes adotados na pandemia.
“Nós temos o costume de nos preocupar apenas quando passamos por situações difíceis, com certeza vamos tentar manter esses hábitos, mas é bem provável que com o tempo vamos ficar relaxados e voltar a viver como antes da pandemia”.
O VALOR DE LAVAR AS MÃOS
O hábito mais comum entre os entrevistados antes da pandemia era a higienização das mãos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o simples ato de lavar as mãos reduz em até 40% o risco de contrair doenças. A Dr. Viviane Alves também revela que a lavagem remove os microrganismos e isso ajuda a prevenir infecções.
- Reduz o número de pessoas que ficam doentes com diarreia em 23-40%
- Reduz a doença diarreica em pessoas com sistema imunológico enfraquecido em 58%
- Reduz as doenças respiratórias, como resfriados, na população em geral, em 16-21%
- Reduz o absenteísmo por doença gastrointestinal em estudantes em 29-57%
VOCÊ SABIA?
Fernanda Nazareth e Baroner Marques não tinham essa consciência. “Não sabia dessas possíveis doenças e, antes da pandemia, não me preocupava com isso”, afirma Fernanda.
A visão de Luiz Cavalcanti e Adriene Nunes são um pouco diferentes, pois eles sabiam que existia essa possibilidade, mas não se preocupavam. “Sabia, mas não me preocupava tanto como agora”, afirma Luiz.
Alaor Duarte revela que sabia da possibilidade de adquirir vermes e lombrigas em legumes, verdura e hortaliças, mas não sabia que o número de doenças era tão vasto. “Pouco se fala e realmente é algo que devemos prestar mais atenção, como comer no transporte coletivo ao mesmo tempo em que as nossas mãos tocam nas superfícies”.
Otima materia especialmente pou relatar opiniões de jovens que sao hoje a faixa etária menos atingida com COVID , mostrando assim que os mesmos ja mudam seus comportamentos e hábitos preocupados com a atuau situação mundial.