Alguns já se perguntaram: quem é o dono de tantas lojas iguais? Será a mesma pessoa? Ou então, em algum momento, comentaram: estão construindo aquela loja no bairro.
Todas estas menções fazem referência a um comércio que tem se tornado cada vez mais comum na cidade de Belo Horizonte: o Franchising
Por William Araújo
O bairro Buritis possui em torno de 30 mil habitantes e 700 empresas. Muitas delas são franquias – clones de um estabelecimento/conceito. A avenida Professor Mário Werneck, por exemplo, é um dos locais que melhor atende a este tipo de negócio.
A via é movimentada, com cerca de 15 mil veículos por dia, segundo a BHTrans, e tem alto número de público flutuante (moradores e visitantes do bairro), por causa das faculdades e escolas particulares que a cercam. Outra possibilidade da avenida é o aluguel de lojas e quiosques em centros comerciais (Street Malls), conhecidos shoppings de bairro.
O Boticário é um modelo neste mercado de franquias. A empresa de cosméticos e perfumaria é a franqueadora com maior número de unidades no Brasil, 3762 lojas. Uma delas está na avenida. O grupo tem sede no Paraná, foi fundado em 1977, é franqueador desde 1980 e pede investimento mínimo de R$85 mil para autorizar e implantar o negócio.
A Subway, segunda maior franqueadora (2153 unidades), e a Cacau Show, a terceira maior (2045 unidades), ambas empresas do ramo alimentício, também estão na avenida Professor Mário Werneck. Elas precisam, respectivamente, do investimento inicial de R$ 300 e R$ 27 mil para replicarem os conceitos e produtos. Colchões Ortobom e McDonalds são outras grandes franqueadoras na região.
De acordo com o relatório da Associação Brasileira de Franchising (ABF), os locais mais escolhidos pelos franqueados são lojas com portas para rua e quiosques – o que existe em abundância na avenida por conta dos Street Malls. Estes fatores levam à especulação de que a região é um bom lugar para se investir.
De acordo com Danyelle Van Straten, diretora regional da ABF-Minas, mesmo com a crise de 2016, Minas Gerais continuou crescendo no mercado de franchising e as perspectivas são promissoras.
No segmento Saúde, Beleza e Bem-Estar, a franqueada Socila ocupa uma casa inteira no bairro (investimento inicial de R$20 mil). Recentemente, em abril, a NTW Contabilidade e Gestão Empresarial (investimento inicial de R$14,9 mil) abriu um escritório no Buritis. A franquia da Academia Alta Energia está na região desde 2011 e ilustra a diversidade de setores presentes.
Belo Horizonte tem 1784 franquias
Segundo a ABF-Minas, Minas Gerais é o 3º estado com mais unidades em operação, totalizando 4982 franqueados (6632 se somadas as inativas). Quanto ao número de franqueadores, o estado fica em 4º lugar, com 171 sedes (marcas). Belo Horizonte se destaca por ter 26.9% destes estabelecimentos (1784).
No ano passado, Minas Gerais teve crescimento no faturamento franchising de 9,7% (R$4,497 milhões) em relação a 2015. Os segmentos com maior número de unidades franqueadas foram Saúde, Beleza e Bem-Estar (23%), Alimentação (21%) e Serviços Educacionais (16%), de acordo com a ABF-Minas. O menor crescimento esteve em Entretenimento e Lazer (1%).
O que é Franchising?
A prática de “clonar” conceitos de negócio – estabelecimentos comerciais – é chamada de franchising, de acordo com a Franchise Store. Mas, replicar uma loja ou nicho não é tão simples quanto parece. Cria-se uma relação entre a franqueadora, organização proprietária da loja matriz ou conceito, e o terceirizado que pretende implantar o negócio, chamado de franqueado.
No contrato, o franqueado observa regras contratuais estipuladas pela franqueadora e pelos órgãos nacionais, como layout da loja, logo ou marca a serem mantidos, produtos, equipamentos. Apesar de ser presumidamente autônomo na administração do negócio, o franqueado está sempre ligado hierarquicamente às imposições da franqueadora.
As obrigatoriedades contratuais mudam de acordo com a franquia, podendo dar mais autonomia ou não ao franqueado.
Um bom negócio no Brasil
De acordo com a Associação Brasileira de Franchising (ABF), apesar do número de lojas abertas no primeiro trimestre de 2017 ser menor em relação ao mesmo período no ano passado, houve, no setor, maior quantidade de lojas abertas em comparação às fechadas. Foram 1,3% a mais de negócios “clonados”.
Ainda, segundo a ABF, o faturamento do setor de franquias no Brasil, entre abril de 2016 e março de 2017, cresceu R$ 12,454 bilhões – 8,8% a mais do que entre abril de 2015 e março de 2016. No total, as franquias faturaram R$ 154,426 bilhões.
