Por Beatriz Almeida e Thayane Domingos 

De ontem para hoje (terça-feira,14), o número de suspeitas da síndrome nefroneural subiu para 17 casos. Dentre eles, está o caso divulgado pela Secretaria Municipal de Pompéu. Uma mulher de 60 anos morreu no município, no dia 28 de dezembro, com sintomas da síndrome. Segundo familiares, ela esteve na região do Buritis entre os dias 15 e 21 de dezembro e consumiu a cerveja Belorizontina. Dentre os 17 casos, apenas quatro confirmaram a presença da substância dietilenoglicol até o momento

Para a contabilização dos casos, a Secretaria de Estado de Saúde explicou, por meio de nota, que 

“define como caso suspeito o indivíduo residente ou visitante de Minas Gerais que ingeriu cerveja Backer a partir de novembro de 2019 e iniciou, em até 72 horas, sintomas gastrointestinais (náuseas e/ou vômitos e/ou dor abdominal), insuficiência renal aguda, seguidos ou não de uma ou mais alterações neurológicas, como paralisias facial e descendente, borramento visual, amaurose (perda da visão), alterações sensitivas e crise convulsiva.”

ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA

Após confirmações de dietilenoglicol e monoetilenoglicol em lotes da cerveja Belorizontina, foram encontradas em outras marcas da cervejaria Backer as mesmas substâncias tóxicas. O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) determinou, na segunda-feira (13), a retirada de 22 rótulos de cervejas da marca Backer, fabricados entre outubro de 2019 e 13 de janeiro de 2020, de todos os centros de comercialização. A venda foi proibida até que a possibilidade de contaminação seja descartada

Além do recall (procedimento em que o fornecedor informa ao público e/ou eventualmente o convoca para sanar os defeitos encontrados em produtos vendidos ou serviços prestados), o MAPA determinou que a cervejaria divulgue, com clareza, os pontos de comercialização da Belorizontina e Capixaba e a quantidade de cervejas possivelmente contaminadas.

Resultados laboratoriais ainda não foram realizados para confirmar a presença de etilenoglicol ou dietilenoglicol nas outras marcas da Backer. O MAPA disse, em nota, que “os produtos estão sendo analisados e, caso existam resultados positivos, novas medidas serão adotadas”.  

Confira as 22 marcas produzidas pela Backer: Backer Bohemia Pilsen, Backer Brown, Backer Pale Ale, Backer Pilsen, Backer Pilsen Export, Backer Reserva, Backer Trigo, Belorizontina, Bravo, Cabral, Cacau Bomb, Capitão Senra, Capixaba, Corleone, Diabolique, Exterminador de Trigo, Fargo, Julieta, Medieval, Pele Vermelha IPA, Tommy Gun, Três Lobos.

Com isso, nessa segunda-feira (13), a cervejaria declarou que entraria na justiça contra o pedido de recall. A empresa argumentou que a investigação é focada somente na Belorizontina, e que as demais cervejas possuem um processo diferente de produção.

“A Backer informa que a medida de recall solicitada pelo Ministério da Agricultura está sendo objeto de apreciação judicial para revogação do ato. A cervejaria reitera que não faz uso do dietilenoglicol em seu processo produtivo e que o episódio apurado pelas autoridades limita-se ao lote “Belorizontina”, não tendo qualquer relação com os demais rótulos da empresa, que possuem processos autônomos de produção”. 

Entretanto, o pedido foi acatado nesta manhã (terça-feira,14). A CEO da cervejaria, Paula Lebbos,  declarou em coletiva de imprensa que a empresa “seguirá atendendo a todas as exigências das autoridades”. Também reafirmou  que a substância dietilenoglicol nunca foi comprada pela fábrica:

“A Backer nunca comprou, desde o nosso primeiro tanque até o momento, esse tal de dietilenoglicol. Nós usamos o monoetilenoglicol. Ele é o líquido refrigerante usado em nossos 70 tanques para refrigeração da cerveja, usado pela nossa cervejaria e centenas de outras no Brasil e no mundo inteiro”.

Ela pede, também, para que ninguém consuma a cerveja Belorizontina nem a Capixaba e que não julguem as demais cervejas artesanais.

Confira o depoimento de Paula Lebbos na íntegra (extraído do instagram da Backer).