Região Oeste concentra vias com altos índices de acidente
Por William Araújo
De acordo com o recente Diagnóstico de Acidentes de Trânsito de Minas Gerais, publicado pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), em maio de 2016, as avenidas Amazonas, Tereza Cristina, Raja Gabáglia e o Anel Rodoviário, altura do bairro Olhos d’Água, são vias que apresentam números expressivos de acidentes letais ou graves em Belo Horizonte. Em relatório de 2013, divulgado pela BHtrans, a avenida Barão Homem de Melo ainda encorpava a estatística, mas conseguiu reduzir o índice de ocorrências e deixou de fazer parte da listagem.
O novo relatório compreende dados de janeiro de 2014 a dezembro de 2015 e divide os acidentes em duas categorias: acidentes com vítimas e acidentes sem vítimas.
A população de Belo Horizonte cresceu em torno de 1% desde de 2013, atingindo a marca de 2,5 milhões de habitantes, aproximadamente. Hoje, a frota de veículos da cidade chega ao número expressivo de 1.714.233 unidades, aumento de 8,45% em relação a 2013. Atualmente, existem quase sete veículos para cada dez habitantes na cidade.
Regional Oeste
Das 15 vias de atenção em Belo Horizonte, detectadas em 2015, quatro estão localizadas na regional oeste: avenidas Amazonas, Tereza Cristina, Raja Gabáglia e o Anel Rodoviário, altura do bairro Olhos d’Água.
Todas juntas foram responsáveis por 23% das mortes no trânsito de Belo Horizonte (33 óbitos), em 2015, e 13,39% dos acidentes considerados graves (154 ocorrências das 1.150).
Veja no mapa a localização das vias dentro da regional oeste:
As causas presumidas dos acidentes de trânsito são, em totalidade para o estado, falta de atenção, velocidade incompatível, derrapagem, contramão de direção, defeito no veículo, dormir ao volante, linha com cerol, dirigir alcoolizado, desrespeito à sinalização de trânsito, ultrapassagem forçada, animal na pista. Todas podem ser enquadradas em três comportamentos classificados pelos Centros de Formação de Condutores (CFCs – Autoescolas) como “Triângulo do Acidente”.
Contudo, as vias também contribuem para o aumento das estatísticas de acidentes. Má iluminação, conservação e visibilidade são características que também propiciam colisões.
Buritis, Estoril e região
Das vias presentes nos bairros Buritis, Estoril e região, além das citadas entre as 15 mais perigosas de Belo Horizonte, são consideradas troncos principais as avenidas Professor Mário Werneck, Raja Gabáglia e Barão Homem de Melo. Porém, destas, a única avenida presente no rol de pistas de atenção é a Raja Gabáglia.
No último relatório da BHtrans, referente a 2014, a avenida Barão Homem de Melo aparecia como umas das vias mais arriscadas da cidade, mas desde esse período, até agora, com a publicação do novo diagnóstico da Seds, a via diminuiu o índice e não é mais relatada na lista.
Avenida Professor Mário Werneck
Apesar de não ser citada como perigosa, a avenida Professor Mário Werneck apresenta vários fatores que contribuem para acidentes:
- – A via é estreita e possui apenas duas faixas em cada sentido;
- – Diversos pontos de afunilamento;
- – Muitas vias de acesso a bairros distintos fazem cruzamento (interseção) com a avenida;
- – Intenso fluxo de veículos em favor dos comércios e campi universitários;
- – Intenso fluxo de transeuntes em função das diversas lojas e shoppings;
- – Visibilidade afetada pelo canteiro central (placas de publicidade, arbustos, árvores);
- – Curvas em declives e aclives acentuados;
- – Pinturas demarcadoras de faixas desaparecendo;
- – Asfalto danificado, como em frente ao parque Aggeo Pio Sobrinho.
Para cruzar a avenida, de um lote lindeiro a outro, o motorista precisará redobrar a atenção, pois a visibilidade é quase nula em alguns pontos. Um exemplo é a ligação entre as ruas Cônsul Walter e Dr. Célio Andrade, em que o mato e as placas do canteiro central impedem o condutor de avistar o veículo que desce ou sobe na contramão.
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A avenida registrou, em 2015, o total de 261 ocorrências de trânsito, sendo 230 sem vítimas e 31 com vítimas. No ano de 2016, esse número regrediu de janeiro a março em aproximadamente 30%.