A variação por segmento (alimentação, moda, limpeza e conservação etc) demonstrou que de abril de 2016 a março de 2017 os setores de Saúde, Beleza e Bem-Estar e Hotelaria e Turismo foram os que obtiveram melhor resultado em relação a abril de 2015 e março de 2016. Ambos cresceram 16%. Na outra ponta das estatísticas, o setor Entretenimento e Lazer sofreu um recrudescimento de 10% negativos.
A localização preferida dos franqueados são os estabelecimentos com frente para a rua, com 65.9% da fatia. Já a maior modalidade de operações – tipos de comércio – foram as lojas (89,6%), seguidas pelos quiosques (6,7%).
Quando o segmento de um franqueado vai muito bem, é comum que ele tenha mais de uma unidade em seu “domínio”. Entretanto, algumas franquias não permitem mais de uma loja por filiado, o que pode afetar no aumento do setor. No Brasil, 23% dos franqueados possuem mais de uma unidade.
Entre os canais de venda mais utilizados pelas franquias estão as lojas físicas, 95,1% do mercado. Poucos aderiram ao E-commerce, apenas 1,7%. Os demais 3,1% preferem outros canais.
O único fator de percalço apontado pela ABF é a diminuição de 0,22% na quantidade de empregos diretos oferecidos pelas franquias.
Daqui para o mundo
Segundo ABF, existem 138 franquias brasileiras atuando em 61 países. Os Estados Unidos são o país com maior quantidade de franquias, 49 ao todo. Na vanguarda da internacionalização estão os segmentos de Moda (27,5%), Alimentação (15,9%) e Saúde, Beleza e Bem-Estar (14,5%).
Os Estados Unidos são os que mais possuem redes de franchising pulverizadas no mundo (795.932 unidades). O Brasil ocupa a sexta posição, com 142.593 franquias, de acordo com o World Franchise Council (WFC).
Como abrir uma Empresa Franqueadora?
A Revista Exame, em entrevista a Eduardo Araújo Dias, da franquia Quality Serviços Contábeis, relatou que os primeiros passos para abrir uma empresa com possiblidade a se tornar franqueadora são:
- Fazer o planejamento financeiro do negócio
- Buscar a viabilidade do próprio nome na Junta Comercial
- Buscar a viabilidade do endereço junto à Administração Regional
- Ter um contador de confiança para organizar os documentos de abertura da empresa
- Consultar um advogado para elaboração dos contratos e outros documentos
- Registrar a empresa/marca
- Investir em Marketing.
Entretanto, isso não é tudo. Segundo a ABF, para que a empresa vire uma franqueadora é necessário ter ao menos um ano de operação, uma unidade funcional e outros atributos, estabelecidos pela Lei 8955, de 1994, que rege o mercado de franchising. Estas obrigatoriedades são dispostas na Circular de Oferta de Franquia (COF) e no contrato de relação entre as partes.
São itens básicos da COF, que deve ser passada ao candidato com no mínimo dez dias de antecedência, segundo a Lei 8955/94:
- A razão social do franqueador e o histórico da empresa.
- Os balanços e as demonstrações financeiras dos últimos dois exercícios.
- As pendências judiciais que envolvem o franqueador.
- Uma descrição detalha da das atividades que serão desempenhadas pelo franqueado.
- O perfil de franqueado procurado pela rede.
- O total estimado do investimento inicial na unidade franqueada.
- O valor das instalações, dos equipamentos e do estoque inicial.
- As taxas periódicas e outros valores pagos pelo franqueado ao franqueador, como os royalties.
- A relação e os contatos de todos os franqueados da rede, assim como daqueles que se desligaram dela nos 12 meses anteriores.
- Informações sobre a garantia de territórios ao franqueado.
- Esclarecimentos sobre a obrigatoriedade de compra somente em fornecedores previamente aprovados pelo franqueador.
- O que é oferecido ao franqueado pelo franqueador, como orientação, treinamento e manuais.
- A situação do registro da marca no INPI.
- As obrigações do franqueado em relação à preservação de segredos de indústria, após a expiração do contrato de franquia.
- Um modelo de contrato padrão da franquia.
(Informações retiradas na íntegra do portal de notícias da ABF, em 13 de julho de 2017)
28º Franchising Fair Sudeste
Ainda assim, se o empreendedor estiver com dúvidas sobre qual o melhor segmento para investir, o mercado de franchising brasileiro aposta em eventos nos quais diferentes marcas podem expor seus produtos, modelos de negócio e conceitos.
Belo Horizonte será sede do 28º Franchising Fair Sudeste, a feira nacional de franquias, que ocorrerá entre os dias 25 e 27 de agosto. Nele, haverá palestras sobre o mercado de franquias, além dos mais de 75 estandes de exposição já confirmados.
O evento acontecerá no Expominas (avenida Amazonas, 6200, bairro Gameleira) e o ingresso poderá ser comprado na entrada da exposição pelo valor de R$30 por pessoa.
Para saber mais, acesse abaixo o link da exposição:
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Fontes de pesquisa
Franchising Fair ocorrerá em Belo Horizonte em agosto
Relatório ABF Perfil das Franquias
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