Élvis Côrtes, do PSD, foi eleito com 4.867 votos
Por William Araújo
Após domingo (02) de eleições no Buritis, com algum tom de infelicidade, os demais vereadores dispararam mensagens de agradecimento pelo apoio e de esperança para o próximo pleito de 2020. Além de Côrtes, nenhum dos candidatos moradores do bairro conseguiu número de votos suficientes para sequer disputar um lugar na Câmara de Vereadores.
Belo Horizonte também revelou um cenário que disparou o alerta dos partidos políticos: votos inválidos (nulos e brancos) somaram mais intenções do que os votos válidos (nominal e legenda) do segundo colocado na eleição para prefeito.
Ainda, dos 1.509.919 votos em vereadores, 20,93% (315.952) foram brancos e nulos.
Mas por que não foram eleitos?
Desde o pleito de 2008, o número de eleitores em Belo Horizonte cresceu 8,75% (155.229) no número de eleitores. Já a quantidade de votos inválidos (nulos e brancos), comparados com a eleição municipal de 2012, aumentou em 25,23% (63.672); em paralelo com as eleições de 2008, o acréscimo foi 51,33%.
Isso demonstra que a cada eleição municipal existe uma evolução de, aproximadamente, 25% nos votos inválidos e um aumento de 4% do número de eleitores. Um indicativo de que a insatisfação do eleitor belo-horizontino com os representantes políticos cresce mais do que o eleitorado.
No Buritis, que tem uma amplitude de votos válidos entre 13 e 14 mil, os candidatos que moram no bairro reuniram 14.876 intenções. Entre todos, o mais votado foi Elvis Cortês, com 4.867 votos, e a menos votada foi Patrícia Guimarães, com 91.
O quociente eleitoral (QE) de 2016, para a eleição proporcional de vereadores em Belo Horizonte, chegou a marca de 29.121 votos, ficando abaixo do obtido em 2012 (30.650). Esse foi o parâmetro de corte para partidos e coligações.
Partidos e coligações que não conseguissem essa quantidade mínima de votos, não poderiam concorrer a nenhuma vaga. E, ainda assim, se a legenda alcançasse esse número, o candidato precisaria de, no mínimo,10% (2.912 votos) do Quociente Eleitoral para entrar na disputa.
Podemos usar o exemplo do vereador Bráulio Lara, com 2.216 votos, que faz parte do partido PRTB e não conseguiu coligações para disputar uma cadeira na Câmara de Vereadores.
A legenda obteve 21.151 votos válidos e não alcançou o mínimo que o quociente eleitoral indicava (QE = 29.121). Desse modo, não participou da disputa direta por cadeiras, sendo obrigada a aguardar a divisão das eventuais vagas que sobrariam.
A divisão de vagas para a Câmara de Vereadores ficou assim, por partidos e coligações:
- Para saber como funciona o sistema de eleições proporcionais, clique aqui.
Na tabela acima podemos perceber que das 41 vagas na Câmara de Vereadores, 27 foram preenchidas diretamente pelo cálculo de “QUOCIENTE ELEITORAL (QE) / QUOCIENTE PATIDÁRIO (QP) = VAGAS A PREENCHER”. As 14 cadeiras restantes precisaram ser divididas novamente entre os partidos e coligações com número de votos igual ou superior ao “QE”, mas, dessa vez, por meio do cálculo de média.
Alguns candidatos do bairro estavam em partidos que tiveram votos suficientes para disputar vagas na câmara, mas não eram os mais votados da legenda e não ultrapassaram a linha de corte de votos mínimos (10% do Quociente Eleitoral = 2.912 votos).
Esse é o caso de Paulo Gomide, que pertence ao PHS e com 1.780 votos não foi o candidato mais votado e nem atingiu o número mínimo para entrar na disputa. Apesar disso, seu partido conseguiu eleger quatro vereadores.
Outro candidato com votação expressiva foi Fred Papatella, do Partido Novo, que obteve 1.836 votos, mas não chegou até a linha de corte. Mesmo assim, o partido dele conseguiu eleger um vereador.
A quantidade de eleitores que emitem votos válidos no bairro (entre 13 e 14 mil dos 18 mil que são aptos) e a quantidade de candidatos na mesma região (17 para um bairro só) também propiciou que houvesse uma maior pulverização das intenções dos eleitores. Na tabela abaixo é possível perceber essa divisão:
Além disso, nenhum dos candidatos do bairro foi o mais votado em seu próprio partido. A disputa interna prejudicou alçarem melhores posições dentro da legenda – como é o caso dos candidatos Varlei Brasil, Marcelo Abreu e Paulo Gomide, que participam do PHS.
Outro fator a ser considerado é a campanha regionalizada e recortada apenas para o bairro. Muitos vereadores apostaram alto nos votos de vizinhança e depois perceberam que não foram suficientes.
Por fim, as eleições para vereadores de Belo Horizonte, deste ano, surpreenderam não somente os candidatos, mas também os eleitores. Houve a quebra de um recorde de votação com a vereadora Áurea Carolina e a renovação de mais da metade da Câmara, com 23 novos políticos.
Diante deste panorama e da evolução das abstenções e votos inválidos, os recém-eleitos vereadores de Belo Horizonte encontrarão uma tarefa diferente: apresentar ao eleitor belo-horizontino um novo perfil de representante que o satisfaça.
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