Avenida Barão Homem de Melo
A via é o principal tronco de ligação entre o bairro Padre Eustáquio (regional Noroeste), bairro Calafate e o bairro Buritis. Mas também apresenta problemas inerentes à sua estrutura:
- – A avenida é estreita e possui na maior parte de sua extensão apenas duas faixas em cada sentido;
- – Tem inúmeras áreas de estacionamento rotativo (o que afunila e ajuda a congestionar o trânsito);
- – Faz interseção com as avenidas Amazonas e Tereza Cristina, duas das mais perigosas e de maior tráfego da cidade;
- – Fluxo intenso de ônibus.
Os ônibus precisam desembarcar e embarcar passageiros, mas a quantidade de veículos estacionados por toda via, impossibilitando a entrada na área de embarque e desembarque, culmina na ocupação da pista de rolamento pelo veículo. Enquanto o ônibus faz a parada, veículos menores mudam constantemente de faixa, atrapalhando o andamento e incorrendo no risco de abalroamentos e colisões laterais.
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A via apresentou, em 2015, 327 ocorrências, sendo 256 sem vítimas e 71 com vítimas. Entre janeiro e março de 2016, foram registradas 77 ocorrências, uma a menos em comparação com 2015, no mesmo período.
Avenida Raja Gabáglia
A pista faz a divisão entre a regional Centro-Sul e Oeste. Serve de alternativa para ligação do centro da cidade à rodovia para Nova Lima. Perpassa alguns aglomerados e é uma das mais longas da regional oeste. Contudo, apresenta diversos problemas que podem gerar acidentes:
- – A avenida oferece em 95% de sua pista apenas duas condições, aclive ou declive, ambos com curvas;
- – É estreita e possui áreas de estacionamentos em quase toda sua extensão;
- – O fluxo de veículos que saem para Nova Lima e chegam a Belo Horizonte é intenso;
- – Faz interseção com outras duas grandes avenidas, a Contorno e Barão Homem de Melo.
De acordo com Gilvan Marçal, da assessoria de comunicação e marketing da BHtrans, um dos motivos do alto índice de acidentes na via são as casas noturnas:
A BHTRANS informa que há vias de acesso à região sul, Raja e Senhora do Carmo, possuem índices de excesso de velocidade e ocasionais acidentes noturnos. Isso ocorre em função das casas noturnas na região sul e a combinação que pode ser trágica de bebida e direção.
Não obstante, ambas as vias possuem diversos equipamentos de fiscalização eletrônica, como excesso de velocidade, que funcionam 24 horas por dia. Isso vem ajudando a minimizar as situações de acidentes na região.
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Em 2015, a via registrou 390 ocorrências de trânsito, sendo 331 sem vítimas e 59 com vítimas (três fatais, 11 graves ou inconscientes e 45 lesionadas). Em 2016, entre o período de janeiro e março, foram computados 95 acidentes, 7,95% a mais que em 2015 no mesmo momento.
Minas Gerais: entenda o contexto
Minas Gerais compreende a maior malha viária do Brasil, distribuída entre rodovias e vias urbanas. Dessas rodovias, quatro fazem integração entre as maiores cidades do país – todas de âmbito federal. São elas:
- – BR 381 (Fernão Dias) – Liga Belo Horizonte à cidade de São Paulo
- – BR 040 – Liga Brasília a Belo Horizonte, e Belo Horizonte ao Rio de Janeiro
- – BR 262 – Liga o Triângulo Mineiro a Belo Horizonte, e Belo Horizonte à Vitória (ES)
- – BR 356 – Liga Belo Horizonte ao norte do Rio de Janeiro
O Anel Rodoviário é o entroncamento de três dessas quatro rodovias, quando chegam em Belo Horizonte: BR 381, BR 040 e BR 262. Como elas convergem dentro da cidade e se unem em uma mesma via, o fluxo de veículos aumenta e juntamente, o risco de acidentes.
Segundo o novo relatório do Seds, no ano de 2014, houve 295.965 acidentes no estado de Minas Gerais. No ano de 2015, aconteceram 275.944 ocorrências, resultando em uma queda de 7,25%.
Desses acidentes, 34,07% desencadearam vítimas letais, lesionadas, graves ou inconscientes, enquanto 65,93% não vitimaram. Ainda, de acordo com o relatório, as Vias Urbanas (internas a municípios) foram responsáveis por 221.672 (80,33%) casos no ano de 2015. As Rodovias, vias de alta velocidade e que ultrapassam os limites de um município, abarcaram 36.166 (13,10%) incidências.
Outros locais, não enquadrados em nenhuma das características dispostas pelo código de trânsito, tiveram 18.106 (6,56%) acidentes.
O órgão público que mais atendeu ocorrências foi a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), que registrou 77,56% das incidências, enquanto a Delegacia Virtual (Site Delegacia Virtual) recebeu 15,19% e a Polícia Civil de Minas Gerais, 7,25%.
Até 2015, Minas Gerais possuía uma frota com 9.877.798 veículos, dos quais 55,09% são automóveis, 23,37% são motocicletas (veja os demais valores na tabela abaixo). Belo Horizonte significa 17,35% dessa frota.
O risco das motos
Apesar de existirem no estado menos motocicletas que automóveis, seus condutores foram os mais afetados nas ocorrências de trânsito. Os acidentes com motocicletas geraram 748 óbitos e 7.071 vítimas gravemente lesionadas – 48,31% de todos acidentes graves em Minas Gerais, ano passado.
A cada dez ocorrências envolvendo motocicletas, um motociclista, no mínimo, faleceu. Somando todos os veículos, foram 2.251 mortes, resultantes de 2.041 acidentes no ano passado.
A cada 35 minutos ocorre um acidente com vítima grave ou fatal em toda Minas Gerais.
O perfil de vítimas letais ou graves, em Minas Gerais, do início de 2014 ao fim de 2015, acusou maior intensidade entre as faixas etárias de 18 a 24 e 35 a 59 anos de idade. Além disso, o relatório indicou que o sexo que mais apresenta indivíduos envolvidos em acidentes continua sendo o masculino. Aproximadamente, para cada duas mulheres envolvidas em acidentes, oito homens participaram de incidentes.
Horários de concentração
Os horários tidos como mais perigosos nas vias de Minas Gerais estão contidos entre meio-dia e meia-noite, principalmente nas tardes dos finais de semana. Sábado e domingo somaram 38,41% de todos acidentes com vítimas fatais, graves ou inconscientes, de janeiro de 2014 a dezembro de 2015.
O mês de maio foi o que apresentou (e apresenta repetidas vezes) maior número de acidentes e vítimas do trânsito. Não coincidentemente, o mês é contemplado com a campanha educativa de conscientização do trânsito “Maio Amarelo”. O Interesse do movimento é sensibilizar as pessoas para um trânsito mais humano, expressando essa atitude com o uso de um fitilho amarelo como representação.
BELO HORIZONTE
A Região Integrada de Segurança Pública (RISP 1), responsável por atender a zona metropolitana de Belo Horizonte, relata que a cidade registrou, em 2014, 77.302 acidentes. Em 2015, houve um decréscimo de 3,5%, sendo minutadas 74.593 ocorrências (aproximadamente 27% em relação às ocorridas em Minas Gerais).
Distribuindo os resultados pelos meses de 2015, agosto se destacou, abarcando 6.723 casos, seguido por março (6657) e maio (6588). O mês com menor índice de acidentes foi janeiro, com 5380 ocorrências.
Comparando a informação com dados atualizados do ano de 2016, de janeiro a abril, os relatórios demonstram a diminuição no índice de ocorrências. Nos quatro primeiros meses desse ano, foram registrados, em Belo Horizonte, 21.875 acidentes, número inferior em 7,47% ao computado no mesmo período do ano passado.
Mesmo assim, o número de casos continua elevado. Até agora, de janeiro a abril, aconteceram, na cidade, 18.101 acidentes sem vítimas e 3.774 com vítimas.
Segundo a BHtrans, no último relatório divulgado, de 2014, os horários críticos de acidentes na cidade estão entre 7h e 9h da manhã, 12h às 14h, e 18h às 20h. Os momentos de menor intensidade do trânsito e menor índice de acidentes estão situados de 00h às 7h.
Em 2015, das 18 zonas Risps de Minas Gerais, Belo Horizonte ocupou o primeiro lugar na ordem de acidentes registrados. No entanto, teve menos óbitos oriundos do trânsito (143 casos) do que as cidades de Juiz de Fora (165 casos), Ipatinga (172 casos) e Montes Claros (186 casos).
Destas 143 mortes derivadas do trânsito em Belo Horizonte, 15 vias se destacam como as principais responsáveis pelas letalidades. Dentre elas, o Anel Rodoviário continua sendo o vilão de ocorrências graves. Veja na tabela e mapa abaixo as vias de atenção.
Por fim, o Diagnóstico de Acidentes de Trânsito em Minas Gerais, divulgado pela Seds, para os anos de 2014 e 2015, serve como indicador principal da diminuição gradativa da quantidade de ocorrências de trânsito no estado. Percebe-se que os resultados são promissores, mas não ideais.
A Seds salienta que apesar de haver uma grande rede para levantamento de informações e criação de estatísticas, o próprio cidadão, afetado pelo trânsito, é o subsidiador direto da qualidade dos relatórios que servirão à posteridade como base para novos estudos e melhorias.
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